Tendemos a acreditar que sabemos tudo o que precisamos. No entanto, basta pensar um pouco com honestidade para encontrar muitos vazios de saber. São, em certas zonas da nossa compreensão, desertos sem fim.
Pior, agimos cheios da certeza oca de que somos sensatos. Sendo que a ignorância em ação é uma máquina muito eficaz de produzir desastres. A começar pela vaidade que produz em quem a conduz.
Os verdadeiros ignorantes são sempre arrogantes. Sempre. Aqueles que distinguem os limites do seu saber estão já livres da loucura do orgulho.
Ser capaz de escutar os outros e o que sabem é uma aprendizagem tão ou mais eficaz do que ler uma biblioteca inteira. Porque se nos livros tudo aparece pensado e arrumado, as trocas de olhares enquanto se partilham verdades concretas de vida conferem-lhes a força do mar e a firmeza de rochas.
A imaginação e o descaramento acabam por ser instrumentos muito utilizados pelos verdadeiros analfabetos para viverem com a sua ignorância e convencerem os outros de que sabem muitas coisas sobre o que, afinal, não existe senão na escuridão da sua insensatez.
A humildade de reconhecermos que nos falta muito saber é o primeiro e mais difícil dos passos no bom caminho.
O ignorante não é inocente. É culpado da sua insensatez. Quanta sabedoria têm os que sabem que sabem pouco…
É uma aventura incrível tentar ser prudente neste mundo de doidos!
A existência é um mistério que ultrapassa por completo as nossas capacidades. Acreditar que tudo tem de fazer sentido para mim, sob pena de não ter sentido, é uma tolice. Somos demasiado pequenos e pobres de entendimento para que possamos abarcar todos os contornos do significado da nossa vida e de tudo o que nos rodeia.
Mas há uma sabedoria essencial, aquela que não consiste em saber muitas coisas, mas em saber quando é tempo de sorrir, tempo de chorar, tempo de descansar e tempo de lutar. Aquela mesma sabedoria que nos garante que amar é o caminho.
De que vale saber ler e escrever a quem não sabe perdoar e pedir perdão?
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