O Ídolo da novidade e a fome do sagrado

Diário de um Católico na Contrarrevolução – Parte 12
Vivemos num tempo em que a Igreja parece sofrer de um vício
moderno: o culto da novidade. A cada assembleia, sínodo, documento pastoral ou
simpósio, a palavra de ordem é novo: novo paradigma, nova linguagem,
novo caminho, nova liturgia, nova moral. Mas, como já advertira Santo Atanásio,
“a novidade não é da Igreja, pois a fé foi entregue de uma vez por todas aos
santos” (cf. Jd 1,3). O que deveria ser transmissão fiel do depósito tornou-se
laboratório de experimentos. E, no processo, o sagrado — essa centelha que
sustenta os mártires, consola os penitentes e forma santos — vai sendo relegado
ao rodapé.
Quem entra em muitas paróquias hoje encontra um cenário
curioso: altares de concreto parecendo palcos, microfones a todo volume,
ministros multiplicados como funcionários de uma empresa e um coro que mais
lembra banda de casamento. O espaço que outrora respirava o silêncio de Deus
agora ecoa slogans: “comunidade”, “participação”, “celebração da vida”. Faltou
apenas acrescentar “patrocínio da ONU”.
A Missa no Rito Romano Antigo (Tridentina) — lex orandi que forjou séculos de
fé, sustentou a Idade Média e inspirou santos como Teresa de Ávila, João
Vianney e Padre Pio — é tratada como se fosse contrabando. É racionada com
decretos frios e justificativas burocráticas. Enquanto isso, experimentos
litúrgicos, danças tribais e homilias que parecem editoriais da Folha de
S.Paulo circulam sem freio. É a inversão perfeita: o eterno é censurado; o
passageiro é exaltado.
O modernismo, que São Pio X chamou de “síntese de todas as
heresias”, age assim: relativiza a verdade em nome da experiência, substitui
dogma por diálogo, sacrifício por celebração horizontal. Hoje vemos isso na
ênfase exagerada em “escuta” — como se Cristo tivesse enviado os apóstolos ao
mundo para montar grupos de partilha e não para batizar em Nome do Pai, do
Filho e do Espírito Santo.
Querem transformar a Igreja em ONG humanitária, onde a
liturgia vira “performance comunitária” e a moral católica é “flexibilizada”
para não ferir sensibilidades modernas. Mas não foi isso que salvou os mártires
do Coliseu nem o Japão cristão na clandestinidade. Eles não morreram por uma
“mesa compartilhada” ou por “valores comuns”. Morreram por um Altar, por um
Sacrifício, por uma Verdade que não muda.
Exemplos Concretos
Conclusão
O culto da novidade gera uma Igreja cansada, sem raízes, que
tenta seduzir o mundo e termina ridicularizada por ele. Mas a fome do sagrado
permanece. Famílias inteiras viajam quilômetros para encontrar uma Missa
Tridentina. Jovens descobrem o latim como língua de oração, não de museu.
Vocacionados surgem justamente nos mosteiros e comunidades que guardam a
Tradição com reverência.
O modernismo promete relevância, mas entrega vazio. A
Tradição promete Cruz, mas dá santidade. A escolha está posta. Não precisamos
de “anéis decodificadores” para entender Cristo: precisamos de padres que falem
como os apóstolos, sem medo, sem floreio.
O caminho da contrarrevolução não é inventar uma Igreja
melhor adaptada ao mundo, mas viver a Igreja de sempre, que já venceu impérios,
perseguições e heresias. Como dizia São Vicente de Lérins: “Na própria
Igreja Católica, devemos cuidar com o máximo empenho de nos mantermos firmes
naquilo que em toda parte, sempre e por todos foi acreditado.”
A novidade passa. O sagrado permanece. E é nele que está a
nossa vitória.
Por um Católico consciente e atento ao cenário eclesial atual do Brasil e do Mundo.