Levanta, Elias: um cântico para o profeta cansado
Elias estava cansado. Não era só o peso do corpo que doía, era a alma exausta, esmagada pelas lutas, pelas perseguições, pelas noites em que parecia lutar sozinho contra um mundo inteiro entregue aos ídolos. No coração dele ecoava um pedido que é também o grito de muitos de nós: “Basta, Senhor! Não aguento mais.”
É aí que a música começa a cutucar: “Levanta, Elias,
levanta, é hora de caminhar; levanta, Elias, levanta, é hora de evangelizar.”
Não é só com o profeta. É comigo, é contigo. Porque Deus não
se deixa vencer pela nossa fraqueza. Ele nos chama, nos sacode, nos põe de pé.
A vida espiritual não é um spa, é uma estrada. E estrada não se percorre
deitado.
O cântico lembra que Deus não estava no fogo nem no furacão,
mas na brisa suave. Isso é teologia em estado puro: o Altíssimo não compete em
barulho com os falsos deuses. Ele não se exibe em espetáculo. Ele se revela no
silêncio, na simplicidade, naquilo que quase passa despercebido. Elias aprendeu
isso no Horeb, e nós precisamos aprender também, na correria do dia a dia.
Depois vem a viúva pobre, chorando com seu filho prestes a
morrer. O Deus de Elias não é abstrato: Ele se inclina sobre a dor concreta,
sobre a fome, sobre a lágrima escondida. A fé não é teatro de palavras bonitas,
é vida que se compromete, é mesa partilhada. Evangelizar é levar pão e também
levar esperança.
E lá está a nuvenzinha pequena, aquela que brota no
horizonte quando tudo parece árido. Quantas vezes a gente olha pra vida e só vê
deserto? Mas no olhar de Elias, a pequena nuvem já era anúncio de chuva
abundante. É o olhar do profeta: enxerga futuro onde os outros só veem
fracasso. É também o olhar mariano: a pequena nuvem que gera o Cristo,
esperança para o povo inteiro.
“Levanta, Elias.” É refrão, mas também é ordem. É convite,
mas também é missão. Levantar é acreditar que ainda há caminho, que Deus não
nos abandonou, que a brisa suave continua soprando mesmo quando tudo parece
ruir. Levantar é se pôr ao lado do povo cansado, ferido, sem esperança, e
apontar para o horizonte: “Olhem, ali vem a nuvenzinha do Senhor!”
No fundo, a música não é só sobre Elias. É sobre nós. Somos
chamados a ser profetas no Carmelo da vida, no deserto do mundo, na fadiga dos
dias. Profetas que não param, que não desistem, que sabem reconhecer Deus não
nas grandes manchetes, mas no silêncio do coração.
Levanta, Elias. Levantemos todos. Porque a missão não
acabou.
Por seu Irmão Carmelita Secular da Antiga Observância B.
🎵 Levanta Elias (1Reis 19, 1-18)
Música e Letra: Frei José Petrônio de Miranda, O.Carm.
1Rs 19: Deus fala na brisa suave. Levanta e caminha.
Levanta Elias. (1º Reis, 19, 1-18)
Letra e Música: Frei José Petrônio de Miranda, O.Carm.
Levanta Elias, levanta, é hora de caminhar. / Levanta Elias
levanta, é hora de Evangelizar. (bis)
1. No fogo e no furacão, o Senhor aí não está. Na brisa
suave Elias, Ele sempre, sempre vai passar. Elias do fogo e da espada, contigo
vamos caminhar. Com os olhos de misericórdia, O Senhor vem abençoar.
2. Não basta falar do sagrado, é preciso sempre acreditar.
Nas noites escuras da vida, O Senhor vem iluminar. No Monte Carmelo lutastes, O
Senhor fostes defender. Agora Elias na dor, Ele vem, vem te Proteger.
3. Na pobre viúva chorando, com fome e seu filho a morrer. O
Deus do Profeta Elias, vai logo, logo socorrer. No encontro da brisa suave,
buscastes forças pra andar. Ensina-nos ó Santo Elias, na vida peregrinar.
4. Olhando o povo que sofre, sem ter esperança e valor.
Mostrai-nos ó Profeta Elias, a nuvenzinha do Senhor. Profetas e Profetisas,
souberam Evangelizar. No Monte Carmelo Elias, o Cristo vamos encontrar.