Terceira hora de agonia sobre a Cruz. Quinta, sexta, sétima, Palavras de Jesus. A morte Jesus
Das 2 às 3 da
tarde
Quinta palavra de Jesus na Cruz
Ó
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Ah, o meu coração não pode viver mais, ao ver a impiedade
dos Teus inimigos que, em vez de água, Te dão fel e vinagre, e Tu não os
rejeitas! Ah, compreendo, é o fel de tantas culpas, é o vinagre das nossas
paixões não domadas que querem dar-Te e, que em vez de Te aliviarem Te abrasam
ainda mais. Ó meu Jesus, eis o meu coração, os meus pensamentos e os meus afetos,
eis todo o meu ser, a fim de que sacie a Tua sede e dê um pouco de alívio à Tua
boca seca e amarga.
Tudo o que possuo, tudo o que sou, tudo é para Ti, ó meu
Jesus. Se fossem necessárias as minhas penas para poder salvar ao menos uma só
alma, eis-me aqui, estou pronto a sofrer tudo: ofereço-me inteiramente a Ti,
faz de mim o que a Ti mais Te agradar.
Quero reparar a dor que Tu sofres por todas as almas que se
perdem, e a pena que Te causam aquelas almas que, enquanto Tu permites as
tristezas e os abandonos, em vez de os oferecerem para aliviar a sede ardente
que Te devora, abandonam-se a si mesmas e fazendo-Te, assim, sofrer ainda mais.
Sexta palavra de Jesus na Cruz
Meu Bem agonizante, o mar interminável das Tuas penas, o
fogo que Te consome e para lá de tudo o Querer Supremo do Pai, que quer que Tu
morras, não nos dão esperança de que possas continuar a viver. E eu como
poderei viver sem Ti? As forças abandonam-Te, os olhos apagam-se, o rosto
transforma-se e reveste-se de uma palidez mortal, a boca está entreaberta, a
respiração é ofegante e interrompida, a tal ponto que já não há esperança que
Te possa reanimar. Ao fogo que Te queima, segue-se um calafrio e um suor frio
que banha a Tua fronte. Os músculos e os nervos contraem-se cada vez mais
devido à atrocidade das dores e pelos pregos que Te trespassam; as Chagas
alargam-se ainda mais e eu tremo, sinto-me morrer. Olho para ti, ó meu Bem, e
vejo que dos Teus olhos descem as últimas lágrimas, anunciadoras de que a morte
está próxima, enquanto com dificuldade ainda dizes: “Tudo está consumado!
Ó meu Jesus, já esgotaste tudo e nada mais Te resta; o Amor
chegou ao seu termo. E eu, deixei-me consumir totalmente pelo Teu Amor? Como
poderei agradecer-Te, como poderei manifestar-Te a minha gratidão? Ó meu Jesus,
desejo reparar por todos, reparar a falta de correspondência ao Teu Amor e
consolar-Te pelas afrontas que recebes das criaturas, enquanto Te estás
consumindo de amor na Cruz.
Sétima palavra de Jesus na Cruz
Jesus, meu Crucificado moribundo, estás prestes a dar os
últimos suspiros da tua Vida mortal; a tua Santíssima Humanidade já está
gélida; parece que o Coração já não bate. Juntamente com Madalena, abraço os
Teus pés e, se fosse possível, quereria dar a minha vida para animar a Tua.
Entretanto, ó Jesus, vejo que reabres os Teus olhos
moribundos e olhas em redor da Cruz, como se quisesses dar o derradeiro adeus a
todos. Olhas para a Tua Mãe que está estática e silenciosa devido às muitas
penas que sente, e dizes: “Adeus, Mãe, Eu parto, mas ter-Te-ei no Meu Coração;
Tu cuida dos Meus e dos Teus filhos”. Olhas para a Madalena chorosa, para o
fiel João e para os Teus próprios inimigos, e com os Teus olhares dizes-lhe:
“Eu perdoo-vos e dou-vos o beijo da paz”. Nada escapa ao Teu olhar, despedes-Te
de todos e perdoas a todos; depois, reúnes todas as Tuas forças e, com voz
forte e sonora, gritas: “Pai, nas Tuas mãos entrego o Meu espírito!” E,
inclinando a cabeça, expiras.
Meu Jesus, a este grito toda a natureza se agita e chora a
Tua Morte, a morte do seu Criador! A terra treme com força e, ao tremer, parece
que chora e quer despertar as almas para Te reconhecerem como verdadeiro Deus.
O véu do Templo rasga-se, os mortos ressuscitam, o sol, que até então chorava as
Tuas penas, retirou com terror a sua própria luz. A este grito, os Teus
inimigos ajoelham-se, batem no peito e dizem: “Verdadeiramente Ele é o Filho de
Deus; e a Tua Mãe, estática e agonizante, sofre penas mais dolorosas que a
morte.
Meu Jesus morto, com este brado, Tu também nos entregas a
todos nas mãos do Pai, a fim de que não nos rejeite; por isso, bradas com
força, não só com a voz, mas com todas as Tuas penas e com as vozes do Teu
Sangue: “Pai, nas Tuas mãos entrego o Meu espírito e todas as almas!” Meu
Jesus, também eu me abandono a Ti e dá-me a graça de morrer totalmente no Teu
Amor, no Teu Querer, pedindo-Te que nunca permitas que, nem em vida nem na
morte, eu me afaste da Tua Santíssima Vontade. Entretanto, tenciono reparar por
todos aqueles que não se abandonam perfeitamente à Tua Santíssima Vontade,
perdendo assim ou diminuindo o precioso fruto da Tua Redenção. Qual não será a
dor do Teu Coração, ó meu Jesus, ao ver tantas criaturas que fogem dos Teus
braços e se abandonam a si mesmas? Ó meu Jesus, tem piedade de todos, tem
piedade de mim.
Beijo a Tua Cabeça coroada de espinhos e peço-Te perdão por
tantos pensamentos meus de soberba, de ambição e de amor-próprio, e prometo-Te
que todas as vezes que me vier um pensamento que não seja totalmente para Ti, ó
Jesus, e me encontrar em ocasiões de Te ofender, gritarei logo: “Jesus e Maria,
recomendo-Vos a minha alma!”
Ó Jesus, beijo os teus belos Olhos ainda banhados de
lágrimas e cobertos de Sangue coagulado e peço-Te perdão por todas as vezes que
Te ofendi com olhares perversos e imodestos; prometo-Te que todas as vezes que
os meus olhos forem levados a observar coisas da terra, bradarei imediatamente:
“Jesus e Maria, recomendo-Vos a minha alma!”
Ó meu Jesus, beijo os Teus Sacratíssimos Ouvidos, ensurdecidos
até aos últimos momentos por insultos e horríveis blasfêmias e peço-Te perdão
por, tantas vezes, ter ouvido ou feito ouvir conversas que nos afastam de Ti e
por todas as conversas perversas das criaturas; e prometo-Te que todas as vezes
que me encontrar na ocasião de ouvir conversas não convenientes, logo bradarei:
“Jesus e Maria, recomendo-Vos a minha alma!”
Ó meu Jesus, beijo o Teu Santíssimo Rosto pálido, inchado e
ensanguentado, e peço-Te perdão por tantos desprezos, afrontas e insultos que
recebes de nós, vis criaturas, devido aos nossos pecados; e eu prometo-Te que
todas as vezes que me vier a tentação de não Te dar toda a glória, o amor e a
adoração que Te são devidos, logo gritarei: “Jesus e Maria, recomendo-Vos a
minha alma!”
Ó meu Jesus, beijo a Tua Sacratíssima Boca seca e amarga.
Peço-Te perdão por todas as vezes que Te ofendi com as minhas conversas
negativas, pelas vezes que ajudei a entristecer-Te e a fazer aumentar a Tua
sede; prometo-Te que cada vez que me vier o pensamento de dizer coisas que Te
possam ofender, direi logo: “Jesus e Maria, recomendo-Vos a minha alma!”
Ó meu Jesus, beijo o Teu Santíssimo Pescoço e vejo, ainda,
os sinais das correntes e das cordas que Te oprimiram; peço-Te perdão por todos
os vínculos e apegos das criaturas, que acrescentaram cadeias e cordas ao Teu
Sacratíssimo Pescoço; e prometo-Te que todas as vezes que me sentir inquieto
devido a apegos, desejos e afetos que não sejam por Ti, gritarei logo: “Jesus e
Maria, recomendo-Vos a minha alma!”
Meu Jesus, beijo os Teus Santíssimos Ombros e peço-Te perdão
por tantas satisfações ilícitas, pelos muitos pecados cometidos com os cinco
sentidos do nosso corpo; prometo-Te que todas as vezes que me vier o pensamento
de me apegar a algum prazer ou satisfação que não seja para a Tua glória, direi
imediatamente: “Jesus e Maria, recomendo-Vos a minha alma”.
Meu Jesus, beijo o Teu Santíssimo Peito e peço-Te perdão por
todas as friezas, indiferenças, tibiezas e ingratidões horríveis que recebes
das criaturas e prometo-Te que todas as vezes que me sentir arrefecer no meu
amor para conTigo, gritarei logo: “Jesus e Maria, recomendo-Vos a minha alma!
Meu Jesus, beijo as Tuas Sacratíssimas Mãos; peço-Te perdão
por todas as obras más e indiferentes, por tantos atos pervertidos pelo
amor-próprio e pela estima pessoal. Prometo-Te que todas as vezes que me vier o
pensamento de não agir somente pelo Teu Amor, bradarei imediatamente: “Jesus e
Maria, recomendo-Vos a minha alma!”
Ó meu Jesus, beijo os Teus Santíssimos Pés e peço-Te perdão
por tantos passos, tantos caminhos percorridos sem reta intenção, por tantos
que se afastam de Ti para ir em busca dos prazeres terrenos. Prometo-Te que
todas as vezes que me vier o pensamento de me afastar de Ti, bradarei
imediatamente: “Jesus e Maria, recomendo-Vos a minha alma!”
Ó Jesus, beijo o Teu Sacratíssimo Coração e nele, com a
minha alma, desejo encerrar todas as almas que redimiste, para que todas elas
sejam salvas, e nenhuma seja posta de parte.
Ó Jesus, encerra-me no Teu Coração e fecha as portas a fim
de que eu não possa ver mais nada senão a Ti. Prometo-Te que todas as vezes que
me vier o pensamento de querer sair deste Coração, bradarei imediatamente:
“Jesus e Maria, recomendo-Vos a minha alma!”
Reflexões práticas
Jesus arde de sede; e nós, ardemos de amor por Jesus? Os
nossos pensamentos e afetos têm sempre a finalidade de saciar a Sua sede
ardente?
Jesus sedento não conseguindo aguentar mais a sede que O
queima, acrescenta: “Tudo está consumado!” Portanto, Jesus consumou-Se todo por
todos nós; e nós, esforçamo-nos por nos consumarmos continuamente por amor de
Jesus? Cada ato, palavra e pensamento conduziam Jesus para a consumação; e cada
ato nosso, palavra e pensamento nos impelem a consumarmo-nos por amor de Jesus?
Ó Jesus, minha doce Vida, o teu hálito consumado sopre
sempre no meu pobre coração para poder receber o sinal da Tua consumação.
Na Cruz, Jesus cumpre em tudo a Vontade do Pai e expira num
ato perfeito de abandono na Sua Santíssima Vontade; e nós, realizamos em tudo a
Vontade de Deus? Abandonamo-nos perfeitamente na Sua Vontade, sem olharmos ao
que nos possa acontecer, felizes unicamente por estarmos abandonados nos Seus
santíssimos braços? O morrer a nós mesmos é contínuo, por amor de Jesus?
Podemos dizer que, embora vivamos, não vivemos, que morremos para tudo, a fim
de viver não da nossa vida, mas somente da Vida de Jesus? Ou seja, tudo o que
fazemos, que pensamos, que desejamos e amamos, chama a Vida de Jesus em nós,
para fazer morrer a nossa palavra, o nosso passo, o nosso desejo e o nosso pensamento,
tudo em Jesus?
Ó meu Jesus, a minha morte seja uma morte constante por amor
de Ti, e cada morte que padeço seja uma vida que tenciono dar a todas as almas.