Segunda hora de agonia sobre a Cruz. Segunda, terceira e quarta Palavra de Jesus
Das 1 às 2 da
tarde
Segunda palavra de Jesus na Cruz
M
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Ó meu Jesus, quero reparar por aqueles que [não confiam na
tua] Misericórdia Divina e desesperam no momento da morte. Meu doce Amor,
inspira confiança e certeza iluminada em Ti, especialmente àqueles que se
encontram entre as angústias da agonia; e, em virtude desta Tua palavra,
concede-lhes luz, força e auxílio para poderem morrer santamente e voar desta
Terra para o Céu. Ó Jesus, encerra todas as almas no Teu Santíssimo Corpo, no
Teu Sangue e nas Tuas Chagas. Portanto, pelos méritos deste teu preciosíssimo
Sangue, não permitas que nem sequer uma só alma se perca! Ainda agora, o Teu Sangue
brade juntamente com a Tua voz, a todas: “Hoje estareis comigo no Paraíso!”
Terceira palavra de Jesus na Cruz
Meu Jesus crucificado e dilacerado, as Tuas penas aumentam
sempre cada vez mais: ah, nesta Cruz, Tu és o verdadeiro Rei das dores; no meio
de tantas penas, nenhuma alma Te passa despercebida; pelo contrário, dás a cada
uma delas a Tua própria Vida. Mas, o Teu Amor é contrariado, desprezado,
descuidado pelas criaturas e, não o podendo dar, torna-se mais intenso,
provoca-Te torturas indizíveis; nestas torturas, vai indagando que mais poderá
dar ao homem para o vencer e faz-Te dizer: “Vê, ó alma, quanto te amei, se não
queres ter piedade de ti mesma, ao menos, tem piedade do Meu Amor!”.
Entretanto, vendo que não tens mais nada para lhe dar, uma vez que já lhe deste
tudo, diriges o Teu olhar apagado à Tua Mãe; também Ela está mais do que
moribunda por causa das Tuas dores, e o Amor que a tortura é tanto que a
crucifica como a Ti. Como Mãe e Filho compreendeis-Vos muito bem e Tu suspiras
com satisfação e confortas-Te ao ver que podes dar a Tua Mãe à criatura e,
vendo em João toda a Humanidade, com voz muito terna, ao ponto de enternecer
todos os corações, dizes: “Mulher, eis o Teu filho”; e a João: “Eis a tua Mãe”.
A Tua voz penetra no Seu Coração materno e, unida às vozes do Teu Sangue,
continua a dizer: “Minha Mãe, confio-Te todos os Meus filhos, todo o amor que sentes
por Mim, sente-o também por eles; todos os Teus cuidados e ternuras maternas
sejam para os Meus filhos; Tu salvá-los-ás a todos”. A Tua Mãe aceita.
Entretanto, as dores são tão fortes que Te fazem silenciar de novo.
Ó meu Jesus, desejo reparar as ofensas que se fazem à
Santíssima Virgem, as blasfêmias e as ingratidões de tantos que não querem
reconhecer os benefícios que Tu deste a todos, dando-no-l’A como Mãe.
Como poderemos agradecer-Te tantos benefícios? Ó Jesus,
recorremos à Tua própria fonte e oferecemos-Te o Teu Sangue, as Tuas Chagas, o
Amor infinito do Teu Coração! Ó Virgem Santíssima, o que é que Tu sentes ao
ouvir a voz do bom Jesus que Te deixa a todos nós como Mãe?
Ó Virgem bendita, agradecemos-Te e, para Te agradecer como
mereces, oferecemos-Te os próprios agradecimentos do Teu Jesus. Ó terna Mãe, sê
Tu a nossa Mãe, toma cuidado de nós e nunca permitas que Te ofendamos, ainda
que minimamente. Conserva-nos sempre unidos a Jesus, com as Tuas mãos ata-nos
todos, todos a Ele, de maneira que nunca mais possamos apartar-nos d’Ele. Com
as Tuas próprias intenções, quero reparar por todos as ofensas que se fazem ao
Teu Jesus e a Ti, Minha terna Mãe!
Ó meu Jesus, enquanto estás mergulhado em tantas penas, Tu
oras ainda mais pela causa da salvação das almas; perante isto, não ficarei
indiferente, mas como pomba quero levantar voo sobre as Tuas Chagas, beijá-las,
mitigá-las e mergulhar no Teu Sangue, para poder dizer conTigo: “Almas, almas!
Quero sustentar a Tua cabeça trespassada e dolorida para Te reparar e Te pedir
misericórdia, amor e perdão para todos.
Ó meu Jesus, reina na minha mente e cura-a em virtude dos
espinhos que trespassaram a Tua cabeça; e não permitas que qualquer perturbação
entre em mim. Fronte majestosa do meu Jesus, beijo-Te, atrai todos os meus
pensamentos para Te contemplar e Te compreender. Olhos dulcíssimos do meu Bem,
ainda que cobertos de Sangue, olhai-me; olhai a minha miséria, a minha
debilidade, o meu pobre coração e fazei com que eu possa experimentar os
efeitos admiráveis do Vosso olhar divino. Ouvidos do meu Jesus, apesar de
ensurdecidos pelos insultos e pelas blasfêmias dos ímpios, estais à nossa
escuta; escutai as minhas orações e não desprezeis as minhas reparações. Sim,
escuta, ó Jesus, o grito do meu coração; então, ele sossegará, quando o tiveres
enchido com o Teu Amor. Rosto belíssimo do meu Jesus, mostra-Te, faz com que eu
Te veja, a fim de que de todos e de tudo eu desapegue o meu pobre coração. A
Tua Beleza me enamore continuamente e me conserve sempre arrebatado em Ti. Boca
suavíssima do meu Jesus, fala-me, faz ressoar sempre a tua voz em mim e o poder
da tua palavra destrua tudo o que não é Vontade de Deus, o que não é amor.
Ó Jesus, lanço os meus braços ao Teu pescoço e Tu lanças-me
os Teus para me abraçar. Ó meu Bem, faz com que este abraço amoroso seja tão
forte, que nenhuma força humana possa separar-nos e assim abraçados, eu
apoiarei o meu rosto no Teu Coração e depois, com confiança, beijarei os Teus
lábios e Tu dar-me-ás o Teu beijo de amor. Assim, far-me-ás respirar o Teu
hálito dulcíssimo, o Teu Amor, o Teu Querer, as Tuas penas e toda a Tua Vida
Divina. Santíssimos ombros do meu Jesus, sempre fortes e constantes em padecer
por meu amor, dai-me fortaleza, constância e heroísmo no sofrimento por seu amor.
Ó Jesus, não permitas que eu seja inconstante no amor;
antes, faz-me parte da Tua Imutabilidade! Peito inflamado do meu Jesus, dá-me
as Tuas chamas: Tu não as podes conter por mais tempo e o meu coração, com
ansiedade, procura-as através daquele Sangue e daquelas Chagas. Ó Jesus, aquilo
que mais Te atormenta são as chamas do Teu Amor; ó meu Bem, torna-me
participante delas. Será que não Te compadeces de uma alma tão fria e pobre do
Teu Amor? Santíssimas Mãos do meu Jesus, vós que criastes o Céu e a Terra,
estais dilaceradas a ponto de não vos poderdes mexer! Ó meu Jesus, continua a
Tua Criação: a Criação do Amor. Cria em todo o meu ser uma vida nova, a Vida
Divina; pronuncia as Tuas palavras no meu pobre coração e transforma-o todo no
Teu. Santíssimos Pés do meu Jesus, nunca me deixeis sozinho, fazei com que eu
corra sempre convosco e não dê nem sequer um passo longe de vós. Jesus, com o
meu amor e as minhas reparações, desejo aliviar-Te das penas que Tu sofres nos
Teus Santíssimos Pés.
Ó meu Jesus Crucificado, adoro o Teu Sangue preciosíssimo,
beijo uma a uma as Tuas Chagas, desejando lançar nelas todo o meu amor, as
minhas adorações e as reparações mais sentidas. Seja o Teu Sangue para todas as
almas luz nas trevas, conforto nas penas, força na fragilidade, perdão na
culpa, auxílio nas tentações, defesa nos perigos, amparo na morte e asas para
transportá-las desta Terra para o Céu.
Ó Jesus, venho a Ti e no Teu Coração faço o meu ninho e a
minha morada. De dentro do Teu Coração, ó meu doce Amor, chamarei todos a Ti; e
se alguém quiser aproximar-se para Te ofender, exporei o meu peito e não
permitirei que Te fira; pelo contrário, fechá-lo-ei no Teu Coração,
falar-lhe-ei do Teu Amor e farei que transforme as ofensas em amor.
Ó Jesus, nunca permitas que eu saia do Teu Coração,
alimenta-me com as Tuas chamas, dá-me vida com a Tua Vida para que eu possa
amar-Te como Tu mesmo desejas ser amado.
Quarta palavra de Jesus na Cruz
Jesus sofredor, enquanto estou abraçado e abandonado no Teu
Coração, numerando as Tuas penas, vejo que um calafrio violento invade a Tua
Santíssima Humanidade; os Teus membros agitam-se como se um quisesse separar-se
do outro e, entre as convulsões provocadas pelas dores atrozes, Tu bradas com
voz forte: “Meu Deus, Meu Deus, porque Me abandonaste?” A este teu grito, todos
tremem, as trevas tornam-se mais densas, a Mãe, petrificada, empalidece e
desfalece!
Minha Vida! Meu tudo! Meu Jesus, o que vejo? Ah, Tu estás
prestes a morrer, as próprias dores, que Te são tão fiéis, estão prestes a deixar-Te;
e, no entanto, depois de tanto sofrimento, com imensa dor, vês que as almas não
estão todas unidas a Ti; antes, vês que muitas delas se perderão e ao
desvincularem-se dos Teus membros sentes a dolorosa separação. E Tu, devendo
satisfazer a Justiça Divina também por elas, sentes a morte de cada uma e as
próprias penas que sofrerão no Inferno, e gritas com força a todos os corações:
“Não Me abandoneis; se quiserdes mais penas, estou pronto, mas não vos separeis
da Minha Humanidade. Esta é a dor das dores, é a morte das mortes; tudo o
resto, nada seria para Mim, se Eu não padecesse a vossa separação! Tende
piedade do Meu Sangue, das Minhas Chagas e da Minha Morte! Este grito será
contínuo aos vossos corações. Não Me abandoneis!
Meu amor, quanto sofro, juntamente conTigo! Tu afliges-Te; a
Tua Santíssima Cabeça inclina-se sobre o Teu peito e a vida abandona-Te.
Meu Amor, sinto-me morrer, também eu quero gritar conTigo:
“Almas, almas!” Não me apartarei desta Cruz, destas Chagas, para Te pedir almas
e, se Tu quiseres, penetrarei nos corações das criaturas, circundá-los-ei com
as Tuas penas, para que não me fujam e, se me fosse possível, quereria
colocar-me à porta do Inferno, a fim de fazer recuar as almas que se encaminham
para lá e conduzi-las ao Teu Coração. Mas, Tu agonizas e silencias, enquanto eu
choro a Tua Morte iminente. Ó meu Jesus, tenho compaixão de Ti, estreito com
força o Teu Coração ao meu, beijo-o e olho-o com toda a ternura de que sou
capaz e, para Te aliviar mais, faço minha a Ternura divina e com esta quero
compadecer-me de Ti, transformar o meu coração em rios de doçura e derramá-lo
no Teu para suavizar a amargura que sentes pela perda das almas. Ó meu Jesus,
este Teu grito é demasiado doloroso; mais do que o abandono do Pai, é a perda
das almas, que se afastam de Ti, que são a causa de deixares escapar do Teu
Coração esta dolorosa lamentação! Ó meu Jesus, aumenta em todos a graça, a fim
de que ninguém se perca e a minha reparação seja em benefício das almas que se
deveriam perder, para que não se percam.
Ó meu Jesus, por meio deste abandono, ainda Te peço que
ajudes tantas almas amantes que, para tê-las como companhia no Teu abandono,
parece que as privas de Ti, deixando-as nas trevas. Ó Jesus, as penas destas
sejam como preces que chamam as almas para perto de Ti e para Te aliviarem na
Tua dor.
Reflexões práticas
Jesus perdoa ao bom ladrão, e com tanto amor que,
imediatamente, o leva conSigo para o Paraíso; e nós, rezamos sempre pelas almas
de tantos moribundos que têm necessidade de uma prece, para que se feche para
elas o Inferno e se lhes abram as portas do Céu?
As penas de Jesus na Cruz aumentam mas, esquecendo-se de Si
mesmo, Ele reza sempre por nós; não guarda nada para Si e dá-nos tudo a nós,
até mesmo a Sua Santíssima Mãe, que era o dom mais precioso para o Seu Coração.
E nós, damos tudo a Jesus?
Em tudo o que fazemos: orações, ações e outras coisas, temos
sempre a intenção de absorver novo amor em nós, para depois o podermos dar todo
a Ele? Devemos absorvê-lo para o dar, a fim de que tudo o que fizermos tenha o
sinal do operar de Jesus.
Quando o Senhor nos dá fervor, luz e amor, servimo-nos de
tudo isto em benefício dos outros? Procuramos encerrar as almas nesta luz e
neste fervor para solicitar o Coração de Jesus a convertê-las? Ou então, como
egoístas, conservamos as Suas graças só para nós?
“Ó meu Jesus, peço-Te que cada pequena centelha de amor que
sinto no meu coração se torne um incêndio, que consuma todos os corações das
criaturas e as encerre no Teu Coração”.
Que uso fazemos do grande dom que nos concedeu ao dar-nos a
Sua Mãe? Fazemos nosso o Amor de Jesus, as Suas ternuras e tudo o que Ele
fazia, para contentar a Sua Mãe? Podemos dizer que a nossa Mãe Divina encontra
em nós a alegria que encontrava em Jesus? Estamos sempre próximos d’Ela como
filhos fiéis, obedecemos-Lhe e imitamos as Suas virtudes? Procuramos fazer tudo
para não nos subtrairmos ao Seu olhar materno, a fim de que nos conserve sempre
unidos a Jesus? Em tudo o que fazemos, chamamos o olhar da Mãe Celeste para nos
guiar, a fim de podermos agir santamente, como verdadeiros filhos, sob o Seu
olhar piedoso? E para Lhe podermos dar a alegria, como lha dava o Seu Filho,
peçamos a Jesus todo o amor que dedicava à Sua Santíssima Mãe, a glória, que
Lhe dava continuamente, a ternura e todas as delicadezas de amor; façamos nosso
tudo isto e digamos à Mãe Celeste: “Temos Jesus em nós e para Te fazermos feliz
e para que encontres em nós aquilo que encontravas em Jesus, damos-Te tudo a
Ti. Além disso, Mãe bela, nós queremos dar ainda a Jesus toda a felicidade que
Ele encontrava em Ti, e por isso desejamos entrar no Teu Coração e tomar o Teu
Amor, toda a Tua felicidade, todas as Tuas ternuras e cuidados maternais, para
Lhe dar tudo isto a Ele. Nossa Mãe, as Tuas mãos maternas sejam as correntes
suaves que nos conservem unidos a Jesus e a Ti.
Jesus não Se poupa em nada: amando-nos com grande amor,
quereria salvar-nos a todos e, se fosse possível, quereria arrancar do Inferno
todas as almas e padecer, também, todas as suas penas. Não obstante, Ele vê
que, com esforço, as almas querem fugir dos Seus braços e, não podendo conter a
Sua dor, exclama: “Meu Deus, Meu Deus, porque Me abandonaste?” E nós, podemos
dizer que o nosso amor pelas almas é semelhante ao de Jesus? As nossas orações,
as nossas penas, e todos os nossos pequenos atos são unidos aos atos, às preces
de Jesus, para arrancar almas ao Inferno? Como consolamos Jesus nesta Sua
imensa dor? Se a nossa vida se pudesse consumar num holocausto contínuo, não
seria suficiente para consolar esta dor. Cada pequeno ato, pena, pensamento que
fazemos unidos a Jesus pode servir para conquistar almas, para que não caiam no
Inferno. Unidos a Jesus, teremos nas nossas mãos o Seu próprio poder; e ao
contrário, se não fizermos os nossos atos unidos a Ele, estes não servirão
sequer para impedir que uma só alma vá para o Inferno.
Meu Amor e meu Tudo, conserva-me intimamente unido ao Teu
Coração, a fim de que sinta, imediatamente, o quanto o pecador Te entristece ao
separar-se de Ti e assim poder fazer logo a minha parte. “Ó meu Jesus, o Teu
Amor amarre o meu coração para que, abrasado pelo Teu fogo, possa sentir o amor
que Tu mesmo tinhas pelas almas. Ó Jesus, quando sofro dores, penas e
amarguras, então, desabafa a Tua Justiça sobre mim e recebe a satisfação que
desejas; mas, o pecador, ó Jesus, seja salvo e as minhas penas constituam um
vínculo que Te una ao pecador e a minha alma receba a consolação de ver a Tua
Justiça satisfeita.