Santo Alberto de Trápani, Presbítero
A Ordem Carmelita tem Santo Alberto como uma das mais belas
preciosidades de seu relicário místico. Santo Alberto nasceu em meio à
opulência na Sicília. Da parte de seu pai pertencia à família Alberti e,
da parte de sua mãe, à família Palizi; duas famílias distintas da Sicília.
Nasceu precisamente no Monte Trapani ou Eryx, hoje San Giuliano, no ano de
1250. A data e o mês exato não se têm informação.
Seus genitores consideram-no uma criança milagrosa, dado que
o obtiveram-no de Deus, após vinte e seis anos de esterilidade. Consideravam
também que um dia deveriam consagra-lo a Nossa Senhora, por uma promessa
espontânea, feita quando os mesmos perderam toda humana esperança de perpetuar
sua linhagem. Uma luz sobrenatural iluminará os primeiros passos do pequeno
Alberto, que não permitirá que ele se contamine com as seduções do mundo.
Com apenas oito anos de idade, o Duque de Girgenti o queria
desposar com sua filha. Mais tarde, o demônio vai aproveitar-se disso para
abalar o seu propósito de guardar uma castidade ilibada, que este jovem tem em
seu coração. Seu pai, embevecido com a preferência que o duque lhe dava, tinha
ardente desejo de ver seu filho corresponder a este pedido. Sua mãe, porém,
lembrando-se de sua promessa feita ao Senhor, traz à memória de seu esposo, o
piíssimo compromisso e confia ao jovem o voto, que ela e seu pai haviam feito,
de o dedicarem a Deus na Ordem do Carmo.
A essa revelação o Santo responde com entusiasmo, que quer
ratificar a promessa de seus pais, solicitando logo sua entrada para o Convento
do Carmo de Trápani.
Os frades Carmelitas, conhecendo o poder famoso do duque, o
temiam, e querem retardar por algum tempo a entrada no convento do herdeiro dos
Abatibus. A virtude da paciência do postulante não tarda em triunfar das
hesitações, e abrir, apesar de tudo, as portas do convento.
Como o jovem Samuel, este novo eleito vai crescendo cada dia
na senda da santidade. A oração, o estudo, e, mais tarde, as austeridades de
todo gênero, bem como o zelo apostólico abrasador, dividiram seu tempo.
A dignidade sacerdotal assusta sua humildade: são precisas
ordens expressas das autoridades da Ordem para triunfar de sua resistência. É
consumido pelo amor às almas no seu sacerdócio: escreve, prega, aplica-se de
modo exímio a todas as funções sacerdotais com dedicação excepcional.
O caráter apostólico da vocação carmelitana revela-se
inteiramente na vida deste santo. A população da ilha contava com católicos
fervorosos, mas, também, com judeus e maometanos. Santo Alberto queria trazer
todos à luz da fé. Um milagre assoma-se a sua pregação. Perto de Agrigento,
veem-se um dia alguns judeus em perigo de afogarem-se no rio Platani. Alberto,
estando na margem, percebe o perigo e, inspirado pelo céu, promete-lhes
salvação infalível, se eles quiserem crer em nosso Senhor Jesus Cristo. A proposta
é aceita, e o santo, caminhando sobre as águas, como outrora fez Jesus com
Pedro, Príncipe dos Apóstolos, vem tirar esses desditosos das garras da morte.
Tantas virtudes juntas, bem como as mais exuberantes
qualidades naturais, conduzem-no ao cargo de provincial. Em seu apostolado, os
milagres o seguiam a cada passo. Em certa viagem, seu companheiro quebra o vaso
que contém sua modesta refeição. O santo manda trazer-lhe os fragmentos e
restitui o vaso e a comida. Depois de ter dado às almas o Pão da Palavra
Divina, Alberto lhe dará, no tempo da fome, o pão que sustentará a vida
desfalecida.
A história narra as guerras e ataques ao sul da Itália nesta
época. A Sicília vivia uma série de devastações. Messina esperava a qualquer
momento sua ruína. Foi quando então, inesperadamente, os cidadãos recorrem ao
seu taumaturgo e vão em multidão implorar que ele interceda por eles junto a
Deus. O amparo do céu não se faz demorar, cercada por seus inimigos, sem
possibilidade nenhuma de comunicação com o exterior, vê entrar na sua baía três
vasos de viveres (mantimentos). O rei reconhece a intervenção divina graças à
intercessão de Santo Alberto e vem agradecer-lhe em nome de todos. A voz
pública longe de enfraquecer a humildade de Alberto, fortifica-a ainda mais, e
o santo taumaturgo deixa a cidade de Messina, ao ver-se cercado de tanta
veneração, e vai para um deserto retirar-se na solidão entregando-se
inteiramente a oração e a penitência. No ermo, Santo Alberto, qual “serafim
ardente” de amor por Deus, é favorecido por êxtases e visões do Senhor e de sua
Mãe Santíssima.
Depois de um tempo aí passado, Santo Alberto anuncia a sua
morte aos irmãos. Sua previsão se realiza no dia 7 de agosto de
1307, onde sua inocentíssima alma, em forma de pomba, levantou voo ao paraíso
celeste.
O Divino Salvador repetidas vezes dignara-se sob as feições
de uma criança, escolher seu braço como altar. Proclamado santo já em vida pelo
povo, igual triunfo está reservado nas iminências do evento de sua morte.
O povo desejava que a Missa de um santo confessor fosse
cantada na Missa de suas exéquias, mas o clero não ousava desobedecer às normas
eclesiásticas.
Santo Alberto é um dos mais renomados do Carmelo, dado sua
taumaturgia antes da morte, sua memória é sempre rejuvenescida por causa dos
interruptos milagres. Como foi, no século seguinte à fundação da Ordem
Carmelita, seu maior expoente até então, foi proclamado "pai" ou
"patrono" da Ordem do Carmo.
Sua imagem traz sempre o menino Jesus em seus braços e o
lírio. A cada ano, na sua festa, é abençoada solenemente a água em sua honra, a
qual sendo usada como sacramental, com fé e piedade nos enfermos, obtém muitas
curas.

SUA VIDA
Nasceu em Trápani, na Sicilia (Itália). Seus pais - Benito
degli Alberti e Joana Palizi – já eram casados há 26 anos e não
tinham filhos. Fervorosos cristãos, tinham prometido à Virgem de Trápani
consagrar ao serviço do Senhor o filho que lhes concedesse.
Ainda menino ingressou no Carmelo de Trápani com o propósito
de servir a Deus e à Santíssima Virgem, a quem está consagrada a Ordem
do Carmo. Era então a "idade de ouro" do Carmelo, na qual o
ideal Eliano-Mariano da Ordem se mantinha vivo a base de um justo equilíbrio da
contemplação e ação apostólica.
Desde que professou na Ordem, se distinguiu por seu fervor e
austeridade de vida. Seus biógrafos nos dizem que seus jejuns eram contínuos,
que nunca comeu carne e que mesclava seu parco alimento com cinzas. Sua cama
era um saco de sarmentos e dedicava largas horas do dia e da noite à oração.
A obediência era nele pronta e alegre, a pobreza lhe
distinguia entre todos por seu total desprendimento e a castidade foi sua flor
preferida e melhor guardada, por isso, se lhe representa com um lírio e um
crucifixo na mão, ou com o Menino Jesus nos braços.
Recebidas as sagradas ordens, se difundiu logo sua fama de
religioso santo e de persuasivo orador.
Passou algum tempo no convento de Messina, cidade à qual
livrou da fome causada por um cerco: alguns navios carregados de víveres conseguiram chegar milagrosamente à cidade apesar dos cercos. Fervoroso pregador, percorreu a maior parte dos povos da
ilha.
Foi nomeado provincial da Sicília em 1296, cargo que
desempenhou com uma entrega total ao serviço de Deus e das almas.
Quando visitava os conventos, não levava outra coisa que um
pouco de pão, um báculo e um cantil com água.
Fundou vários conventos e escreveu alguns tratados, que
(infelizmente) não se conservaram até os nossos dias.
Recebeu do Senhor a graça de fazer milagres, chegando a ser
um grande taumaturgo e apóstolo da Sicília.
Por isso seu culto tem sido sempre muito extenso e intenso
em toda a Ordem, que o tem venerado em todas suas igrejas e conventos. Suas
relíquias foram espalhadas por todo o mundo e com elas se abençoa a água para a
cura de enfermos.
Sua morte ocorreu em 1307 e, ao celebrar suas exéquias, se
disse que vozes misteriosas entoaram o hino “Os Justos” da Missa dos
Confessores em vez da Missa de Réquiem.
Seu culto foi confirmado por bula do Papa Sixto IV, em 1476.
Sua memória obrigatória se celebra em 07 de agosto.