Meditação da Antífona do Ó: Ó Adonai – 18 de dezembro
“O Adonai et Dux domus Israel, qui Moysi in igne flammæ
rubi apparuisti et ei in Sina legem dedisti: Veni ad redimendum nos in brachio
extento”.
“Ó Adonai, guia da casa de Israel (Mt 2,6), que aparecestes a Moisés na sarça
ardente e lhe destes vossa lei sobre o Sinai: Vinde salvar-nos com seu braço
poderoso! (Jr 32,21) Como receberei o Rei em minha casa?”
Que feliz sairia daqui um homem a quem dissessem: – “O rei
virá amanhã a tua casa para fazer-te grande mercê!” Acho que não almoçaria de
tanta alegria e preocupação nem dormiria durante toda a noite, pensando: “O rei
virá a minha casa, como lhe prepararei pousada?”
Irmãos, digo-vos que Deus quer vir a vós e que traz consigo
um reino de paz, como já ouvistes. Bendita seja a sua misericórdia e
glorificado o seu santo nome!
Quem vos saberia dizer com que tempero devemos condimentar
este manjar? Como? Se Ele é o próprio Deus e o ofendido, e nós homens e
os que ofendemos; se é nosso lucro da hospedagem e Ele quem no-la está pedindo,
seremos nós a desprezá-lo? E que pensar se soubermos que Deus está a porta dos
corações? Pensais que está longe? Está batendo à porta.
Deus está batendo à minha porta
– “Oh, padre! Não é possível que Ele esteja tão perto como
dizeis, porque cometi tal e tal pecado e o expulsei para muito longe de mim, e
com certeza está muito magoado comigo”.
Eis que estou à porta e bato, diz Ele. Se alguém me abrir a
porta, entrarei (cf. Ap 3,20). Pensais que Deus é como vós que, se vos causam
um pequeno aborrecimento ou vos perseguem, logo excluís o próximo do vosso
amor?
Como podeis pensar que, por vós não perdoardes, Deus também
não perdoa?
Deus nos pede compaixão
Diz o pecador quando peca: – “Retirai-vos de mim, Senhor,
porque não Vos amo!”. E Deus sai da casa, e põe-se à porta, e fica chamando: –
“Abre-me, minha esposa, minha amiga; ficarei aqui até que, por compaixão,
venhas a mim e me abras”.
Não minto: Ele nos pede que, por compaixão, lhe abramos a
porta!
É espantoso que Deus nos peça pousada por compaixão e nos
diga: – “Abre-me, que não tenho para onde ir”. E quando um coração tocado
por Ele toma consciência disso, não há nada que mais o cative de amores ou o
derreta. E assim dizia Santo Agostinho: “Eu fugia de Ti, Senhor, e Tu corrias
atrás de mim”.
A porta não abre
Por que não quereis abrir a Deus? Quem estará dentro de ti
para não quereres abrir? E se aquele que bate e diz: – “Minha esposa, eu morri
por ti e, para que tivesses tranquilidade, passei por muitos sofrimentos”, é o
próprio Deus! Alguma coisa contrária está dentro de ti, por cujo amor não lhe
queres abrir. Peço-vos que me digais: o que é que cativa tanto o vosso coração,
que por isso não quereis receber a Deus e vossa casa neste Natal?
Oração
“Ó Adonai, Deus, vinde para nos remir pelo poder de
vosso braço.” – Ó Deus, protetor fortíssimo e guia fiel de vosso povo, vinde
remir o gênero humano com o vosso supremo poder! Vinde livrar-nos de tantas
misérias nossas e subjugar com o vosso braço todo poderoso os poderes das
trevas, que demasiado reinaram sobre nós, e arruinaram as almas. “E Vós, o
Padre Eterno, que quisestes, mediante a embaixada do Anjo, que o vosso Verbo
tomasse carne no seio da Bem-aventurada Virgem Maria, dai que, venerando-A como
verdadeira Mãe de Deus, possamos, pela sua intercessão, obter o vosso auxílio.
Fazei-o pelo amor do mesmo Jesus Cristo.”
Video: Karmelici Bosi Prowincja Krakowska
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Fontes:
O presente texto foi extraído do livro, O Mistério do Natal
– São João de Ávila, Editora Quadrante, São Paulo, 1998, p. 17-20.
Pe. Thiago Maria Cristini, C. SS. R., “Meditações para todos
os dias do ano tiradas das obras de Santo Afonso Maria de Ligório, Bispo e
Doutor da Igreja”, Herder e Cia., tomo I, p 63, Friburgo em Brisgau, Alemanha,
1921.