Semana Santa do Natal: semana pouco conhecida pelos Católicos
A última Semana do Tempo do Advento é dedicada ao nascimento
eminente de Jesus, o nosso Salvador e as chamadas Antífonas do Ó, nos ajudam a
preparar a Sua tão desejada chegada.
No Brasil elas também estão associadas à invocação mariana
de N. Sra. do Ó e assim acompanhamos a Virgem Maria em sua alegre expectativa.
As Antífonas do Ó, ricas na sua beleza e no que simbolizam
neste tempo do Advento, são pequenas frases que, desde o dia 17 até o dia 23,
rezamos ou cantamos com melodias gregorianas como antífonas do Magnificat, na
Oração de Vésperas. Atualmente elas também estão sendo utilizadas como
Aclamação ao Evangelho na Missa do dia e embora neste contexto elas estejam
mais simplificadas, elas não perdem o verdadeiro sentido original.
Tudo indica que elas foram compostas ao redor do século IX,
embora uma antiquíssima tradição as associe ao Papa São Gregório Magno
(540-604), o biógrafo de Nosso Pai São Bento. Pode dizer-se que no seu conjunto
resumem um verdadeiro e admirável compêndio da cristologia da antiga Igreja,
sendo um resumo expressivo do desejo de salvação de toda a humanidade, tanto de
Israel no Antigo Testamento, como da Igreja no Novo Testamento.
Ao cantar, proclamar ou rezar estas antífonas a Igreja
expressa a sua admiração diante do mistério de Deus feito Homem.
Convém enfatizar a força com que começam as antífonas
através da interjeição «Ó», que nos adentra para uma compreensão cada vez mais
profunda de tal mistério, bem como a forma suplicante com que terminam: «Vem,
não tardes mais!».
Estas antífonas são súplicas a Cristo, reverenciando o
Senhor que vem, com um título diferente em cada dia, título messiânico retirado
do Antigo Testamento, mas que de alguma forma preconiza toda a plenitude que se
realizará no Novo.
As antífonas em latim têm ainda uma outra particularidade,
uma surpresa eu diria, e para descobri-la, devemos observar o seu início em
latim e a ordem em que se sucedem nesta Santa Semana:
17 de dezembro: “O
Sapientia” (Ó Sabedoria, que saístes da boca do Altíssimo)
18 de dezembro: “O Adonai” (Ó meu Senhor, Guia da Casa de Israel)
19 de dezembro: “O Radix” (Ó Raiz de Jessé)
20 de dezembro: “O Clavis” (Ó Chave de David)
21 de dezembro: “O Oriens” (Ó Sol nascente, esplendor da Luz Eterna)
22 de dezembro: “O Rex gentium” (Ó Rei das Nações)
23 de dezembro: “O Emmanuel” (Ó Deus conosco)
Se lermos os vocábulos formadas pelas letras iniciais das
palavras latinas, após a interjeição “O”, e lidas no sentido inverso, da última
para a primeira, encontramo-nos diante do acróstico (composição poética em que
as letras iniciais dos versos, ou as do meio, ou as do final, formam uma frase
ou uma palavra), em latim, «ERO CRAS», que significa, «virei amanhã, serei
amanhã, estarei amanhã», refletindo desta forma a resposta do Messias à súplica
dos fiéis.
Diariamente estarei postando o texto original em latim de
cada Antífona com a sua respectiva tradução. E a cada uma delas a nossa
resposta de Fé deve ser: “Maranatha”, vem Senhor Jesus!
Falta pouco para a Natividade de Jesus… desejo-lhes uma
fecunda e Santa Semana do Natal!
D. Geraldo González y
Lima, OSB
Roma, Dezembro de 2019.
A quem agradecemos!