Segunda hora de agonia sobre a Cruz
Das 1 às 2 da tarde
Segunda palavra de Jesus na Cruz

Ó meu Jesus, quero reparar por aqueles que [não confiam na tua]
Misericórdia Divina e desesperam no momento da morte. Meu doce Amor, inspira
confiança e certeza iluminada em Ti, especialmente àqueles que se encontram
entre as angústias da agonia; e, em virtude desta Tua palavra, concede-lhes
luz, força e auxílio para poderem morrer santamente e voar desta Terra para
o Céu. Ó Jesus, encerra todas as almas no Teu Santíssimo Corpo, no Teu
Sangue e nas Tuas Chagas. Portanto, pelos méritos deste teu preciosíssimo
Sangue, não permitas que nem sequer uma só alma se perca! Ainda agora, o Teu
Sangue brade juntamente com a Tua voz, a todas: “Hoje estareis comigo no
Paraíso!”
Terceira palavra de Jesus na Cruz
Meu Jesus crucificado e dilacerado, as Tuas penas aumentam sempre cada vez
mais: ah, nesta Cruz, Tu és o verdadeiro Rei das dores; no meio de tantas
penas, nenhuma alma Te passa despercebida; pelo contrário, dás a cada uma
delas a Tua própria Vida. Mas, o Teu Amor é contrariado, desprezado,
descuidado pelas criaturas e, não o podendo dar, torna-se mais intenso,
provoca-Te torturas indizíveis; nestas torturas, vai indagando que mais
poderá dar ao homem para o vencer e faz-Te dizer: “Vê, ó alma, quanto te
amei, se não queres ter piedade de ti mesma, ao menos, tem piedade do Meu
Amor!”. Entretanto, vendo que não tens mais nada para lhe dar, uma vez que
já lhe deste tudo, diriges o Teu olhar apagado à Tua Mãe; também Ela está
mais do que moribunda por causa das Tuas dores, e o Amor que a tortura é
tanto que a crucifica como a Ti. Como Mãe e Filho compreendeis-Vos muito bem
e Tu suspiras com satisfação e confortas-Te ao ver que podes dar a Tua Mãe à
criatura e, vendo em João toda a Humanidade, com voz muito terna, ao ponto
de enternecer todos os corações, dizes: “Mulher, eis o Teu filho”; e a João:
“Eis a tua Mãe”. A Tua voz penetra no Seu Coração materno e, unida às vozes
do Teu Sangue, continua a dizer: “Minha Mãe, confio-Te todos os Meus filhos,
todo o amor que sentes por Mim, sente-o também por eles; todos os Teus
cuidados e ternuras maternas sejam para os Meus filhos; Tu salvá-los-ás a
todos”. A Tua Mãe aceita. Entretanto, as dores são tão fortes que Te fazem
silenciar de novo.
Ó meu Jesus, desejo reparar as ofensas que se fazem à Santíssima Virgem, as
blasfêmias e as ingratidões de tantos que não querem reconhecer os
benefícios que Tu deste a todos, dando-no-l’A como Mãe.
Como poderemos agradecer-Te tantos benefícios? Ó Jesus, recorremos à Tua
própria fonte e oferecemos-Te o Teu Sangue, as Tuas Chagas, o Amor infinito
do Teu Coração! Ó Virgem Santíssima, o que é que Tu sentes ao ouvir a voz do
bom Jesus que Te deixa a todos nós como Mãe?
Ó Virgem bendita, agradecemos-Te e, para Te agradecer como mereces,
oferecemos-Te os próprios agradecimentos do Teu Jesus. Ó terna Mãe, sê Tu a
nossa Mãe, toma cuidado de nós e nunca permitas que Te ofendamos, ainda que
minimamente. Conserva-nos sempre unidos a Jesus, com as Tuas mãos ata-nos
todos, todos a Ele, de maneira que nunca mais possamos apartar-nos d’Ele.
Com as Tuas próprias intenções, quero reparar por todos as ofensas que se
fazem ao Teu Jesus e a Ti, Minha terna Mãe!
Ó meu Jesus, enquanto estás mergulhado em tantas penas, Tu oras ainda mais
pela causa da salvação das almas; perante isto, não ficarei indiferente, mas
como pomba quero levantar voo sobre as Tuas Chagas, beijá-las, mitigá-las e
mergulhar no Teu Sangue, para poder dizer conTigo: “Almas, almas! Quero
sustentar a Tua cabeça trespassada e dolorida para Te reparar e Te pedir
misericórdia, amor e perdão para todos.
Ó meu Jesus, reina na minha mente e cura-a em virtude dos espinhos que
trespassaram a Tua cabeça; e não permitas que qualquer perturbação entre em
mim. Fronte majestosa do meu Jesus, beijo-Te, atrai todos os meus
pensamentos para Te contemplar e Te compreender. Olhos dulcíssimos do meu
Bem, ainda que cobertos de Sangue, olhai-me; olhai a minha miséria, a minha
debilidade, o meu pobre coração e fazei com que eu possa experimentar os
efeitos admiráveis do Vosso olhar divino. Ouvidos do meu Jesus, apesar de
ensurdecidos pelos insultos e pelas blasfêmias dos ímpios, estais à nossa
escuta; escutai as minhas orações e não desprezeis as minhas reparações.
Sim, escuta, ó Jesus, o grito do meu coração; então, ele sossegará, quando o
tiveres enchido com o Teu Amor. Rosto belíssimo do meu Jesus, mostra-Te, faz
com que eu Te veja, a fim de que de todos e de tudo eu desapegue o meu pobre
coração. A Tua Beleza me enamore continuamente e me conserve sempre
arrebatado em Ti. Boca suavíssima do meu Jesus, fala-me, faz ressoar sempre
a tua voz em mim e o poder da tua palavra destrua tudo o que não é Vontade
de Deus, o que não é amor.
Ó Jesus, lanço os meus braços ao Teu pescoço e Tu lanças-me os Teus para me
abraçar. Ó meu Bem, faz com que este abraço amoroso seja tão forte, que
nenhuma força humana possa separar-nos e assim abraçados, eu apoiarei o meu
rosto no Teu Coração e depois, com confiança, beijarei os Teus lábios e Tu
dar-me-ás o Teu beijo de amor. Assim, far-me-ás respirar o Teu hálito
dulcíssimo, o Teu Amor, o Teu Querer, as Tuas penas e toda a Tua Vida
Divina. Santíssimos ombros do meu Jesus, sempre fortes e constantes em
padecer por meu amor, dai-me fortaleza, constância e heroísmo no sofrimento
por seu amor.
Ó Jesus, não permitas que eu seja inconstante no amor; antes, faz-me parte
da Tua Imutabilidade! Peito inflamado do meu Jesus, dá-me as Tuas chamas: Tu
não as podes conter por mais tempo e o meu coração, com ansiedade,
procura-as através daquele Sangue e daquelas Chagas. Ó Jesus, aquilo que
mais Te atormenta são as chamas do Teu Amor; ó meu Bem, torna-me
participante delas. Será que não Te compadeces de uma alma tão fria e pobre
do Teu Amor? Santíssimas Mãos do meu Jesus, vós que criastes o Céu e a
Terra, estais dilaceradas a ponto de não vos poderdes mexer! Ó meu Jesus,
continua a Tua Criação: a Criação do Amor. Cria em todo o meu ser uma vida
nova, a Vida Divina; pronuncia as Tuas palavras no meu pobre coração e
transforma-o todo no Teu. Santíssimos Pés do meu Jesus, nunca me deixeis
sozinho, fazei com que eu corra sempre convosco e não dê nem sequer um passo
longe de vós. Jesus, com o meu amor e as minhas reparações, desejo
aliviar-Te das penas que Tu sofres nos Teus Santíssimos Pés.
Ó meu Jesus Crucificado, adoro o Teu Sangue preciosíssimo, beijo uma a uma
as Tuas Chagas, desejando lançar nelas todo o meu amor, as minhas adorações
e as reparações mais sentidas. Seja o Teu Sangue para todas as almas luz nas
trevas, conforto nas penas, força na fragilidade, perdão na culpa, auxílio
nas tentações, defesa nos perigos, amparo na morte e asas para
transportá-las desta Terra para o Céu.
Ó Jesus, venho a Ti e no Teu Coração faço o meu ninho e a minha morada. De
dentro do Teu Coração, ó meu doce Amor, chamarei todos a Ti; e se alguém
quiser aproximar-se para Te ofender, exporei o meu peito e não permitirei
que Te fira; pelo contrário, fechá-lo-ei no Teu Coração, falar-lhe-ei do Teu
Amor e farei que transforme as ofensas em amor.
Ó Jesus, nunca permitas que eu saia do Teu Coração, alimenta-me com as Tuas
chamas, dá-me vida com a Tua Vida para que eu possa amar-Te como Tu mesmo
desejas ser amado.
Quarta palavra de Jesus na Cruz
Jesus sofredor, enquanto estou abraçado e abandonado no Teu Coração,
numerando as Tuas penas, vejo que um calafrio violento invade a Tua
Santíssima Humanidade; os Teus membros agitam-se como se um quisesse
separar-se do outro e, entre as convulsões provocadas pelas dores atrozes,
Tu bradas com voz forte: “Meu Deus, Meu Deus, porque Me abandonaste?” A este
teu grito, todos tremem, as trevas tornam-se mais densas, a Mãe,
petrificada, empalidece e desfalece!
Minha Vida! Meu tudo! Meu Jesus, o que vejo? Ah, Tu estás prestes a morrer,
as próprias dores, que Te são tão fiéis, estão prestes a deixar-Te; e, no
entanto, depois de tanto sofrimento, com imensa dor, vês que as almas não
estão todas unidas a Ti; antes, vês que muitas delas se perderão e ao
desvincularem-se dos Teus membros sentes a dolorosa separação. E Tu, devendo
satisfazer a Justiça Divina também por elas, sentes a morte de cada uma e as
próprias penas que sofrerão no Inferno, e gritas com força a todos os
corações: “Não Me abandoneis; se quiserdes mais penas, estou pronto, mas não
vos separeis da Minha Humanidade. Esta é a dor das dores, é a morte das
mortes; tudo o resto, nada seria para Mim, se Eu não padecesse a vossa
separação! Tende piedade do Meu Sangue, das Minhas Chagas e da Minha Morte!
Este grito será contínuo aos vossos corações. Não Me abandoneis!
Meu amor, quanto sofro, juntamente conTigo! Tu afliges-Te; a Tua Santíssima
Cabeça inclina-se sobre o Teu peito e a vida abandona-Te.
Meu Amor, sinto-me morrer, também eu quero gritar conTigo: “Almas, almas!”
Não me apartarei desta Cruz, destas Chagas, para Te pedir almas e, se Tu
quiseres, penetrarei nos corações das criaturas, circundá-los-ei com as Tuas
penas, para que não me fujam e, se me fosse possível, quereria colocar-me à
porta do Inferno, a fim de fazer recuar as almas que se encaminham para lá e
conduzi-las ao Teu Coração. Mas, Tu agonizas e silencias, enquanto eu choro
a Tua Morte iminente. Ó meu Jesus, tenho compaixão de Ti, estreito com força
o Teu Coração ao meu, beijo-o e olho-o com toda a ternura de que sou capaz
e, para Te aliviar mais, faço minha a Ternura divina e com esta quero
compadecer-me de Ti, transformar o meu coração em rios de doçura e
derramá-lo no Teu para suavizar a amargura que sentes pela perda das almas.
Ó meu Jesus, este Teu grito é demasiado doloroso; mais do que o abandono do
Pai, é a perda das almas, que se afastam de Ti, que são a causa de deixares
escapar do Teu Coração esta dolorosa lamentação! Ó meu Jesus, aumenta em
todos a graça, a fim de que ninguém se perca e a minha reparação seja em
benefício das almas que se deveriam perder, para que não se percam.
Ó meu Jesus, por meio deste abandono, ainda Te peço que ajudes tantas almas
amantes que, para tê-las como companhia no Teu abandono, parece que as
privas de Ti, deixando-as nas trevas. Ó Jesus, as penas destas sejam como
preces que chamam as almas para perto de Ti e para Te aliviarem na Tua
dor.
Reflexões práticas
Jesus perdoa ao bom ladrão, e com tanto amor que, imediatamente, o leva
conSigo para o Paraíso; e nós, rezamos sempre pelas almas de tantos
moribundos que têm necessidade de uma prece, para que se feche para elas o
Inferno e se lhes abram as portas do Céu?
As penas de Jesus na Cruz aumentam mas, esquecendo-se de Si mesmo, Ele reza
sempre por nós; não guarda nada para Si e dá-nos tudo a nós, até mesmo a Sua
Santíssima Mãe, que era o dom mais precioso para o Seu Coração. E nós, damos
tudo a Jesus?
Em tudo o que fazemos: orações, ações e outras coisas, temos sempre a
intenção de absorver novo amor em nós, para depois o podermos dar todo a
Ele? Devemos absorvê-lo para o dar, a fim de que tudo o que fizermos tenha o
sinal do operar de Jesus.
Quando o Senhor nos dá fervor, luz e amor, servimo-nos de tudo isto em
benefício dos outros? Procuramos encerrar as almas nesta luz e neste fervor
para solicitar o Coração de Jesus a convertê-las? Ou então, como egoístas,
conservamos as Suas graças só para nós?
“Ó meu Jesus, peço-Te que cada pequena centelha de amor que sinto no meu
coração se torne um incêndio, que consuma todos os corações das criaturas e
as encerre no Teu Coração”.
Que uso fazemos do grande dom que nos concedeu ao dar-nos a Sua Mãe?
Fazemos nosso o Amor de Jesus, as Suas ternuras e tudo o que Ele fazia, para
contentar a Sua Mãe? Podemos dizer que a nossa Mãe Divina encontra em nós a
alegria que encontrava em Jesus? Estamos sempre próximos d’Ela como filhos
fiéis, obedecemos-Lhe e imitamos as Suas virtudes? Procuramos fazer tudo
para não nos subtrairmos ao Seu olhar materno, a fim de que nos conserve
sempre unidos a Jesus? Em tudo o que fazemos, chamamos o olhar da Mãe
Celeste para nos guiar, a fim de podermos agir santamente, como verdadeiros
filhos, sob o Seu olhar piedoso? E para Lhe podermos dar a alegria, como lha
dava o Seu Filho, peçamos a Jesus todo o amor que dedicava à Sua Santíssima
Mãe, a glória, que Lhe dava continuamente, a ternura e todas as delicadezas
de amor; façamos nosso tudo isto e digamos à Mãe Celeste: “Temos Jesus em
nós e para Te fazermos feliz e para que encontres em nós aquilo que
encontravas em Jesus, damos-Te tudo a Ti. Além disso, Mãe bela, nós queremos
dar ainda a Jesus toda a felicidade que Ele encontrava em Ti, e por isso
desejamos entrar no Teu Coração e tomar o Teu Amor, toda a Tua felicidade,
todas as Tuas ternuras e cuidados maternais, para Lhe dar tudo isto a Ele.
Nossa Mãe, as Tuas mãos maternas sejam as correntes suaves que nos conservem
unidos a Jesus e a Ti.
Jesus não Se poupa em nada: amando-nos com grande amor, quereria salvar-nos
a todos e, se fosse possível, quereria arrancar do Inferno todas as almas e
padecer, também, todas as suas penas. Não obstante, Ele vê que, com esforço,
as almas querem fugir dos Seus braços e, não podendo conter a Sua dor,
exclama: “Meu Deus, Meu Deus, porque Me abandonaste?” E nós, podemos dizer
que o nosso amor pelas almas é semelhante ao de Jesus? As nossas orações, as
nossas penas, e todos os nossos pequenos atos são unidos aos atos, às preces
de Jesus, para arrancar almas ao Inferno? Como consolamos Jesus nesta Sua
imensa dor? Se a nossa vida se pudesse consumar num holocausto contínuo, não
seria suficiente para consolar esta dor. Cada pequeno ato, pena, pensamento
que fazemos unidos a Jesus pode servir para conquistar almas, para que não
caiam no Inferno. Unidos a Jesus, teremos nas nossas mãos o Seu próprio
poder; e ao contrário, se não fizermos os nossos atos unidos a Ele, estes
não servirão sequer para impedir que uma só alma vá para o Inferno.
Meu Amor e meu Tudo, conserva-me intimamente unido ao Teu Coração, a fim de
que sinta, imediatamente, o quanto o pecador Te entristece ao separar-se de
Ti e assim poder fazer logo a minha parte. “Ó meu Jesus, o Teu Amor amarre o
meu coração para que, abrasado pelo Teu fogo, possa sentir o amor que Tu
mesmo tinhas pelas almas. Ó Jesus, quando sofro dores, penas e amarguras,
então, desabafa a Tua Justiça sobre mim e recebe a satisfação que desejas;
mas, o pecador, ó Jesus, seja salvo e as minhas penas constituam um vínculo
que Te una ao pecador e a minha alma receba a consolação de ver a Tua
Justiça satisfeita.