O tempo de preparação para o Natal está presente não só na
liturgia, mas também na vida cotidiana dos Carmelos fundados por Santa Teresa.
Como a Quaresma, as quatro semanas do Advento também esperam a "Páscoa do
Senhor". O nascimento de Jesus é esperado em solidariedade com a Virgem e
São José. Embora menor que a Quaresma, o ciclo do Advento também tem um caráter
ascético penitencial. A própria Santa Teresa, em mais de uma ocasião, assegura
que embora "muito cansada... não rompi o Advento", ou seja, praticou
"jejuns e disciplinas" (cta 167,4). Com tudo, não le agrada que se
exagere: a graça, a enfermidade, é dissuadido de dormir no chão nas noites do
Advento (cta 248,15) Para ambientar o advento comunitário, se procura algum dos
sermões em uso. (cta 248, 15).
Mas o Advento terminou com uma exaltação festiva e jubilosa.
Já na véspera de Natal, sabemos que Frei João da Cruz dramatizou a prática
das "posadas" (a Virgem e São José chegando a Belém pedindo asilo),
para as quais compôs um dístico emocional em que toda a comunidade participou. Prática
provavelmente introduzida pela Santa em seus Carmelos e que perdura neles até
hoje.
Nos "livros de baladas e dísticos" ou nos centons
poéticos dos Carmelos fundados por ela (Valladolid, Medina...) para o Natal ou
que palco a prática de "posadas". Por exemplo, as "coplas para
la noche de la calenda": "se queres dar-nos alojamento/ para mim e
esta donzela/ com o que dela nascer/ serás bem pago" (de Valladolid:
primeiro de um série de poemas "ao longo do mesmo").
Entre os cânticos de Natal do Santo (poemas 11-17), apenas
se conservam os dedicados ao Natal, à Circuncisão e aos Reis. Nenhum de Advento.
Dicionário de Santa Teresa de Jesus
Monte Carmelo
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