A ORAÇÃO NA VIDA CARMELITANA: um trato de amizade com Deus


Santa Maria Madalena de Pazzi, “Ensinamentos”:

Mantende a vossa mente ocupada em Deus. Esta ocupação em Deus me parece ser a bem-aventurança da alma na terra”. “Realmente e impossível pensar atualmente em Deus… mas estar sempre unida com Deus, tendo sempre a Ele em vista, isto é possível; porque se quando trabalhais para Ele, quando vos fatigais, fatigai-vos para Ele, para agradar a Ele e dar a Ele glória e para honrar a Ele, isto é, estar sempre unida a Deus.” Diz que com o conhecimento de Deus faremos com Ele uma estreita amizade e Ele nos trata como seus íntimos; então nós e Ele faremos como fazem os amigos íntimos. “Em primeiro lugar os amigos se contemplam um ao outro com grande amor… assim faz Deus que nos olha continuamente com grande amor: e nos olhamos a Ele… Os amigos costumam contar-se mutuamente os seus segredos; assim Deus manifesta a eles todos os seus segredos e eles manifestam a Ele os seus por não confiar em outros senão n’Ele.”

O amor também ao próximo é o fim da contemplação e a Santa via nesta chave, o fim da Ordem: “Nós somos chamados as coisas maiores, somos chamados a uma vida maior, a qual não é de Marta, nem de Maria separadas, porque no amor estão contidas uma e outra juntas.

Para ela o espírito da Ordem é “amar tudo e levar a amar, observando principalmente quanto isto agrada a Deus e quanto importa atender as obras internas e tratar interiormente com Deus”, como é prescrito na Regra Carmelitana, na redação da qual “os santos padres… tiveram mais atenção para a perfeição interior do que para a penitência e coisas externas.” “Eu, vejo o meu Deus! … Ele tem duas línguas… uma das quais é o louvor de Deus e a outra é a Caridade e as duas clamam ao mesmo tempo. O que estou a ouvir, meu Senhor? A uma me obriga a minha profissão e a outra tu me mandas estritamente. Ela procurava observar ambas.

Do seu mosteiro, que ela chama de “habitação de Maria”, nos diz que Deus quer: “que assim como Maria foi um meio entre Deus e o homem, nós sejamos meio entre este Deus e o homem pelo zelo e desejo contínuo de ajudar as almas e conduzí-las a Deus… Estar separadas do mundo, e viver em Deus, nada querer a não ser este Deus, em ansioso e contínuo desejo da salvação das almas.

“A alma unida a Deus, fica toda amarrada por dentro e por fora o que a faz aparecer com semblante sereno sem jamais perturbar-se por qualquer contingência”. “Em tudo o que tende a fazer, seja interna ou externamente, lembrai-vos de vos voltar para Deus com olhares vivos e amorosos. Com tais olhares amorosos implorai o socorro das suas graças”.

“As obras exteriores devem ser feitas prontamente e com cuidado sem perda de vida interior”. “A oração é o espírito da religião, mas nunca ela deve servir de pretexto para qualquer dispensa, porque todos os exercícios da religião e da obediência, feitos na presença de Deus, são outras tantas orações.” A paz interior e um efeito da oração mental, e, é uma recompensa da união com Deus. “A verdadeira prudência dum religioso ou duma religiosa depende da íntima união que tem com Deus. E todos os nossos esforços e zelos devem originar-se do Sangue de Jesus Cristo.” Alem disto, anota: “Se não gostais do doce silêncio é impossível deleitar-vos nas coisas de Deus.”

*A ORAÇÃO NA VIDA CARMELITANA: Reflexões e textos de autores carmelitanos sobre a Comunhão com Deus e a Oração no Carmelo. Textos preparados por Frei Emanuele Boaga, O. Carm, In Memoriam

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