A Nova Religião do Clima e o Altar do Mundo

Diário de um Católico na Contrarrevolução — Parte 24
O Sol que se tornou ídolo
Há séculos, o homem reza voltado para o Oriente, onde nasce
o sol — não para adorá-lo, mas para lembrar o Cristo Ressuscitado, o verdadeiro
Sol de Justiça. Hoje, contudo, o mundo volta-se de novo para o sol, mas como
quem reza a uma divindade antiga e pagã. Mudou-se o altar, mudou-se a intenção,
e o que era símbolo tornou-se ídolo.
É sob essa luz moribunda que se celebra o novo culto global:
o da salvação climática. Não se fala mais do pecado original, mas das
emissões de carbono; não se busca a redenção, mas a neutralidade ambiental; não
se prega a penitência, mas a reciclagem. A confissão deu lugar à coleta
seletiva. E a nova absolvição é concedida por painéis internacionais.
É nesse cenário que se inscreve o encontro entre Leão, o
chefe da Igreja Sinodal, e Carlos, o chefe da Igreja Anglicana — uma liturgia
simbólica, um rito do novo ecumenismo planetário.
O evangelho verde e o altar da ONU
A cena é de um teatro sacro invertido: a Capela Sistina,
antes espaço do temor de Deus e da arte inspirada, transforma-se em palco de
uma oração ecumênica pelo “cuidado da criação”. As vozes que ali ressoam já não
pedem o perdão dos pecados, mas a “conversão ecológica”.
Eis o novo vocabulário da fé pós-cristã: sustentabilidade,
diversidade, ecologia integral. Palavras que soam piedosas, mas
escondem uma teologia sem Redentor, um credo sem Cruz. É a moral ecológica
substituindo a moral católica — o ambientalismo travestido de espiritualidade.
As duas autoridades, unidas pelo mesmo discurso e pela mesma
adesão à Agenda 2030 e ao Fórum Econômico Mundial, representam um ecumenismo
não mais entre religiões, mas entre ideologias. A unidade que buscam não é em
Cristo, mas em Gaia.
O gesto simbólico de oferecer um assento ao rei anglicano na
Basílica de São Paulo Fora dos Muros é o coroamento dessa nova aliança. Um
gesto elegante, diplomático — e profundamente trágico. Pois ali, onde outrora
se anunciou o Concílio Vaticano II, o “diálogo com o mundo” amadureceu até
tornar-se submissão ao mundo.
Que ironia cruel: o sucessor de Pedro oferecendo
hospitalidade espiritual ao sucessor de Henrique VIII — o mesmo que mandou
decapitar São Thomas More e São John Fisher por defenderem a indissolubilidade
do matrimônio e a supremacia do Papa.
A memória dos mártires é silenciada, pois a fidelidade deles
envergonha os novos apóstolos do consenso.
Exemplos concretos: os templos do carbono e as liturgias do vazio
Nos templos modernos, as velas deram lugar a lâmpadas LED,
as procissões a “marchas pelo clima”, e o Santo Nome de Jesus é substituído por
slogans sobre “a casa comum”. Em vez de fiéis ajoelhados, temos ativistas de
microfone em punho. O mesmo zelo que outrora se dirigia à adoração eucarística
agora se derrama sobre as campanhas ambientais.
Mas o católico da Contrarrevolução enxerga o truque: a
devoção ecológica é uma caricatura da piedade cristã.
Onde o Evangelho ensina a cuidar da Criação como dom, o
ambientalismo exige cultuar a Terra como deusa.
Onde a Igreja pregava o jejum para santificar o corpo, o
mundo prega a dieta “para salvar o planeta”.
Onde o cristão oferecia sacrifício por amor, o globalista
prega a austeridade por culpa.
A diferença é teológica: o cristão ama o Criador e respeita
a obra criada; o ambientalista teme a criação e esquece o Criador.
Concluindo: a esperança que não morre
O católico fiel não se deixa seduzir pelo novo altar do
mundo. Ele sabe que o verdadeiro templo é o corpo de Cristo, e que toda
liturgia sem Redentor é idolatria.
O diálogo ecumênico, sem arrependimento e sem verdade, é uma
ponte para o nada. E o cuidado da Criação, quando não parte do amor ao Criador,
torna-se superstição mascarada de ciência.
Mas nem tudo está perdido. Há, ainda, aqueles que rezam
diante do altar voltado a Deus — não ao mundo.
Há jovens que redescobrem o latim, famílias que rezam o
terço, padres que celebram a Missa Tridentina com reverência e lágrimas.
Enquanto o mundo ergue templos de vidro e congressos verdes,
esses poucos mantêm viva a chama do sacrifício.
E talvez, quando a fumaça da idolatria se dissipar, sejam
esses os que restarão de pé — guardando no coração a antiga fé dos mártires,
dos monges e dos santos.
Porque a Terra passará, as modas passarão, os pactos globais
se dissolverão.
Mas o altar de Cristo — humilde, silencioso, voltado a Deus
— permanecerá.
E será nele que renascerá, como sempre, a verdadeira
primavera da Igreja.
Por um Católico consciente e atento ao cenário eclesial do Brasil e do Mundo.