Matar nossa sede de Deus, de Fraternidade e de Justiça




Assim com a Samaritana buscava água na fonte para matar sua sede, todos os dias. Os primeiros carmelitas ao redor da fonte do profeta Elias no Monte Carmelo, sempre beberam das fontes que jorram para a vida.

No episódio do evangelho de João, conversando com Jesus de Nazaré, a Samaritana descobre outra fonte dentro dela, uma fonte diferente, esta jorra para a vida eterna (Jo 4, 14). Conforme a Regra do Carmo no atesta: “devemos meditar dia e noite a Lei do Senhor e vigiar na oração (Rc 10). Dessa forma os primeiros carmelitas redescobrem o acesso à outra fonte da vida eterna, que se encontra dentro deles, e ela começou a jorrar e ainda continua, com a Regra. Alberto cavou um leito e canalizou suas águas, desde o ano 1207, e continua em nossos tempos.


Em 1238, os primeiros carmelitas saem do Monte Carmelo para a Europa, só em 1580 da Europa chegam ao Brasil, levaram consigo, dentro de si, a fonte escondida, tendo a Regra de Alberto como via de acesso e de seguimento. Até os nossos dias, ela existe dentro do nosso interior, jorrando para a vida eterna, mesmo na escuridão da noite!


Embasado no livro[1]: Ao Redor da Fonte – Um comentário da Regra do Carmo, de Frei Carlos Mesters. O objetivo dos textos que seguirão ao longo da semana, aqui no blogue, pretende facilitar o acesso à fonte, que se inspira na própria Regra do Carmo, por isso, é importante nós enquanto Carmelitas Terceiros, conhecer e provocar encontros de meditação ao redor da fonte do profeta Elias, para podermos beber das suas águas e matar nossa sede de Deus, de fraternidade e de justiça. Esse será o meu objetivo nestas postagens. Espero que gostem!


Partindo da realidade textual que tomamos por base, a Regra do Carmo, ela traz a nós, uma realidade importante a nós carmelitas. O que nos unifica no carisma carmelitano é a mesma vontade comum, a de viver o Evangelho de Jesus Nazaré, e, realizar a doação das nossas vidas com a nossa vocação, realizando assim o serviço na Igreja, aos pobres e de sempre realizarmos a vontade de Deus, na grande família carmelitana, em conformidade com a Regra do Carmo, com sua Tradição, Prática e na vida de exemplo dos seus Santos e Santas.


Em nossa contemporaneidade a Ordem do Carmo sempre se renasce a partir de uma necessidade do povo de Deus. Dessa forma, nasce e continua nascendo a Ordem do Carmo, a grande Família Carmelitana, até os dias atuais, nos vários cantos do mundo e da Igreja. Somos sempre desafiados a fazer renascer sempre o carisma carmelitano. Somos chamados a recriar, não a repetir!


O carisma e a espiritualidade carmelitana, ilustrado pelo Mesters (2013), está sempre em dois polos: na realidade, na necessidade do povo de Deus e da Igreja, nos pobres; o outro lado, se fez no passado, com a tradição mística do Carmelo em muitos Santos e Santas. Os dois polos, está sempre atento a Voz de Deus, além de fazer apelo à nossa consciência carmelita, cada um a seu modo vocacional de ser. Na tradição mística carmelita, nos oferece uma maneira concreta de como devemos viver o evangelho em sua radicalidade. Os pobres demonstram para nossa vida cristã, antes de tudo, uma acumulada riqueza e privação para outros na sociedade. Por isso, a tradição deve ser sempre relida e partilhada a luz da Boa Nova anunciada aos pobres (cf. Lc, 4, 18).


Podemos ainda nos questionar, no que diz respeito se existe mais algum polo. É considerado que o terceiro polo, ilustrado por Mesters, somos nós mesmos, isto é, dentro da realidade concreta em que vivemos como família carmelitana. Isso, nos faz perguntar: quem somos de fato? Somos muitos carmelitas! Em nossa América Latina: existe diversas famílias de irmãos e irmãs de Ordens, Congregações, Ordens Terceiras e dos diversos movimentos e associações carmelitas, espalhado em todos os continentes Latino Americano. Sem falar também dos inúmeros devotos de Nossa Senhora do Carmo, que carregam o Santo Escapulário. Fora isso, quantas localidades eclesiais carregam Nossa Senhora do Carmo com padroeira? São Igrejas, Basílicas, Paróquias, Dioceses, como a nossa da Campanha, cidades, colégios, escolas, e tantos outros. Isso tudo, demonstra o terceiro polo a que se refere Mesters.


Em nossa origem e tradição, não podemos abrir mão, sob pena de perdemos a nossa identidade e a razão de ser carmelita. Todo carmelita precisa ser sensível aos apelos que lhe vem do seu passado, dos seus Santos e Santas, de seus Fundadores. Que a Santíssima Virgem nos fortaleça a nós no espírito da Família Carmelita e na ajuda mútua na realização da nossa missão enquanto terciários aqui no Brasil e na nossa Diocese da Campanha. Até os próximos escritos acerca do livro: Ao Redor da Fonte – Um comentário da Regra do Carmo de Frei Carlos Mesters. Espero que gostem!


Ir. Alan Lucas de Lima, postulante da OTCarm. 





[1] MESTERS, Frei Carlos. Ao Redor da Fonte: Um comentário da Regra do Carmo. Belo Horizonte: Província Carmelitana Santo Elias, 2013.

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