O sorriso do Novo Humanismo


Diário de um Católico na Contrarrevolução – Parte 15

A cortina de fumaça

Eles sorriem muito. Nas conferências, nas entrevistas, nos sínodos “abertos ao diálogo”, o sorriso é o novo incenso. O perfume do consenso. Atrás dele, escondem-se as palavras que já não ousam pronunciar: pecado, inferno, penitência. Tudo isso cheira a mofo para a Igreja “em saída”. O novo credo é mais simples: “Seja gentil.” Mas o diabo também é gentil quando quer.

O modernismo de hoje não usa togas nem teorias – usa hashtags. Fala de “inclusão”, “escuta”, “discernimento”. A velha heresia aprendeu comunicação visual. O que antes era tese teológica, agora é estética pastoral. Eles não pregam contra o dogma – apenas o tornam irrelevante.

O altar do sentimentalismo

Nas missas televisionadas, o sagrado é substituído pelo espontâneo. Um padre com microfone sem fio e sorriso de apresentador fala de “celebrar a vida”, enquanto o altar virou palco.

O turíbulo jaz esquecido, mas o aplauso é abundante. Tudo é emoção — nada é adoração.

A Missa no Rito Romano Antigo (Tridentina), por outro lado, é o escândalo dos tempos modernos. Demasiado silenciosa para os tagarelas. Demasiado vertical para os horizontais. Demasiado divina para os terapeutas do sentimento.

Nela, o padre não é mestre de cerimônias — é vítima com o Cordeiro. Não “conduz a comunidade”, mas sobe ao Gólgota.

E é por isso que tentam abafá-la: porque ela lembra o que foi esquecido — que a Missa é sacrifício, não festa; reparação, não expressão comunitária.

Os apóstolos do equilíbrio

Sempre que alguém levanta a voz contra a confusão, surge o coro previsível dos “moderados”:

“Não sejamos radicais.”
“É preciso ver o contexto.”
“Não julguemos o Santo Padre.”

Mas quando o erro se veste de piedade, o silêncio já é cumplicidade. Os santos não foram equilibrados — foram inflamados.

São Pio X, mártir da verdade contra o modernismo, advertiu que “o inimigo está dentro da própria Igreja”. Ele não escreveu isso para ganhar curtidas, mas para salvar almas. Hoje, se alguém repete suas palavras, é acusado de “rigidez farisaica”. É curioso: o fariseu moderno é aquele que ainda acredita no Credo literal.

Os “papas explicadores” de hoje fazem o papel dos anestesistas da fé. Cada ambiguidade papal é uma oportunidade de “contextualizar”. Cada escândalo é “mal interpretado”. Eles não defendem a Igreja — defendem a narrativa. A fidelidade, para eles, é técnica de relações públicas.

O novo culto

Há um novo altar nas praças de São Pedro e nas dioceses do mundo: o altar do mundo. Lá, o homem celebra o homem. A “salvação ecológica” substitui a Redenção. O “acolhimento universal” substitui a conversão.

O “progresso sustentável” substitui a santidade.

Chamam isso de “nova evangelização”. Mas é velha idolatria com vocabulário técnico. O Cristo crucificado é substituído pelo Cristo simbólico, que sorri para todos e julga ninguém — uma caricatura inofensiva do Verbo Encarnado.

Enquanto isso, os fiéis que ainda dobram o joelho diante do Santíssimo são tratados como supersticiosos. Mas os santos sabiam o que nós esquecemos: a fé não é diálogo, é adesão; não é performance, é obediência.

O despertar

Ainda assim, algo se move. Entre o barulho das conferências e o zumbido das explicações, há mosteiros que resistem. Há jovens que descobrem o latim e se ajoelham com lágrimas. Há famílias que redescobrem o Rosário e a doutrina, e percebem que a Tradição não é peso — é raiz.

O modernismo prometeu liberdade e entregou confusão. Mas a verdade é paciente. Ela não precisa de likes, nem de aplausos. Só de almas dispostas a morrer por ela.

Conclusão: o fogo sob as cinzas

Não há revolução que dure contra o sangue dos mártires. O sorriso do novo humanismo pode encantar por um tempo, mas é feito de vapor. Quando o vento da graça sopra, a névoa some, e o Cristo verdadeiro ressurge — o Cristo do Calvário, não do marketing pastoral.

A contrarrevolução começa no coração. Na decisão simples e heroica de dizer: não à confusão e sim à Cruz. Enquanto houver um altar voltado para o Oriente e um fiel ajoelhado diante do Santíssimo, a Igreja não morreu. Ela apenas espera — como o Cristo no túmulo — pela aurora da restauração.

Por um Católico consciente e atento ao cenário eclesial do Brasil e do Mundo.