Passamos parte da vida à espera que a solução para os nossos problemas e angústias aconteça com a chegada de algo ou alguém que nos venha iluminar as escuridões e preencher os vazios da existência.
Depois, como isso nunca acontece, deixamo-nos abater pela desesperança e, sem paciência, passamos a julgar que nem a primavera, que sempre chega, é para nós.
Fartos de ilusões e desilusões, começamos a ver a vida e a sentir o mundo de uma forma mais pura. Não à procura de algo, mas admirando tudo.
Como se tivéssemos nascido outra vez, compreendemos que os nossos dias sempre se sucederam com uma sequência lógica, que embora possamos não compreender, sabemos que existe.
A vida tem sentido. Não será o que muitos desejam, porque não sabem desejar. Não será o que muitos pensam, porque não sabem que o sentido também é para sentir.
É preciso abrirmo-nos ao outro e ao mundo. Deixarmos de julgar que somos o centro do mundo e os outros meros figurantes ou, quanto muito, atores secundários.
A vida são as nossas escolhas face às opções de que dispomos e a nossa resposta ao que nos acontece. Nascemos diferentes e em contextos diferentes, temos talentos e fraquezas distintos. Mas todos somos livres e a liberdade implica agir. A minha vida é feita pelo que eu for capaz de criar à minha volta e em mim.
É estranho que tantas pessoas afirmem querer ser felizes, mas depois não querem percorrer o caminho que as leva à mais verdadeira das alegrias.
Como se quisessem ser felizes, mas não da única forma possível!
A felicidade chama por ti todos os dias. Se não a queres, todos os dias tens de lhe repetir o teu ‘não’. Não se trata de uma oportunidade que se pode perder por alguma razão, mas de algo que está sempre ao teu alcance.
Pode acontecer que um dia destes eu decida nascer de novo, e que, ao contrário de tantas vezes, faça o que é preciso para que isso aconteça em mim.
Chegará então alguém que não espero: um novo eu para ser, um amor que me levará e dará aos outros e ao mundo e, por fim, apesar de todo o sofrimento que exige, uma vida feliz.
E a mudança começa com um silêncio em que percebo que aquilo que tenho e sou não é para mim.
Sou uma obra-prima para oferecer! Não a quem um dia chegará, mas aos que estão próximos de mim.
Por José Luís Nunes Martins
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