Dois Catecismos e uma só Verdade

Numa prateleira de qualquer católico atento, pode haver dois livros bem diferentes, mas com o mesmo título: Catecismo.

Um é velho, direto, sólido como pedra: o Catecismo do Concílio de Trento.

O outro é moderno, bonito, todo citadinho: o Catecismo da Igreja Católica, de 1992, o tal “Amarelinho”.

E aí começa o drama.

Os dois dizem ensinar a mesma fé. Mas... será mesmo?

O de Trento nasceu no calor da guerra. A Igreja estava cercada por hereges e precisava reagir com clareza. Então veio o Catecismo tridentino: um soco na mesa, cheio de definições precisas, sem “depende”. Um catecismo de combate. Doutrina pura.

O de 1992? Já vem todo dialogal. Foi feito num tempo em que se queria ser simpático com o mundo, com os protestantes, com os ateus, com os jornalistas. Ele cita muita coisa boa, sim. Mas às vezes fala como quem quer agradar a todos — e aí a doutrina vira conversa mole.

Aí vem o questionamento legítimo:

Se o novo catecismo ensina a mesma coisa que o de Trento… por que não ficar com o original, que é mais claro e mais seguro? Agora, se ensina coisas diferentes... então tem algo errado, não?

Essa é a linha de raciocínio do saudoso Orlando Fedeli, e também do autor do livro “Os Erros do Catecismo Moderno”, o jornalista Michael Haynes. Eles não são contra o Papa. Eles são a favor da fé de sempre. Eles não querem desobedecer. Só não aceitam que se troque o certo pelo duvidoso.

Hoje, muita gente defende o “Amarelinho” com base em autoridade: “Foi aprovado por São João Paulo II, foi escrito com ajuda do então Cardeal Ratzinger…” Beleza. Mas... autoridade sem continuidade com a Tradição não vale nada. A Igreja não nasceu em 1962. A fé não começou no Vaticano II.

Se o novo catecismo coloca dúvidas onde antes havia certeza — como sobre o papel da Igreja, sobre o ecumenismo, a liberdade religiosa ou até a Missa — então sim, tem que ser analisado, questionado e, se necessário, rejeitado enquanto ambíguo.

Não é desobediência. É amor à Verdade.

Um católico fiel não segue novidade. Ele segue o que foi ensinado “sempre, por todos e em toda parte”, como dizia São Vicente de Lérins.

E nisso, o Catecismo de Trento ainda reina soberano. Não por ser antigo, mas por ser claro, fiel e infalível. O outro pode até servir como complemento, mas não como substituto. Muito menos como padrão obrigatório.

Quem ama a Igreja, ama sua doutrina. E quem ama a doutrina, exige precisão. Porque no céu não entra “interpretação pessoal”. Entra quem foi fiel ao que Cristo ensinou — sem aditivos, sem atualização pastoral.

Por seu Irmão Carmelita Secular da Antiga Observância B.

 

📝 Nota aos comentadores de redes sociais:

Antes de comentar com CAPS LOCK e emojis de raiva, leia de novo com calma

Ninguém aqui tá atacando o Papa, nem jogando bomba na Igreja.

Só estamos dizendo que:

👉 a fé de sempre não precisa ser modernizada.
👉 Tradição não é teimosia.
👉 E pedir clareza doutrinal é um ato de amor, não de revolta.

Se isso te incomoda... talvez seja hora de reler o que significa Católico.