O Silêncio do Coração e o Barulho do Mundo


Diário de um Católico na Contrarrevolução — Parte 25

O ruído que quer calar o Verbo

Há um tipo de ruído que não vem das ruas, mas dos altares. Um barulho que não é som, é confusão. Um murmúrio constante que invade a alma do católico fiel e tenta convencê-lo de que o Evangelho precisa ser “revisado”, que a Missa precisa ser “atualizada”, e que a Tradição é um peso do qual deveríamos nos libertar.

Mas o católico que vive na Contrarrevolução sabe: o que chamam de “atualização” é apenas uma forma elegante de esquecimento. Esquecimento da cruz, do sacrifício, da adoração silenciosa que sustentou santos e mártires. O modernismo, com sua voz doce e falsa, sempre promete uma Igreja mais próxima do homem — e sempre termina afastando o homem de Deus.

O altar virou palco

Entro em muitas igrejas hoje e não sei se estou num templo ou num auditório. O altar virou palco, o presbitério virou passarela, e a liturgia — antes um vislumbre do Céu — tornou-se um espelho da assembleia.

Onde antes havia o odor do incenso, há o eco do microfone. Onde antes se ajoelhava em silêncio diante do Santíssimo, hoje se aplaude o coral. O fiel é convidado a “participar”, mas no fundo é distraído. Participar não é agitar as mãos; é unir o coração ao Sacrifício do Calvário.

E então me lembro de São Pio X, que via na música sacra um escudo contra a profanação, e de São João Maria Vianney, que passava horas diante do tabernáculo, como quem entende que o maior sermão é o silêncio que adora.

As ruínas douradas da “Igreja sinodal”

A palavra da moda é “sinodalidade”. Prometem escuta, diálogo, inclusão — três palavras que soam belas até você perceber que são usadas como martelo contra a fé.

A “Igreja sinodal” quer ser uma família democrática, mas esquece que o Corpo de Cristo não se governa por assembleia. Os santos não votavam para decidir se o pecado ainda era pecado.

Enquanto isso, padres fiéis à Missa de sempre são tratados como estrangeiros em sua própria casa, e o clero que abusa da moral e da doutrina ganha palanque e aplauso. A inversão é tão clara que chega a ser pedagógica: os que guardam o depósito da fé são “divisores”; os que o corrompem são “pastorais”.

O modernismo é um parasita. Alimenta-se da estrutura da Igreja enquanto tenta dissolver-lhe a alma. É a torre de Babel travestida de Pentecostes.

Exemplos que doem, mas ensinam

Veja o caso dos mosteiros que mantêm a liturgia tradicional: florescem vocações, disciplina, silêncio, vida comunitária. Agora olhe para certas dioceses “modernizadas”: seminários vazios, confissões rarefeitas, liturgias grotescas.

É como comparar um jardim cultivado com um estacionamento. O primeiro exige cuidado, o segundo apenas abandono.

Não é difícil perceber onde o Espírito sopra — mas é preciso coragem para admiti-lo.

São Bento reformou o mundo com silêncio, não com comunicados de imprensa. Santa Teresa d’Ávila renovou a Igreja ajoelhada, não em plenário. A contrarrevolução começa no coração que volta a adorar.

O caminho do remanescente

Sim, o remanescente é pequeno. Sim, ele é zombado, marginalizado, e às vezes até traído por seus próprios pastores. Mas é dele que Deus sempre recomeça.

Quando a Cristandade parecia morta, Francisco de Assis apareceu com o Evangelho puro. Quando o paganismo moderno tentou dissolver a fé, Nossa Senhora apareceu em Fátima, chamando ao rosário e à penitência.

Hoje, o remanescente está nas capelas onde o latim ainda ecoa, nas famílias que rezam o terço de joelhos, nos jovens que trocam o barulho dos festivais religiosos pela Missa Tridentina.

Eles são os loucos do tempo presente — e os santos do tempo futuro.

Conclusão: o silêncio que vence o barulho

O mundo fala demais e escuta de menos. Mas Deus fala no silêncio. O católico da Contrarrevolução aprende a ouvir novamente — o murmúrio do rosário, o sussurro do latim, o silêncio da adoração.

O barulho do mundo passará, como passaram tantos impérios e modas. O Verbo permanece.

E enquanto os templos modernos se esvaziam, uma chama discreta continua acesa: a da fé antiga, pura, inquebrantável.

É ali que está a verdadeira renovação. Não nas reuniões de pastoral, mas no altar do sacrifício eterno.

O futuro da Igreja não pertence aos que reinventam a cruz, mas aos que a carregam.

E, como sempre, o último a falar será o Cordeiro — e Ele não precisa de microfone.

Por um Católico consciente e atento ao cenário eclesial do Brasil e do Mundo.