O que quer alguém que ama senão dar o que tem e o que é? Quando há amor, parecerá sempre pouco a quem o dá, mas parecerá sempre mais do que suficiente a quem o recebe!
Ao final de algum tempo, quem é amado, se aceitou o que quem o amou lhe deu, tem e é um pouco daquele que a ele se deu.
Mas serão precisos grandes gestos? Não. São as pequenas coisas. As que julgamos serem insignificantes, que, por isso mesmo, não podem ser dadas por outra razão que não a de uma gratuitidade generosa.
Quando amamos, a nossa vida é uma oração, uma presença silenciosa que dá luz às trevas do outro. Uma coragem única capaz de enfrentar o temor dos abismos da solidão e dos egoísmos.
O tempo é finito e a vida gasta-se. Mas só quando amamos podemos multiplicar o tempo e fazer vida brotar da vida, porque nos semeamos em outros corações que, por sua vez, também hão de amar e dar o que são... sendo que se dão connosco dentro! Tal como nós, de cada vez que amamos damos aquilo que recebemos de quem nos amou.
O que sou hoje é em grande parte o resultado de muito amor que me foi dado. Sou muito daqueles que decidiram dedicar-se a mim. Quem me olha vê-os, ainda que não o saiba, ainda que não saiba quem foram ou são, ainda que julgue que sou apenas eu.
Por José Luís Nunes Martins
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