Nos Últimos Dias: A Contradição que Rasga a Igreja

Diário de um Católico na Contrarrevolução – Parte 13

A cada manhã, quando o sino dobra chamando para a Missa, meu coração se enche de esperança. Mas, ao mesmo tempo, sinto o peso de viver nestes tempos confusos, em que a barca de Pedro parece navegar entre neblinas espessas. Não é novidade que a Igreja passa por provações; os Evangelhos e a História sempre nos lembraram disso. O que dói é ver como, nesses últimos dias, tantas chamas parecem apagar-se, não por falta de vento contrário, mas por mãos que deveriam guardá-las e preferem soprar em sentido oposto.

O espetáculo da modernidade infiltrada

Nos últimos dias, vimos padres transformarem o altar em palco e a liturgia em show. Vimos bispos mais preocupados em agradar manchetes do que em guardar o depósito da fé. Vimos congressos e assembleias intermináveis, cheios de discursos ocos, mas tão avaros em citar a Sagrada Escritura e os santos. Parece que o modernismo, condenado por São Pio X como a “síntese de todas as heresias”, não é mais visto como inimigo, mas como convidado de honra — vestido com as roupas do diálogo a qualquer custo.

E a consequência? Um povo faminto de Deus, mas alimentado apenas com migalhas de sociologia e slogans reciclados. Onde antes se falava em santidade, agora se repete “inclusão”. Onde antes se pregava penitência, agora se distribui autoajuda. Parece bonito, mas não converte, não redime, não salva.

O contraste da Tradição viva

Ao mesmo tempo, nos últimos dias também vimos jovens descobrirem a Missa no Rito Romano Antigo (Tridentina) como quem encontra uma fonte escondida no deserto. Vi rapazes de calça rasgada e meninas de tênis simples emocionarem-se diante do latim, do silêncio e da beleza do rito que atravessou séculos e formou santos. Eles saem dali transformados, porque não receberam palavras humanas, mas foram tocados pelo Céu que desce na forma mais humilde e sublime: o Sacrifício do Calvário renovado.

Enquanto alguns dizem que o “povo não entende o latim”, o povo entende perfeitamente quando é tratado com reverência e não como plateia. Os santos nunca pediram uma liturgia “mais fácil”, pediram santidade e profundidade. Santa Teresa de Jesus não precisou de adaptações culturais para entender o mistério; precisou apenas de fé ardente e de um padre fiel.

Exemplos que gritam mais alto que relatórios

Nos últimos dias, vimos comunidades “modernizadas” vazias, templos enormes, mas desertos, corais que parecem karaokês e fiéis distraídos olhando para o relógio. Ao mesmo tempo, vimos capelas pequenas, quase escondidas, onde a Tradição floresce discretamente, atraindo famílias inteiras, vocações sacerdotais e uma piedade real. O contraste é cruel e evidente.

É curioso: dizem que o “mundo mudou” e que precisamos de uma “Igreja nova”. Mas o que de fato atrai os corações cansados da pós-modernidade não é a Igreja que imita o mundo, mas a Igreja que aponta para o eterno. A Igreja do espetáculo morre de aplausos; a Igreja do Sacrifício vive da Cruz.

Conclusão: esperança na tempestade

Nos últimos dias, vimos tudo isso. Vimos a crise, a confusão, a tibieza. Mas vimos também sementes de renascimento, pequenas centelhas que, como no tempo de Elias, mostram que Deus sempre guarda um “resto fiel” que não dobrou os joelhos a Baal.

E aqui está a nossa missão na contrarrevolução: não desistir, não ceder ao cansaço, não confundir obediência com servilismo ao erro. Amar a Igreja, sim; sofrer por ela, sim; mas sobretudo guardar a fé, mesmo que pareça que tudo ao redor se desmorona.

Nos últimos dias, vimos que a batalha continua. E, ainda que a fumaça cubra o horizonte, sabemos: o sol da justiça não se apaga, porque Cristo é a luz que nenhuma sombra pode vencer.

Por um Católico consciente e atento ao cenário eclesial do Brasil e do Mundo.