Maçons, feministas e a tenda proibida

Diário de um Católico na Contrarrevolução – Parte 8
Quando o absurdo vira rotina
Há semanas em que Roma parece querer nos testar mais do que
o demônio. E não porque as perseguições vêm de fora — como nos tempos dos
mártires —, mas porque brotam de dentro, vestidas de batina ou escondidas atrás
de discursos cheios de palavras doces como “inclusão”, “discernimento” e
“diálogo”. São tempos em que se abençoa a pedra dos maçons, se entrega a
cátedra a blasfemadores, se redesenha o mapa da Igreja para agradar ditaduras e
se substitui a Cruz por slogans ecológicos.
O que antes seria escândalo virou normalidade; o que antes
se denunciava como heresia agora se chama pastoral. Mas — e aqui está a ferida
— isso não brotou de um dia para o outro. É fruto de décadas em que o
modernismo foi comendo pelas bordas até alcançar o coração.
A tenda que virou circo
A cena do padre abençoando um marco maçônico não é um
tropeço isolado; é consequência lógica de uma formação teológica que se
esqueceu de que “quem não junta, espalha”. Quando São Pio X denunciava a
“síntese de todas as heresias”, falava exatamente disso: o modernismo se
disfarça de benevolência, mas, no fundo, dissolve a fé.
Hoje, vemos a mesma lógica em ação no discurso do Cardeal
Hollerich, para quem a moral sexual é apenas “opção de vida”. Para ele, a
Igreja deve ser uma “tenda sempre aberta”. O problema é que, quando tudo cabe
dentro da tenda, a própria tenda perde sentido. A casa de Deus não é circo de
feira. É templo de adoração, construído sobre sangue de mártires e lágrimas de
santos.
E o mesmo espírito aparece na nomeação de Cristiana
Perrella, que transformou a arte em propaganda ideológica. Ironia cruel: a
Pontifícia Academia, fundada para elevar a alma ao divino, agora é entregue a
quem nega o próprio Deus. Leão XIII, que escreveu a Humanum Genus
contra a Maçonaria, provavelmente se revira no túmulo ao ver seu sucessor
cortejar os inimigos de Cristo com títulos honoríficos.
E a China? Roma agora redesenha dioceses ao gosto de Pequim,
apagando a memória dos confessores da fé que morreram nas masmorras comunistas.
Os mesmos que resistiram para não entregar o incenso a César agora veem seus
sucessores negociar os mapas eclesiásticos como se fossem peças de um tabuleiro
geopolítico.
Exemplos e ecos da Tradição
Diante disso, vale lembrar: não somos os primeiros a
enfrentar tempos de confusão. Santo Atanásio permaneceu firme quando quase todo
o episcopado cedia ao arianismo. Santa Teresa d’Ávila lutou contra o
relaxamento de sua ordem com a firmeza de uma guerreira. São Maximiliano Kolbe
desmascarava a Maçonaria não apenas com palavras, mas com ação missionária
concreta, fundando a Milícia da Imaculada para esmagar a serpente com o
calcanhar da Virgem.
A Tradição não é um museu de memórias mortas, mas arsenal de
armas vivas. E uma dessas armas é a Santa Missa no Rito Romano Antigo, que
tantos tentam marginalizar, mas que continua sendo fonte de identidade, clareza
e combate. Enquanto o modernismo fabrica discursos, a Missa de Sempre nos
devolve a única coisa que importa: Cristo, oferecido ao Pai em sacrifício
propiciatório.
Há esperança entre ruínas
Não nos iludamos: a tenda proibida do modernismo continuará
se expandindo, acolhendo maçons, feministas e toda sorte de ideólogos. Mas não
é nela que se encontra a salvação. A Igreja que se ajoelha diante do mundo já
perdeu sua autoridade; a Igreja fiel, mesmo perseguida e escondida, continua
sendo a Esposa de Cristo.
O inferno late, mas não vence. Roma pode estar desfigurada,
mas a promessa do Senhor permanece: “As portas do inferno não prevalecerão”. O
nosso dever não é reinventar a Igreja, mas permanecer fiéis àquilo que sempre
foi. E se para isso tivermos de ser minoria, que sejamos minoria com os santos.
A Contrarrevolução começa dentro de nós: no altar da Santa Missa,
no Rosário diário, na fidelidade à doutrina que não muda. Pois no fim, o Circo
cai, a Tenda se rasga, e só a Cruz permanece de pé.
Por um Católico consciente e atento ao cenário eclesial
atual do Brasil e do Mundo Católico.