O Silêncio que Guarda a Fé
Diário de um Católico na Contrarrevolução – Parte 35
Introdução
Há silêncios que são covardia. E há silêncios que são
remédio. A Tradição sabe disso há dois mil anos. O mundo moderno, viciado em
microfone, confunde prudência com censura e obediência com opressão. Nesta
parte do Diário de um Católico na Contrarrevolução, escrevo sem rodeios:
nem todo afastamento é perseguição; às vezes é caridade pastoral em estado
puro. Quando a palavra deixa de edificar e passa a confundir, o silêncio não é
castigo — é cerca de proteção.
Sacerdote ativista. O Resultado? Escândalos
A Igreja não nasceu para competir por likes, nem para
traduzir o Evangelho em slogans de ocasião. O modernismo, esse vírus elegante
condenado por São Pio X, adora trocar a clareza da doutrina pela ambiguidade
simpática. O resultado? Escândalo. E escândalo, na linguagem dos santos, não é
fofoca: é pedra de tropeço para os pequenos.
Quando um sacerdote conhecido passa a falar mais como ativista do que
como sacerdote, algo saiu do eixo. A caridade cristã não se opõe à verdade; ela
brota dela. São Vicente de Paulo cuidava dos pobres com mãos sujas e alma
ajoelhada. São João Bosco salvava jovens sem dissolver a moral. Madre Teresa
recolhia moribundos sem negociar a fé. A Tradição ensina: misericórdia sem
verdade vira sentimentalismo; verdade sem misericórdia vira dureza. O
equilíbrio é católico.
O silêncio imposto — prudencial, circunscrito, interno —
pode ser um ato medicinal. O Magistério sempre conheceu essa pedagogia. São
Paulo mandou calar quem confundia a assembleia; São Bento instituiu o taciturnitas
para guardar o coração; o direito canônico prevê medidas para evitar dano às
almas. Não é novidade. É continuidade.
Exemplos concretos
Vimos, nos últimos anos, a transformação do púlpito em
palanque e da batina em crachá ideológico. Lives substituindo a vida
sacramental; hashtags ocupando o lugar do catecismo; aplausos onde deveria
haver conversão. O fruto foi divisão, confusão e relativização da doutrina
moral — sobretudo quando temas complexos foram tratados com linguagem de
militância.
Enquanto isso, a Missa Tridentina — escola de silêncio
fecundo — segue formando consciências, não plateias. Ali, o sacerdote
desaparece para que Cristo apareça. Ali, o rito catequiza sem gritar. Ali, a
verdade não precisa ser vendida: ela se oferece.
Dizer que todo afastamento é censura é repetir o mantra
moderno de que autoridade é abuso por definição. Não é. Autoridade, quando
ordenada ao bem das almas, é serviço. E serviço, às vezes, pede poda. Nosso
Senhor falou de ramos cortados para que a videira frutifique. Ironia das
ironias: o mundo chama isso de violência; o Evangelho chama de cuidado.
Conclusão
Sou crítico, sim. Mas não desesperado. A Igreja atravessou
impérios, modas e heresias. A contrarrevolução não é grito histérico; é
fidelidade paciente. Defender o silêncio prudente diante do escândalo não é
calar a caridade — é salvá-la da politização.
Que este tempo nos ensine a reaprender o peso das palavras e
o valor do recolhimento. Que os pastores tenham coragem de agir e os fiéis,
humildade para compreender. E que a Missa de sempre continue nos educando:
menos palco, mais altar; menos ruído, mais sacrifício.
Porque, no fim, a verdade não precisa de megafone. Precisa
de santos.
Por um Católico consciente e atento ao cenário eclesial
do Brasil e do Mundo.