Começa o mês da Virgem do Carmo
Amanhã começa o mês de julho, quando toda a família carmelitana recorda sua Padroeira, a Virgem do Monte Carmelo. Nas igrejas dos frades e das monjas carmelitas celebram-se tríduos e novenas em sua honra, com cânticos, sermões e preces, culminando na procissão de sua imagem pelos claustros conventuais e pelas ruas de nossas cidades. Para viver melhor este tempo festivo, nada melhor, querido amigo, do que te recordar a memória histórica das origens de tão terna e universal devoção.
Os carmelitas viram no profeta Elias seu pai e fundador, pois ele praticou a vida eremítica e contemplativa justamente no lugar onde eles nasceram: o Monte Carmelo. Interpretaram a “nuvem pequena” que surgia do mar (2 Reis 18,44) — e que Elias contemplou — como um anúncio do nascimento da Virgem Maria, fecunda em frutos e Imaculada.
Conta a tradição que os eremitas do Monte Carmelo visitavam a Sagrada Família em Nazaré e consideravam Maria como uma irmã, porque como eles, praticou a virgindade.
Segundo vários autores carmelitas, São João Batista teria vivido como carmelita, cercado de discípulos. Alguns deles eram homens instruídos, como Santo André, irmão de São Pedro, que mais tarde se tornou apóstolo e “pescador de homens” ao abraçar a fé em Cristo — o que explica sua importância nos programas iconográficos carmelitas. Também se afirma que Santo Antão (Antônio Abade) e São Paulo, o Eremita, teriam tido ligação com o Carmelo, levando a Regra e o amor à Virgem para as terras do Egito.
Diz o prólogo da Regra que o carmelita deve “Viver em obséquio de Jesus Cristo”. Essa breve fórmula significa que os cruzados — os primeiros eremitas carmelitas — que se reuniram junto à “Fonte de Elias” no Carmelo, consagraram suas vidas a Jesus Cristo como Senhor da Terra Santa, à maneira dos vassalos que se entregavam ao seu senhor feudal.
Foi no ano de 1187 que alguns peregrinos vindos da Europa se estabeleceram junto à “Fonte de Elias”, no Monte Carmelo, para viver de forma eremítica, à imitação do profeta Elias. Tendo construído uma pequena igreja no meio das celas, dedicaram-na à Virgem Maria, adotando em sua honra o nome de “Irmãos de Santa Maria do Monte Carmelo”.
Para alcançar certa estabilidade jurídica, esse grupo de eremitas dirigiu-se ao Patriarca de Jerusalém, Alberto Avogadro, que lhes redigiu uma norma de vida conforme ao seu propósito, entre os anos de 1206 a 1214. A existência dessa norma ajudou e contribuiu decisivamente para a transformação do grupo numa Ordem religiosa, com a aprovação definitiva da Regra pelo Papa Inocêncio IV, em 1247.
Esses eremitas se sucederam através das gerações até a Idade Média, e quando os muçulmanos conquistaram a Terra Santa, foram obrigados a fugir para a Europa, espalhando nas novas nações o amor e a devoção à Virgem do Monte Carmelo.
Foi então que um carmelita inglês, São Simão Stock — homem penitente e de muita santidade — foi eleito Superior Geral da Ordem. Angustiado com a situação em que se encontravam, começou a suplicar incessantemente à Virgem para que os protegesse.
Segundo a tradição carmelitana, no dia 16 de julho de 1251, enquanto rezava fervorosamente em seu convento inglês de Cambridge, apareceu-lhe Nossa Senhora, revestida do hábito carmelita, com o Menino Jesus nos braços. Estendendo-lhe um escapulário, disse estas palavras:
“Recebe, caríssimo filho, este Escapulário da tua Ordem, sinal da Minha confraternidade, privilégio para ti e para todos os carmelitas. Todo aquele que morrer com ele revestido, não arderá nas chamas do inferno. Ele é, pois, sinal de salvação, garantia de paz e de eterna aliança.”
Comecemos já desde hoje nosso pequeno tributo à nossa Mãe Santíssima do Carmo, levando com honra seu santo escapulário — penhor do Céu.
Peçamos especialmente, nos nossos exercícios piedosos deste mês, pela Igreja, pela santificação dos sacerdotes e pelas vocações religiosas — especialmente à vida contemplativa.
Por seu Irmão Carmelita Secular da Antiga Observância B.