Depois da prisão de Jesus, João leva Pedro ao átrio do Sumo
Sacerdote e, em seguida, corre para junto de Maria, dizendo-lhe que prenderam
Jesus. Será condenado? Irá morrer? João fala da agonia de Jesus no horto e de
suas predições sombrias. Será crucificado? Não, não pode ser.
Maria: “mulier fortis” (Mulher forte). Lembra-se da
profecia de Simeão e do que Jesus lhe disse, e compreende. Instrui João,
confirmando-lhe a fé e o amor. Maria lhe diz tudo quanto vai suceder a Jesus.
João envergonha-se de sua fuga. Guiado pela mão de Maria, quer voltar para
junto de Jesus. Maria toma João pela mão a fim de reconduzi-lo a Jesus.
Não conseguem chegar perto Dele. Está rodeado de soldados e
de gente amotinada.
Assistem à sua flagelação e condenação. Vidit suum
Dulcem natum... flagelos subditum. (vê o seu doce filho... sujeito a
flagelos).
“Ecce Homo” (Eis o Homem). O “Crucifige” (crucifica)
ressoa aos seus ouvidos.
Por umas ruas laterais chegam a um ponto, por onde deverá
passar o cortejo. Ver o encontro de Jesus e Maria.
Considerar a Verônica e as mulheres que choram e lamentam.
Ver as quedas de Jesus, assim como as viu e contemplou Maria Santíssima.
Finalmente chegam ao Gólgota. Jesus é
despido... crucificado... Maria contempla. União de amor, união no sofrimento. A
espada de dor. “para a ressurreição de muitos em Israel”.
LIÇÕES CONTIDAS NO EPISÓDIO
1- Quando não compreendemos Jesus, quando não compreendemos
o sofrimento, correr com São João pra junto de Maria, a fim de chorarmos as
nossas mágoas e procurarmos refúgio.
2- Ver Maria Santíssima como a Mulher forte, preparada para
o sofrimento por longos anos de meditação sobre quanto Jesus lhe predissera:
considerar como não se surpreende com o que São João lhe relata, mas como se
ergue imediatamente para ir repartir a dor e reconduzir João para junto do
Mestre, por ser o discípulo predileto.
3- Com Maria não hesitar em participar do desprezo de Jesus,
com ela presenciar a condenação, flagelação, a coroação de espinhos e a “Via
Crucis”. Suportar tudo, se a honra de Jesus o exigir.
4- Com Maria ir ao encontro de Jesus na “Via Crucis”
e dizer-lhe do nosso amor e compaixão, da nossa fidelidade e apego. Ir com Ele
com até o cume do Gólgota.
COLÓQUIO COM SÃO JOÃO
Unir-nos com o apóstolo “quem dilligebat Iesus” (que
Jesus amava). Jesus também nos ama. Como João, somos capazes de fugir, quando
Jesus for ludibriado. Com ele devemos ir para junto de Maria, a fim de
manifestar-lhe toda a nossa mágoa e dificuldades, a fim de com ele
desabafarmos. Maria reconduzir-nos-á a Jesus, far-nos-á compreender melhor os
sofrimentos, por-se-á a caminho conosco. Guiados por ele, encontraremos Jesus e
poderemos testemunhar-Lhe o nosso amor. Só assim seremos capazes de segui-lo no
caminho sangrento.
COLÓQUIO COM MARIA SANTÍSSIMA
Participar da sua grande dor “videte si est dolor sicut
dolor meus” (vede se há dor como a minha dor), que ela suporta, é verdade,
fortalecida por Deus como Mulher forte e Rainha dos Mártires, mas com o coração
trespassado por espada mais penetrante e aguda de que jamais pôde imaginar. O
menosprezo, os maus tratos, os golpes dos flagelos, os espinhos da coroa
atinge-lhe a alma. Mais do que tudo isto, porém, a ferem a insensibilidade, a
dureza dos homens, que desprezam o seu amor. “Quae utilitas in sanguine Eius?”
(que utilidade em derramar o sangue Dele?) como recebemos mal o seu amor! Com
os apóstolos, procuramos fugir do sofrimento. Que ela nos conduza a Jesus,
fazendo-nos compreender o sofrimento e seguir-Lhe as pegadas.
RESOLUÇÕES
Não fugir do sofrimento, suportar o menosprezo, que nos une
a Jesus e nos faz compreender o sentido do sofrimento. Com Maria ir ao encontro
de Jesus na Via Crucis, no sofrimento unir-se a Maria, espelhar a nossa
vida na sua, a fim de participar da sua generosidade.
Aproveitar as ocasiões que se apresentarem para meditar a
Paixão de Nosso Senhor, e para fazer a Via Sacra; dar destaque ao crucifixo na
cela e nos lugares onde trabalhamos.
Dois pensamentos para reter o assunto meditado:
1- Com São João para junto de Maria, com Maria para junto de
Jesus.
2- Quem ama Jesus deve subir o calvário.
(Meditação retirada do livro “Minha Cela, escritos de um
mártir na prisão, o. 50, 51 e 52, do Beato Tito Brandsma)
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