Oitava Verdade
A minha vida interior há de ser o que a minha guarda do coração for: Omni custódia serva cor tuum, quia ex ipso vita procedit.
Esta guarda do coração outra coisa não é senão a solicitude habitual, ou pelo menos frequente, em preservar todos os meus atos, à medida que eles se vão apresentando, de tudo o que poderia viciar a sua causa motriz ou a sua prática.
Solicitude tranquila, natural, sem contensão, mas bastante energética pois se baseia no recurso filial a Deus.
É um trabalho mais do coração e da vontade que do espírito, o qual deve ficar livre para a prática dos seus deveres.
Longe de embaraçar a ação, a guarda do coração aperfeiçoa-a, regulando-a pelo espírito de Deus e acomodando-a aos deveres do estado.
Este exercício pratica-se a todos os momentos. É uma vista, por meio do coração, das ações presentes e uma atenção moderada às diversas partes de uma ação à medida que ela se vai pondo em prática.
É a observância exata do age quod agis. Como sentinela vigilante, a alma exerce a sua solicitude sobre todos os movimentos do seu coração, sobretudo quanto se passa no seu interior: impressões, intenções, paixões, inclinações, numa palavra, sobre todos os seus atos interiores e exteriores, pensamentos, palavras, ações.
A guarda do coração exige certo recolhimento; a alma dissipada não pode pô-la em prática.
Por meio da frequência deste execício, pouco a pouco se vai adquirindo o hábito dele.
Quo vadam et ad quid? Que faria Jesus? Como se comportaria ele em meu lugar? Que me aconselharia? Que exige ele de mim neste momento? Tais são as questões que espontaneamente se apresentam á alma ávida de vida interior.
Para a alma que vai a Jesus por Maria, esta guarda do coração reveste-se de um caráter ainda mais afetuoso, e o recurso a esta boa mãe torna-se uma como incessante necessidade para o seu coração.
Por Dom Chautard
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