Relativismo e a “Ditadura do Relativismo” por Bento XVI
Introdução
Se tudo é relativo, então até essa frase é relativa.
Bem-vindo à era em que o absurdo virou regra e a verdade virou ofensa. Foi
contra esse pandemônio mental e espiritual que Bento XVI, ainda com o cheiro de
conclave no ar, brandiu a sua espada: a verdade. Em sua homilia da Missa Pro
Eligendo Pontifice, ele lançou o alerta que incomodou progressistas e
relativistas do mundo todo:
“Vai-se constituindo uma ditadura do relativismo que nada reconhece como definitivo e que deixa como última medida apenas o próprio eu e as suas vontades”.
Ditadura. Palavrinha forte, não? Pois é exatamente isso que
acontece quando a verdade objetiva é chutada pra escanteio e o ego vira
soberano. O que parece ser tolerância vira censura disfarçada. O que parece
liberdade vira servidão disfarçada de escolha. Neste artigo, vamos esmiuçar
como Bento XVI desmascarou esse engodo moderno.
O que é o relativismo? Um veneno doce
O relativismo é o refrigerante gelado no deserto da
pós-modernidade: refresca por um segundo e depois te mata de sede. Ele prega
que não há verdades absolutas, apenas versões. Tudo é opinião, tudo é válido,
tudo depende. Só que, no final, quem grita mais alto impõe sua “opinião” como
verdade. E adivinha? Você não pode discordar. Eis a “ditadura”.
Bento XVI enxergou esse jogo sujo e chamou pelo nome. Esse
tipo de relativismo não apenas nega a verdade, ele a persegue. Ele expulsa a fé
do debate público, trata o Evangelho como folclore e quem crê como fanático. É
o velho império da mentira, mas agora com sorriso progressista e hashtag
inclusiva.
Bento XVI na linha de frente: de Ratzinger a rocha
Desde a Missa Pro Eligendo Pontifice, a cruzada
estava lançada. Bento XVI não era apenas um acadêmico de batina: era um soldado
com livro numa mão e rosário na outra. Na encíclica Caritas in Veritate,
ele cravou:
“Sem verdade, a caridade cai no sentimentalismo. O amor torna-se um invólucro vazio, que se enche arbitrariamente”.
Sabe aquele papo de “seja gentil, não importa no que
acredita”? Parece fofo, mas esconde um veneno: o esvaziamento total da moral.
Se tudo é sentimento, então não há mais certo ou errado. A fé vira uma vibe. E
a justiça? Um meme.
Raízes fortes: Agostinho, Tomás e Guardini no time
Agostinho: a alma inquieta
Agostinho sacou isso séculos antes: o coração humano tem
sede de verdade. E enquanto não encontra Deus, fica zanzando de opinião em
opinião como mosquito em lâmpada. Bento XVI, herdeiro agostiniano, sabia que
negar a verdade é amputar a alma.
Tomás: o cérebro em ordem
Tomás de Aquino? Um monstro da razão. Para ele, verdade é o
intelecto se encaixando com a realidade. Nada de subjetivismo mimimi. Bento XVI
bebeu dessa fonte: a razão não é inimiga da fé. É aliada fiel. Se você joga a
lógica no lixo, o que sobra? Relativismo, claro.
Guardini: o apocalipse elegante
Romano Guardini via a crise chegando. O homem moderno virou
máquina. Perdeu o senso do sagrado, trocou o mistério por algoritmo. Bento XVI
usou Guardini como radar: o relativismo é o sintoma final de um homem que
esqueceu quem é.
Verdade e liberdade: não dá pra ter uma sem a outra
A verdade, disse Bento, não é cadeia. É bússola. Liberdade
sem verdade é como GPS sem satélite: parece que você tá indo pra algum lugar,
mas tá só rodando em círculos. A sociedade que se baseia apenas no consenso, e
não na verdade, vira refém do capricho da maioria. E o capricho da maioria já
construiu fornos, gulags e campos de reeducação.
Igreja: farol no nevoeiro
A Igreja, segundo Bento XVI, não está aqui pra dar opinião:
está aqui pra lembrar que existe um chão firme. Que existe uma verdade que não
muda com o vento. A missão do católico é ser pedra em sapato de relativista:
com caridade, sim, mas sem pedir desculpas por crer. Se o mundo zomba, ótimo.
Estamos em boa companhia. Crucificaram o próprio Verbo da Verdade, lembra?
Conclusão: a profecia esquecida
A “ditadura do relativismo” não é teoria da conspiração. Ela
está nos livros didáticos, nas universidades, nos jornais e nas políticas
públicas. Ela se veste de tolerância, mas é impiedosa com quem ousa dizer: “Sim,
isso é verdadeiro”. Bento XVI não foi apenas um papa. Foi um sentinela. Seu
legado ainda incomoda porque expõe o rei nu da modernidade: o relativismo não é
libertação, é prisão dourada. E só há uma saída: a verdade que nos liberta.
Referências bibliográficas
- Bento XVI. Caritas in Veritate. Vaticano, 2009.
- Bento XVI. Homilia na Missa Pro Eligendo Pontifice. 18 de abril de 2005.
- RATZINGER, Joseph. Introdução ao Cristianismo. São Paulo: Loyola, 2005.
- GUARDINI, Romano. O fim da Era Moderna. São Paulo: Ed. Cultor de Livros, 1995.
- AGOSTINHO. Confissões. Várias edições.
- TOMÁS DE AQUINO. Suma Teológica. Várias edições.
- Catecismo da Igreja Católica. Vaticano, 1992.
- WEIGEL, George. A verdade do Catolicismo. Quadrante, 2001.