Saia justa

Novamente peço desculpas aos leitores, não era minha intenção tratar deste tema aqui no blogue, mas vi a necessidade, pois se trata de um evento tão discutido nos últimos dias em nosso país e em especial na Igreja. A seguir, disponibilizamos um artigo publicado no dia de hoje, 9 de setembro no blogue Fratres in Unum. 

Foi transmitido na noite de sábado passado, 7 de setembro, o programa “Globo News Painel”, com a participação de Dom Claudio Hummes, relator do Sínodo da Amazônia, Kenneth Félix Haczynski da Nóbrega, diplomata representante do Brasil nas negociações acerca do Sínodo, e Alberto Pfeifer Filho, especialista em assuntos internacionais.


Com “cara de vinagre”, para utilizar uma dessas expressões tão profundas e delicadas do magistério bergogliano, Dom Cláudio não conseguiu disfarçar o seu constrangimento, muito diferentemente da tranquilidade que desfruta em encontros de esquerdistas ou junto de seu amigo desde os tempos do ABC Paulista, o ex-presidente e atual presidiário Lula.
Kenneth Nóbrega, com aquela délicatesse diplomatique, começou cutucando, ao mencionar o estimadíssimo, mas completamente ineficaz,  Acordo Brasil-Santa Sé como elemento importante de mediação. Explicou que esteve três vezes no Vaticano e, cara-a-cara, confrontou os representantes pontifícios acerca de quatro imprecisões dos Lineamenta do Sínodo: o papel transnacional da Guiana, que poderia dar pé ao estabelecimento de um território internacional na Amazônia; a omissão da menção aos instrumentos internacionais de que participa o Brasil, como limite das requisições do Sínodo; a ausência do reconhecimento do papel social das forças armadas na Amazônia, lembrando que a FAB transporta até alimentos em parceria com a Igreja; e a desarticulação entre o conceito de ecologia integral e de desenvolvimento sustentável, que impede o enclausuramento numa política meramente preservacionista, fechada ao progresso.
Na sequência, o representante do governo disse que, sim, os serviços de inteligência brasileiros estão monitorando a atividade pré-sinodal, como qualquer outra atividade que diga respeito à segurança do território nacional, dentro dos limites da lei e segundo a sua prerrogativa constitucional.
Em seguida, quando perguntado o porquê da preocupação do governo com a unidade territorial na questão Amazônica, Kenneth Nóbrega salientou que a menção à Guiana como localização transnacional nos Lineamenta, juntamente com a histórica cobiça internacional do espaço amazônico e as últimas declarações do presidente francês em fórum internacional são motivos mais do que suficientes para justificar a preocupação.
Dom Cláudio obviamente, permanecia o tempo todo com atitude apreensiva, olhos arregalados, aspecto ameaçado, sério, como alguém que está sendo emparedado e “quanto menos falar, melhor”.
Na sequência, Alfredo Pfeifer, perguntado sobre as declarações de que os bispos dispõem de dados distorcidos para o Sínodo, explicou dizendo que a Amazônia é um território imenso e os dados são sempre parciais e, mesmo quando verídicos, podem ser apresentados com metodologias diferentes, as quais podem favorecer o interesse deste ou daquele grupo. Justificou, ainda, dizendo que a má gestão amazônica tem impactos globais e que o Brasil e as Forças Armadas a têm feito com competência técnica e científica, responsabilidade social e ambiental.
Dom Cláudio concordou com o fato de que o Exército está muito presente na Amazônia e que há uma verdadeira colaboração com a Igreja. Também reconheceu que a Igreja não tem todos os dados, como tampouco o Exército. Ele disse que o documento preparatório do Sínodo só não falou do Estado brasileiro e do Exército porque a Igreja estava apenas falando de si mesma. Disse que os bispos ficaram perplexos com a reação do Brasil e estão preocupados com “até onde isso vai”.
Kenneth Nóbrega mostrou como a divulgação de dados errados nas últimas semanas erodiu o relacionamento de confiança, que é absolutamente imprescindível para qualquer diálogo bilateral. Ele mostrou como, de um lado, a eventual não preocupação em que se respeitem as questões de direito internacional no documento final do Sínodo pode oferecer sustentação aos ambientalistas que defendem o protecionismo agrícola europeu, que destrói a imagem do nosso agronegócio, sem discernir se é sustentável ou não, se favorece a agricultura familiar com selo orgânico ou não.
Alfredo Pfeifer disse que as duas instituições que garantem a presença brasileira na Amazônia são a Igreja e as Forças Armadas, sendo que o Exército está preocupado com a ocupação nacional e a defesa das fronteiras, mas a Igreja tem uma vocação missionária e está preocupada com a Evangelização. Ele disse que é nesta diferença que pode se dar um descompasso de interesse e de agenda, mas se espera que o Sínodo seja uma ocasião para se resolver este descompasso, ao invés de aumentá-lo.
Sobre a questão indígena, Dom Cláudio disse que, em Porto Maldonado, os índios disseram ao Papa Francisco que nunca se sentiram tão ameaçados como agora, que suas terras estão sendo invadidas por companhias de mineração, pelo desmatamento. Dom Cláudio disse que os índios são um patrimônio humano de todos nós, porque eles têm uma cultura própria, uma espiritualidade própria, milenar, uma riqueza muito grande que a humanidade não se pode dar o luxo de perder. Segundo Dom Cláudio, a Igreja pensa que isto é uma questão de direitos humanos e que na história da colonização houve um massacre dos índios, mas com a proteção que receberam nas últimas décadas, a população indígena está crescendo e há aproximadamente um milhão de índios. — Neste trecho, Dom Cláudio falou demasiadamente, monopolizando a palavra, inclusive não deixando tempo para que os interlocutores continuassem com a pauta.
Alberto Pfeifer disse que a defesa dos índios demanda o combate aos ilícitos (como a garimpagem, por exemplo), requer a presença do Estado, e que não adianta apenas alegar o direito dos índios, pois eles são desprovidos de instrumentos para se defender, mas o Brasil está utilizando as ferramentas adequadas e cumprindo o seu papel.
Kenneth Nóbrega afirmou que o Brasil tem uma legislação ambiental evoluída, mas que o Estado tem uma dupla responsabilidade: a primária, com a sua sociedade; a secundária, internacional. No que diz respeito ao debate internacional, há de haver um verdadeiro debate, onde todos falem de suas responsabilidades em campo ambiental, ou seja, não pode ser um debate em que todos apontem para o Brasil como aquele que não está cumprindo com as suas responsabilidades. Este desequilíbrio no debate criou, por parte do governo, uma percepção de injustiça.
Dom Cláudio concluiu dizendo que a Igreja está em defesa do protagonismo dos índios em seu próprio progresso, embora haja ainda um espírito colonialista, que pretende impôr a eles um tipo de progresso.
Enfim, Hummes e toda a corte bergogliana têm toda ciência de que seu tempo é curto, que não possuem apoio popular nem sucessores e que, por isso, é necessário acelerar e intensificar as “reformas”. O temor por “retrocessos” é claramente demonstrado na nova leva de cardeais criados por Francisco. Esquecem-se esses senhores, infiéis e incrédulos que são, que a Igreja é do Senhor. “Exsurge Domine”.
Por FratresInUnum.com

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