“Beatificação da florzinha vista por um sul-australiano”, uma testemunha ocular do dia em que a irmã Teresa foi beatificada, 29 de abril de 1923
BEATIFICAÇÃO DA FLORZINHA. «COMO VISTO POR UM AUSTRALIANO DO
SUL».
O relato a seguir da beatificação recente em Roma da Irmã Teresa
do Carmelo (a Pequena Flor) (de um estudante da Austrália do Sul em Roma é de
interesse especial: Hoje (Festa de Santa Catarina) tive a felicidade de ajudar
na missa e receber a Santa Comunhão na cripta de Santa Cecília, que, na minha
opinião, é o santuário mais bonito de toda Roma.
Um de nossos jovens padres, foi até lá para fazer missa
nesta manhã e, quando chegamos lá, encontramos um padre francês rezando missa
para um velho francês e suas três filhas.
O velho estava servindo à missa, e a visão me lembrou aquele
outro velho francês que chegou lá com suas duas filhas há 36 anos e se ajoelhou
onde eu estava ajoelhado. Que dia glorioso tem sido! Hoje eu estava presente na
coroação de nossa ‘Pequena Rainha’. Hoje de manhã fui a São Pedro. O céu estava
nublado e a chuva parecia iminente. Ao entrar na praça, viu-se um fluxo
contínuo de pessoas fluindo para a Basílica. Sobre a porta central da loggia da
qual o papa abençoa estava suspensa uma grande faixa, que, no entanto, estava
encoberta por um véu, para que não se visse o que havia nela. De entrada no
vestíbulo, observava-se a porta central que dava para a igreja, uma grande foto
da Florzinha vestida de branco, sentada ao lado do pai em um antigo jardim.
No fundo é visto o Carmelo de Lisieux. Ela está pedindo
permissão ao pai para entrar. Ele segura uma das mãos dela e fala as palavras
que lhe custam muito, mas cuja recompensa ele está colhendo hoje na glória de
sua “pequena rainha”. Dentro da Basílica, havia milhares e milhares de pessoas,
grande parte das quais eram peregrinos de todos os países sob o sol. Sobre dois
dos pilares que sustentavam a cúpula havia quadros representando milagres
feitos pela Florzinha – um que curava uma freira e outro que curava um padre.
Presumo que esses foram dois dos milagres propostos formalmente para provar a
santidade de Teresa.
A abside estava pendurada com damasco, enquanto o espaço
ocupado acima do trono do papa pelo vitral do Espírito Santo estava coberto por
uma cortina que escondia de vista a imagem da Florzinha destinada a ser exposta
quando o touro fosse lido e lido o decreto papal que a elevava aos altares da
Igreja fora promulgado. Lustres elétricos – uma floresta perfeita deles – foram
suspensos do teto.
Às 10 horas, a procissão de cardeais veio da sacristia (a
essa altura, os lustres elétricos estavam ligados, produzindo um efeito que mal
se pode imaginar). Atrás dos cardeais, caminhava o bispo de Bayeux – a diocese
em que Lisieux se encontrava – que deveria celebrar a santa missa. Atrás dele,
caminhava o cardeal Merry del Val, arcebispo de São Pedro.
Quando a procissão alcançou o alvará na abside, o Touro foi
lido de um púlpito erguido para esse fim e, no final, as cortinas que cobriam a
imagem da “Pequena Rainha” acima do trono foram removidas e em um súbito clarão
de luz. Ela foi vista em glória lançando suas rosas sobre a terra. O efeito foi
maravilhoso e, quando o coral explodiu no Te Deum, que foi tomado pelo povo,
notei um número enorme ao meu redor chorando naquele momento. Sentia-se que a
Pequena Flor não estava longe.
Que mudança ocorreu desde que ela ficou em São Pedro, uma
criança de 15 anos, de coração partido e abatido, porque, Leão XIII não
pronunciou a única palavra necessária para abrir as portas do Carmelo. Então
ela era uma criança desconhecida, hoje seu nome estava na boca de milhões em
todo o mundo. O maior templo da terra foi decorado em sua homenagem e vieram
pessoas de todos os países ao sol, a convite do Papa Pio XI. Que ele próprio
viria oficialmente, como chefe da Igreja na terra, para orar a ela que havia
suplicado aos pés de seu antecessor. Certamente, se hoje se realizou a verdade
daquele texto de que Teresa gostava tanto: “A menos que o grão de trigo que
caia no solo morra, ele permanece sozinho. Mas, se morrer, produz muitos frutos”.
Como uma garota poderia morrer mais para o mundo do que entrar no mosteiro
carmelita? Hoje, porém, não há santo em toda a Igreja de Deus mais popular –
depois de Nossa Senhora – do que a pequena freira carmelita desconhecida.
Voltei para São Pedro à tarde. A praça estava lotado e um
grande número de tropas foi reunido para manter a ordem. Eu consegui uma
passagem para um lugar no transepto esquerdo, em frente ao Altar Superior. A
queda foi terrível – não tão ruim quanto a coroação, no entanto. O Papa foi
carregado na sedia gestatoria, mas sem os fãs e a tiara. Ele usava o boné
branco de caveira. A benção foi dada na abside. Eu não conseguia ver, pois
estava ao virar da esquina. O Papa foi presenteado com o relicário e também com
os presentes habituais em tal ocasião. Entre eles, havia um lindo buquê de
rosas (mais apropriado para a ocasião), que, penso, veio da Irlanda. Eu esqueci
de lhe dizer que a imagem na praça quando revelada em “a manhã mostrou a
florzinha ajoelhada diante de Nossa Senhora e recebendo nas mãos da criança em
seus braços rosas que ela, por sua vez, regou na praça de São Pedro. Tom
finalizado dos grandes dias da minha vida. Você sabe que a Pequena Flor disse a
alguém que quando Roma falava, seu banho de rosas se tornaria uma torrente. Já
tenho provas de que ela está cumprindo sua palavra. Desde o momento em que
entrei na Basílica naquela manhã, havia uma firme convicção e não demorou muito
para esperar.
Citação: BEATIFICAÇÃO DA FLOR PEQUENA. (3 de agosto de
1923). Southern Cross (Adelaide, SA: 1889-1954), p. 17. Recuperado em 30 de
abril de 2020, de http://nla.gov.au/nla.news-article167742193
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