Um dos paradoxos da vida mística e este: ninguém pode entrar
no mais íntimo de seu ser e passar dali a Deus se não for capaz de sair
inteiramente de si mesmo, esvaziar-se de si mesmo e dar-se a outras pessoas na
pureza de um amor altruísta.
E uma vida de contemplação, uma das piores ilusões seria, portanto, tentar
encontrar Deus fechando-se em si mesmo e deixando fora dessas barricadas toda a
realidade exterior pela simples concentração e força de vontade, cortando todo
contato com o mundo e os outros ao se enfurnar dentro da própria mente e fechar
as portas como uma tartaruga.
Quanto mais eu me identificar com Deus, mais me identificarei com todos os que
com Ele estão identificados. Seu amor vivera em todos nós. Seu Espírito será
nossa única vida, a vida de todos nós e vida de Deus. E haveremos de amar-nos
uns aos outros e a Deus com o mesmo Amor com que Ele nos ama e Se ama. Esse
amor é o próprio Deus.
Novas Sementes de Contemplação
(Vozes, 2017) pág. 70
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