Uma noite com Teresa: o livro que mudou a vida de Edith Stein

No verão de 1921, Edith Stein — filósofa brilhante, judia de nascimento e até então afastada de qualquer fé — encontrava-se hospedada na casa de seus amigos Theodor e Hedwig Conrad-Martius. Numa tarde, sozinha na casa, pegou na biblioteca um livro que mudaria sua vida: O Livro da Vida de Santa Teresa de Jesus. Ela o abriu… e não o fechou até terminá-lo ao amanhecer.
Naquelas páginas, Edith sentiu que não estava lendo a
história de outra pessoa, mas a sua própria. As lutas interiores de Teresa, sua
busca incansável pela verdade, a experiência do amor de Deus em meio a
fragilidades e resistências… tudo lhe era estranhamente familiar. Cada capítulo
era um espelho onde reconhecia seus anseios mais profundos e suas vacilações
mais íntimas. E, ao chegar à última página, pronunciou a frase que marcaria seu
destino: «Esta é a verdade».
Aquele instante não foi apenas uma compreensão intelectual,
mas uma graça que tocou todo o seu ser. Durante anos, havia buscado a verdade
na filosofia, na ciência e na observação de vidas exemplares, mas agora a
encontrava encarnada numa mulher que, séculos antes, havia feito de Cristo o
seu tudo. O testemunho de Teresa não apenas iluminou sua mente, mas incendiou
seu coração.
Poucos meses depois, em 1º de janeiro de 1922, Edith foi
batizada na Igreja Católica, tomando o nome Teresa em honra à Santa de Ávila.
Anos mais tarde, entraria no Carmelo e selaria sua vida com o nome pelo qual
hoje é venerada: Santa Teresa Benedita da Cruz.
Às vezes, um livro não é apenas um livro. Pode ser o umbral
por onde Deus entra na vida, a chave que abre a porta da verdade. Para Edith
Stein, O Livro da Vida de Santa Teresa foi exatamente isso: a voz de
Deus chamando, no silêncio de uma noite, para a plenitude da fé e do amor.