Regra do Carmo: uma longa gestação



No artigo anterior, refletíamos um pouco sobre a importância da Regra do Carmo a nós Carmelitas Terceiros e aos demais, que compõe a imensa Família Carmelitana. Hoje, iremos debruçar no tema, que nos faz entender um pouco a História da Ordem e o longo percurso da Regra do Carmo e dos Carmelitas, no seus 40 anos, assim considerado por sua História.

A formação da Regra do Carmo, é considerado também, a formação do grupo fundador dos carmelitas. Sabe-se que o texto da Regra, nasceu e foi escrito em 1207, por Alberto, sendo uma simples forma de vida (Rc 3) ou forma de conduta (Rc 24) conforme nos atesta a mesma Regra. Após quarenta anos, em 1247 a regra é oficialmente aprovada pela Igreja como Regra da Ordem do Carmo. Dessa forma, o texto cresceu, juntamente com o grupo que nele se inspirava. Houve mudanças introduzidas ao longo destes quarenta anos, isso reflete as adaptações, que passaram os primeiros carmelitas, até serem constituídos como uma Ordem organizada, reconhecida e aprovada pela Igreja.

De acordo com Mesters (2013)[1], historicamente, sabe-se pouco o que aconteceu durante os quarenta anos. Se tem apenas uma única informação segura, que são as cartas de alguns Papas aos primeiros carmelitas. Estas são provas históricas que nos iluminam e revelam aspectos e os problemas enfrentados na vida dos primeiros carmelitas. Aqui destacamos algumas destas principais cartas e datas históricas:

1207: Alberto escreve a forma de vida;

1226: Honório III disse: “É norma válida para todos”!

1229: Gregório IX disse: “Vocês não podem ter propriedade”!

1238: Os carmelitas voltam para a Europa.

1246: Inocêncio IV disse: “Bispos! Aceitem os carmelitas”!

1246: Primeiro Capítulo Geral dos carmelitas.

1247: Inocêncio IV aprova a Forma de Vida como Regra da Ordem do Carmo.

Os Frades Dominicanos Hugo e Guilherme, sugeriram pequenas mudanças que introduziram textos para permitir aos Primeiros Carmelitas que pudessem continuar a viverem o antigo ideal de eremitas na nova situação que encontravam na Europa.


O texto original escrito em 1207, por Santo Alberto foi destruído por ordem do Papa. Dele não se tem mais o teor exato, tem apenas uma construção provável. O único texto válido é o do Papa Inocêncio IV, de 01-10-1247, que até os dias atuais, é a fonte de inspiração e Regra de Vida para todos os Carmelitas, que vivem na Primeira, Segunda e Terceira Ordem. É inspiração, também as demais Congregações, Institutos, Associações e Confrarias que estão agregados à Ordem do Carmo, inclusive pela “Reforma Teresiana”.


Interessante destacarmos, que foi vontade de Santa Teresa de Jesus em iniciar a Reforma do Carmelo, conhecida como “Reforma Teresiana” de observar este mesmo texto aprovado por Inocêncio IV. Onde, Santa Teresa, diz no seu livro da Vida: “Guardamos a Regra de Nossa Senhora do Carmo, sem mitigação, tal como a redigiu o Frei Hugo, Cardeal de Santa Sabina, em 1247, no quinto ano do Pontificado do Papa Inocêncio IV”. (Vida, 36, 26).


Nos próximos artigos, iremos aprofundar cada texto da mesma Regra aprovada pelo Papa Inocêncio IV de 1247, que servirá como base para nossos comentários sob a ótica de Mesters (2013).

Ir. Alan Lucas de Lima, OTC

Continuamos no próximo texto. Espero que gostem e me acompanhem! 


[1] MESTERS, Frei Carlos. Ao Redor da Fonte: Um comentário da Regra do Carmo. Belo Horizonte: Província Carmelitana Santo Elias, 2013.