Hoje se recorda a proclamação de Santa Teresa de Jesus como Doutora da Igreja
No dia 27 de setembro de 1970, exatos 49 anos que, num
Domingo de manhã, na Basílica de São Pedro, o Papa Paulo VI, proclamou Santa
Teresa de Jesus como Doutora da Igreja, reconhecendo a ela o título de Mater
Spiritualium (Mãe da Espiritualidade), em razão da grande contribuição que
a Santa Avilesa proporcionou à Espiritualidade Católica, deixando um grande
legado espiritual, que é enaltecido não só por católicos, mas por todos os de
boa vontade, que reconhecem nela aquela que nos ensina o verdadeiro
"Caminho da perfeição", e que mais pode auxiliar de forma prática
aqueles que querem iniciar a vida de oração.
PEQUENOS TRECHOS DA HOMILIA de Paulo VI, quando da
proclamação de Santa Teresa de Jesus como Doutora da Igreja:
"Nós conferimos, ou melhor, Nós reconhecemos o título
de Doutora da Igreja a Santa Teresa de Jesus.
O fato de proferir o nome desta Santa singularíssima e
grandíssima, neste lugar e nesta circunstância, basta para suscitar nas nossas
almas uma multidão de ideias.
A primeira seria a de evocar a figura de Santa Teresa.
Vemo-la aparecer diante de nós como uma mulher excepcional, como uma religiosa
que, coberta inteiramente pelo véu da humildade, da penitência e da
simplicidade, irradia à sua volta a chama da sua vitalidade humana e do seu
dinamismo espiritual, e depois como a reformadora e fundadora de uma Ordem
religiosa insigne e histórica, escritora genialíssima e fecunda, mestra de vida
espiritual, incomparável na contemplação e infatigável na ação. Como é grande,
como é única, como é humana e como é atraente esta figura!...
Esta prerrogativa de Santa Teresa, a de ser mãe e mestra das
pessoas que se dedicam à vida espiritual, já tinha sido admitida, podemos
dizer, por consenso unânime: mãe de encantadora simplicidade e mestra de
admirável profundidade. O apoio da tradição dos Santos, dos teólogos, dos fiéis
e dos estudiosos da matéria já lhe tinha sido dado. Nós, agora, confirmamo-lo,
fazendo com que ela, ornada deste título de mestra, possa ter uma missão mais autorizada
a cumprir na sua Família religiosa, na Igreja orante e no mundo, com a sua
mensagem perene e presente: a mensagem da oração....
Santa Teresa de Ávila é a primeira mulher a quem a Igreja
confere este título de Doutora, apesar da severa frase de São Paulo: «Calem-se
as mulheres nas assembleias pois que não lhes é permitido falar » (1 Cor 14,
34), o que significa, até hoje, que a mulher não é destinada a ter na Igreja
funções hierárquicas de magistério e ministério. Este preceito apostólico foi,
porventura, violado?
Podemos responder com clareza negativamente. Na realidade,
não se trata de um título que comporte funções hierárquicas de magistério, mas,
ao mesmo tempo, devemos declarar que este fato não significa de modo algum uma
apreciação menor da sublime missão que a mulher tem no Povo de Deus.
Pelo contrário, a mulher, ao ser recebida na Igreja pelo
batismo, participa do sacerdócio comum dos fiéis, que a habilita e obriga a
«professar diante dos homens a fé recebida de Deus por meio da Igreja» (Lumen
Gentium, n. 11). E nesta profissão de fé muitas mulheres chegaram aos cumes
mais elevados, até serem, com a sua palavra e os seus escritos, luz e guia para
os seus irmãos. Luz alimentada todos os dias no contacto íntimo com Deus,
também nas formas mais nobres da oração mística, para a qual São Francisco de
Sales não hesita em dizer que possuem uma especial capacidade. É luz que se
tornou vida, de maneira sublime, para o bem e o serviço dos homens....
Cinco séculos depois, Santa Teresa de Ávila continua a
deixar o exemplo da sua missão espiritual, da nobreza do seu coração, sequioso
de catolicidade, do seu amor, despojado de todo o afeto terreno para dar-se
totalmente à Igreja. Antes do seu último respiro, ela pôde dizer, como epílogo
de toda a sua vida: «Finalmente sou filha da Igreja!».
Queremos ver, nesta expressão, que é presságio e prelúdio da
glória dos Santos para Teresa de Jesus, a herança espiritual legada a toda a
Espanha. Queremos ver também um convite a todos nós, para fazermos eco à sua
voz e para a transformar em programa de vida a fim de poder repetir com ela:
somos filhos da Igreja.
Damo-vos a Nossa Bênção Apostólica."
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