Conservadorismo de gabinete: os novos guardiões do consenso

Diário de um Católico na Contrarrevolução — Parte 5
A contrarrevolução não é um clube de etiqueta. É trincheira.
É altar e sacrifício. E por isso, mais uma vez, somos obrigados a enfrentar não
apenas os modernistas declarados, mas aqueles que deveriam ser nossos aliados
naturais: os conservadores “ortodoxos” que, por covardia ou conveniência, se
voltam contra os que ainda resistem.
São os conservadores de gabinete. Usam batina bem passada ou
paletó com lenço no bolso, falam de Tradição em congressos, mas silenciam sobre
o veneno conciliar que escorre pelos altares e catequeses desde o século
passado. Atacam os fiéis tradicionais com fúria que jamais direcionaram aos
verdadeiros destruidores da Igreja. Diante dos liturgistas da palhaçada, calam.
Diante dos padres da Missa Tridentina, rugem.
A lógica invertida
Acusam os tradicionalistas de divisivos, mas não explicam
quem dividiu a Igreja ao mudar a liturgia bimilenar. Dizem que os “radicais”
ameaçam a unidade, mas a unidade que defendem é a da covardia: todos calados
diante do erro, todos fingindo que está tudo bem.
O que querem, no fundo, é manter seus cargos, suas amizades
na cúria, seu prestígio junto aos bispos da hora. E para isso, sacrificam a
verdade no altar do consenso. Fazem tudo, menos o que é preciso: romper com a
mentira.
O rótulo fácil
É cômodo rotular os defensores da Tradição como cismáticos.
É a forma mais rápida de se esquivar do debate. Mas o que há de cisma em
conservar a Missa de sempre? Em professar o Credo sem adaptações? Em rejeitar o
relativismo doutrinal que toma conta da Igreja?
Cisma é romper com a Tradição, e isso já foi feito — não por
Dom Lefebvre, mas por aqueles que em 1969 impuseram uma nova missa como se a
Igreja tivesse nascido em 1965. Somos nós, os rotulados, os perseguidos, os
ignorados, que mantivemos o coração da Igreja batendo no meio da destruição.
O incômodo da fidelidade
A fidelidade à Verdade incomoda. Os tradicionais são um
espelho que denuncia a tibieza dos conservadores de meio termo. Por isso
precisam nos neutralizar: não com argumentos, mas com difamação. Porque se nos
deixarem falar, a estrutura deles desmorona. A ortodoxia de aparência não
resiste ao confronto com a ortodoxia real, viva, concreta.
E assim vamos seguindo, com a cruz nas costas, com o Santo
Rosário nas mãos, com a certeza de que a fidelidade não é vaidade nem
nostalgia, mas dever de estado. A verdade não se mede por aceitação
social, mas por coerência com Cristo Crucificado.
Seguimos, mesmo que sós. Porque a Verdade não está onde
está a maioria, mas onde está a Cruz.
Por um Católico consciente e atento ao cenário eclesial atual no Brasil.