Jesus pega na Cruz e vai para o Calvário, onde é despido
Das 10 às 11 da manhã

Segunda coroação de espinhos
Entretanto, os Teus inimigos levam-Te de novo para dentro do Pretório,
tiram-Te a púrpura e querem vestir-Te de novo com as Tuas vestes. Mas, ah,
quanta dor! Ser-me-ia mais fácil morrer que ver-Te sofrer tanto! A veste
prende-se na coroa e não ta podem tirar; por isso, com crueldade, nunca
vista, tiram-Te a veste e a coroa ao mesmo tempo. Com o puxão cruel, muitos
espinhos se partem e ficam enterrados na Tua Santíssima Cabeça; o Sangue
brota como um rio e a Tua dor é tanta, que Tu gemes; mas, os Teus inimigos,
não se importando com as Tuas dores, vestem-Te a veste e voltam a colocar-Te
a coroa e, calcando-a com força sobre a Tua cabeça, os espinhos enterram-se
até aos olhos e até aos ouvidos: deste modo, não há nenhuma parte da Tua
Santíssima Cabeça que não sinta as pontadas destes. A Tua dor é tanta que
vacilas sob aquelas mãos cruéis, tremes da cabeça aos pés, entre dores
atrozes e estás prestes a morrer e, com os Teus olhos apagados e repletos de
sangue, olhas-me, com dificuldade, para me pedires ajuda, no meio de tanta
dor!
Meu Jesus, Rei das dores, deixa que Te sustenha e Te estreite ao meu
coração. Gostaria de poder pegar no fogo que Te devora, para reduzir a
cinzas os Teus inimigos e salvar-Te, mas Tu não queres porque as ânsias da
Cruz se tornam mais ardentes e desejas ser imolado sobre Ela, o mais
depressa possível, também pelos Teus próprios inimigos! Mas, enquanto Te
estreito ao meu coração Tu, estreitando-me ao Teu, dizes-me: “Meu filho,
faz-me desabafar o Meu Amor e juntamente coMigo repara por aqueles que fazem
o bem e me desonram. Estes judeus cobrem-Me com as Minhas vestes para Me
desacreditarem, ainda mais, perante o povo, para convencê-lo de que Eu sou
um malfeitor. Aparentemente, a ação de me vestirem era boa, mas em si mesma
era perversa. Ah, quantos fazem boas obras, administram Sacramentos,
recebem-nos com fins humanas e até mesmo perversos; mas o bem, realizado com
maldade, leva à dureza; e Eu quero ser coroado pela segunda vez, com dores
ainda mais atrozes, que da primeira vez, para despedaçar esta dureza e
assim, com os Meus espinhos, atraí-los a Mim. Ah, Meu filho, para Mim, esta
segunda coroação é muito mais dolorosa; sinto a Minha cabeça flutuar dentro
dos espinhos e, a cada movimento que faço ou empurrão que me dão, sofro uma
morte. Assim, reparo a malícia das ofensas, reparo por aqueles que, em
qualquer estado de ânimo que se encontrem, em vez de pensar na sua própria
santificação, se dissipam, rejeitam a Minha Graça voltando a dar-Me espinhos
pungentes; entretanto, sou obrigado a gemer, a chorar, com lágrimas de
sangue, e a suspirar a sua salvação.
Ah, faço de tudo para amá-las e as criaturas fazem de tudo para Me ofender!
Pelo menos, tu não Me deixes sozinho nas Minhas penas e nas Minhas
reparações”.
Jesus abraça a Cruz
Meu martirizado Bem, juntamente conTigo reparo e sofro; mas, vejo que os
Teus inimigos Te precipitam pelas escadas abaixo, enquanto o povo Te espera
com furor e ansiedade; já têm pronta a Cruz que, com tantos suspiros, Tu
procuras e, com amor, a fixas enquanto, com passo firme, Te aproximas dela
para abraçá-la; mas, antes beija-la e um arrepio de alegria percorre a Tua
Santíssima Humanidade, com grande júbilo voltas a olhá-la, medindo o seu
comprimento e a sua largura. Nela estabeleces a medida para todas as
criaturas; o dote necessário para as unires à Divindade com um laço esponsal
e torná-las herdeiras do Reino dos Céus; em seguida, não conseguindo conter
o amor com que as amas, voltas a beijar a Cruz e dizes-lhe: “ Cruz adorada,
finalmente te abraço; eras tu o suspiro do Meu Coração, o martírio do Meu
Amor; mas tu, ó Cruz, tardaste até agora, enquanto os Meus passos se
dirigiam sempre para ti. Cruz Santa, tu eras a meta das Minhas aspirações, a
finalidade da Minha existência aqui na terra; em ti concentro todo o Meu
ser, em ti ponho todos os Meus filhos e tu serás a sua vida, a sua luz, a
defesa, a guarda e a força; tu ajudá-los-ás em tudo e, gloriosos,
conduzi-los-ás ao Céu. Ó Cruz, Cátedra de sabedoria só tu ensinarás a
verdadeira santidade, só tu formarás os heróis, os atletas, os mártires e os
santos. Cruz bela, tu és o meu Trono e, como devo partir da terra, tu
ficarás na Minha vez; dou-te em dote todas as almas; guarda-as, salva-as,
confio-as a ti!”
Assim dizendo, ansioso, fazes com que te coloquem sobre os Teus Santíssimos
ombros. Ah, meu Jesus, para o Teu Amor, a Cruz é muito leve, mas ao peso da
Cruz une-se o das nossas culpas enormes e imensas como a extensão dos céus;
e Tu, meu Bem aflito, sentes-Te esmagado debaixo do peso de tantas culpas; a
Tua alma horroriza-se à vista delas e sente a pena de cada culpa; a Tua
Santidade fica chocada diante de tanta baixeza e por isso, tomando a Cruz
aos ombros, vacilas, afliges-Te e da Tua Santíssima Humanidade brota um suor
mortal. Meu Amor, não sou capaz de Te deixar só, quero que partilhes comigo
o peso da Cruz e, para Te aliviar do peso das culpas, abraço-me aos Teus
pés; em nome de todas as criaturas, quero dar-Te amor por quem não Te ama,
louvores por quem Te despreza, bênçãos, ação de graças e obediência por
todos.
Prometo-Te que, em qualquer ofensa que receberes, quero oferecer-Te todo o
meu ser para Te reparar, fazer o ato oposto às ofensas que as criaturas Te
fazem e consolar-Te com os meus beijos e contínuos atos de amor. Mas, vejo
que sou muito miserável e tenho necessidade de Ti para poder reparar-Te de
verdade: por isso, uno-me à Tua Santíssima Humanidade e, juntamente conTigo,
uno os meus pensamentos aos Teus para reparar os pensamentos perversos, meus
e de todos; uno os meus olhos aos Teus, para reparar os olhares malévolos;
uno a minha boca à Tua, para reparar as blasfêmias e as conversas maldosas;
uno o meu coração ao Teu, para reparar as tendências, os desejos e os afetos
nocivos; numa palavra, quero reparar tudo aquilo que a Tua Santíssima
Humanidade repara, unindo-me à imensidão do Teu Amor por todos e ao imenso
bem que fazes a todos.
Mas, ainda não estou satisfeito; quero unir-me à Tua Divindade e nela fazer
desaparecer este meu nada e assim dar-Te tudo. Dou-Te o Teu Amor para Te
restabelecer das Tuas amarguras; dou-Te o Teu Coração para Te refazer das
nossas friezas, da falta de correspondência, ingratidão e pouco amor por
parte das criaturas. Dou-Te as Tuas harmonias para aliviar o Teu ouvido dos
ensurdecimentos que recebes com as blasfêmias. Dou-Te a Tua Beleza para Te
refazer da fealdade das nossas almas, quando nos manchamos com o pecado.
Dou-Te a Tua Pureza, para Te refazer da falta de retidão de intenção, da
lama e da podridão que vês em tantas almas. Dou-Te a Tua Imensidade para Te
refazer das estreitezas voluntárias nas quais se metem as almas. Dou-Te o
Teu ardor para queimares todos os pecados e todos os corações, a fim de que
todos Te amem e ninguém mais Te ofenda. Enfim, dou-Te tudo aquilo que Tu és
para Te dar satisfação infinita, amor eterno, imenso e infinito.
A via dolorosa para o Calvário
Meu pacientíssimo Jesus, vejo que dás os primeiros passos sob o enorme peso
da Cruz, e eu uno os meus passos aos Teus e quando Tu, debilitado,
derramando sangue e vacilante, estiveres prestes a cair, eu estarei ao teu
lado para Te amparar, colocarei os meus ombros debaixo dela para que
partilhes comigo o seu peso; não me afastes, mas aceita-me como Teu
companheiro fiel. Oh, Jesus, olhas para mim e vejo que reparas por aqueles
que não carregam com resignação a sua própria cruz mas, pelo contrário, se
irritam, se suicidam e cometem homicídios; e Tu imploras para todos amor e
resignação à própria cruz. Mas, a Tua dor é tão grande que Te sentes como
que esmagado debaixo da Cruz. Apenas dás os primeiros passos e logo cais
debaixo dela e, ao caíres, bates nas pedras; os espinhos penetram ainda mais
na Tua cabeça, enquanto todas as chagas se abrem mais e delas jorra mais
sangue; e não tendo forças para Te ergueres, os Teus inimigos, irritados,
procuram levantar-Te com pontapés e empurrões.
Meu Amor caído, deixa que Te ajude a levantar, Te beije, Te enxugue o
sangue e, juntamente conTigo, repare por aqueles que pecam por ignorância,
fragilidade e debilidade; e peço-Te que ajudes estas almas.
Jesus, minha Vida, os Teus inimigos conseguiram pôr-Te de pé fazendo-Te
sofrer dores horríveis e, enquanto caminhas cambaleando, ouço a Tua
respiração ofegante; o Teu Coração bate com mais força e novas penas o
afligem intensamente; abanas a cabeça para sacudir o sangue que Te tapa os
olhos e ansioso olhas à tua volta. Ah, meu Jesus, entendi tudo; [avistas] a
Tua Mãe que, como pomba ferida, Te procura, para Te dizer uma última palavra
e receber um Teu último olhar; e Tu sentes as Suas penas, o Seu Coração
dilacerado dentro do Teu, e enternecido e ferido pelo Seu e pelo Teu amor.
Consegues vê-La, avançando por entre a multidão, porque a todo o custo Te
quer ver, abraçar-Te e dar-Te o último adeus. Mas, Tu ficas mais aflito, ao
ver a sua palidez mortal e todas as Tuas penas reproduzidas n’Ela pela força
do amor; se Ela está viva, é apenas um milagre da Tua Onipotência. Dás
passos em direção aos Seus, mas, com dificuldade conseguis uma troca de
olhares!
Oh, que angústia de Corações de ambas as partes! Os soldados percebem e,
com socos e empurrões, impedem que Mãe e Filho, Vos digais o último adeus. É
tanta a aflição de ambos, que a Tua Mãe fica petrificada pela dor e está
quase a desfalecer; o fiel João e as piedosas mulheres socorrem-Na, enquanto
Tu cais de novo debaixo da Cruz. Então, a Tua Mãe dolorosa, aquilo que não
pode fazer com o corpo, porque é impedida, fá-lo com a alma: entra em Ti,
faz Seu o Querer do Eterno e, associando-se a todas as Tuas penas, faz o Seu
ofício de Mãe: beija-Te, repara-Te, cura-Te e derrama o bálsamo do Seu Amor
doloroso sobre cada uma das Tuas Chagas!
Meu Jesus sofredor, também eu me uno à Tua Mãe trespassada; faço minhas
todas as Tuas penas e em cada gota do Teu Sangue e em cada chaga quero
fazer-Te de mãe e juntamente com Ela e conTigo reparo por todos os encontros
perigosos e por aqueles que se colocam em ocasiões de pecar, ou são forçados
por necessidade a expor-se, ficando enlaçados no pecado.
Entretanto, Tu, caído, sob o peso da Cruz, gemes; os soldados temem que Tu
morras devido a tantos martírios e por causa da perda de tanto Sangue. Desta
vez, não tanto com açoites e pontapés, mas, com dificuldade conseguem
levantar-Te novamente. Assim, reparas as quedas repetidas no pecado, os
pecados graves cometidos por todas as classes de pessoas, suplicas pelos
pecadores obstinados e com lágrimas de sangue choras pela sua conversão.
Meu Amor aflito, enquanto Te acompanho nas reparações, vejo que não Te
aguentas sob o enorme peso da Cruz. Tremes todo da cabeça aos pés; com os
contínuos socos que Te dão, os espinhos enterram-se cada vez mais na Tua
Santíssima Cabeça; por ser tão pesada, a Cruz dilacera os Teus ombros,
formando uma chaga tão profunda que deixa a descoberto os ossos e a cada
passo que dás parece-me que morres e por isso não consegues caminhar mais
para diante. Mas, o Teu Amor, que tudo pode, dá-Te força e, ao sentir que a
Cruz se crava nos Teus ombros, reparas pelos pecados ocultos que, não sendo
reparados, fazem aumentar as Tuas dores atrozes. Meu Jesus, deixa-me colocar
os meus ombros sob a Cruz para Te aliviar e, conTigo, reparar todos os
pecados ocultos.
Mas, os Teus inimigos, com medo que Tu morras debaixo dela, obrigam o
Cireneu a ajudar-Te a carregar a Cruz; e ele ajuda-Te, não por amor, mas à
força, de má vontade e a resmungar. E no Teu Coração ecoam todas as
lamentações de quem sofre, a falta de resignação, as rebeliões, a ira e o
desprezo no sofrimento; mas, ficas muito mais magoado ao veres as almas a Ti
consagradas, que chamas a acompanhar-Te e a ajudar-Te na Tua dor, fogem de
Ti e se Tu as unes a Ti pela dor, ah, elas fogem-Te dos Teus braços para ir
em busca de prazeres, deixando-Te sozinho no sofrimento!
Meu Jesus, enquanto reparo conTigo, rogo-Te que me estreites nos Teus
braços com tanta força, que não haja dor que Tu sofras de que também eu não
participe, para me transformar nelas e para Te consolar pelo abandono de
todas as criaturas. Meu Jesus aflito, caminhas com dificuldade e todo
encurvado; mas, vejo que paras e procuras olhar. Meu Coração, o que
acontece, o que queres? Ah, é a Verônica que, não temendo nada,
corajosamente, enxuga o Teu Rosto todo coberto de sangue, com um pano e Tu
como sinal de gratidão deixa-lo impresso nele.
Meu Jesus generoso, também eu quero enxugar-Te e aliviar-Te, não com um
pano, mas, com todo o meu ser e quero entrar dentro de Ti e dar-Te, ó Jesus,
palpitações por palpitações, respiros por respiros, afetos por afetos,
desejos por desejos; quero mergulhar na Tua Santíssima Inteligência e,
fazendo correr todas estas palpitações, respiros, afetos e desejos na
imensidade da Tua Vontade, quero multiplicá-los ao infinito. Ó meu Jesus,
quero formar ondas de palpitações para fazer com que nenhuma palpitação
perversa se repercuta no Teu Coração e assim curar todas as suas amarguras
interiores; desejo formar ondas de afetos e de desejos, para afastar todos
os afetos e os desejos maus que possam, minimamente, contristar o Teu
Coração; ó meu Jesus, quero, ainda, formar ondas de respirações e de
pensamentos, para afastar qualquer respiro e pensamento que possam, ainda
que minimamente, desagradar-Te. Ó Jesus, estarei bem vigilante, a fim de que
mais nada aflija ou acrescente às Tuas penas internas, outras amarguras. Ó
meu Jesus, faz com que todo o meu interior nade na imensidade do Teu. Assim,
poderei encontrar amor e vontade suficientes para fazer com que no Teu
interior, não entre amor pervertido, nem vontade que possa
desagradar-Te.
Ó meu Jesus, para ter maior certeza, rogo-Te que seles os meus pensamentos
com os Teus, a minha vontade com a Tua, os meus desejos com os Teus, os meus
afetos com os Teus e as minhas palpitações com as Tuas, a fim de que,
selados, não recebam vida a não ser de Ti. Peço-Te, ainda, ó meu Jesus, que
aceites o meu pobre corpo, que quereria fazer em pedaços, por teu amor e
reduzi-lo em minúsculas partículas, para colocá-las sobre cada uma das Tuas
chagas: ó Jesus, naquela chaga que Te causa dor pelas inúmeras blasfêmias,
ponho uma partícula do meu corpo e quero que Te diga sempre: “Bendigo-te”. Ó
Jesus, naquela chaga que Te causa tanta dor pelas inúmeras ingratidões,
quero colocar um pedacinho do meu corpo, para Te atestar a minha gratidão. Ó
Jesus naquela chaga que tanto Te faz sofrer pelas friezas e faltas de amor,
desejo colocar tantos pedacinhos da minha carne, para que Te digam sempre:
“Amo-Te, amo-Te, amo-Te!». Sobre aquela chaga que Te faz sofrer por tantas
irreverências para com a Tua Santíssima Pessoa, quero colocar um pedacinho
de mim mesmo, que Te diga sempre: “Adoro-Te, adoro-Te, adoro-Te! Ó meu
Jesus, desejo difundir-me em tudo e naquelas chagas mais dolorosas causadas
pelo grande número de incredulidades, quero que os pedacinhos do meu corpo
Te digam sempre: “Creio, creio em Ti, ó meu Jesus, meu Deus, e na Tua Santa
Igreja, e desejo dar a minha vida para Te testemunhar a minha Fé!”
Ó meu Jesus, mergulho na imensidade do Teu Querer e, fazendo-O meu, quero
suprir por todos, encerrar as almas de todos na Potência da Tua Santíssima
Vontade. Ó Jesus, ainda me resta o sangue, o qual quero derramar como
bálsamo e lenitivo sobre as Tuas Chagas, para Te aliviar e Te curar
totalmente. Ó Jesus, quero ainda fazer correr os meus pensamentos no coração
de cada pecador, para alertá-lo continuamente, a fim de que não ouse
ofender-Te; e peço-Te, com as vozes do Teu Sangue, para que todos se rendam
às minhas pobres orações: desta forma poderei levá-los ao Teu Coração! Ó meu
Jesus, peço-Te mais uma graça: faz com que em tudo aquilo que vejo, toco e
sinto, eu veja, toque e sinta sempre a Ti; e que a Tua Santíssima Imagem e o
Teu Santíssimo Nome estejam sempre impressos em cada partícula do meu pobre
ser.
Entretanto, os Teus inimigos, ao verem este ato da Verônica, açoitam-Te,
empurram-Te e fazem-Te prosseguir! Mais alguns passos e paras de novo: sob o
peso de tantas penas, o Teu Amor não se detém e, vendo as piedosas mulheres
que choram por causa das Tuas penas, Tu esqueces-Te de Ti mesmo e
consola-as, dizendo-lhes: “Filhas, não choreis pelas Minhas penas, mas pelos
vossos pecados e pelos dos vossos filhos”. Que ensinamento sublime, come é
suave a Tua palavra! Ó Jesus, juntamente conTigo, reparo as faltas de
caridade e peço-Te a graça de me fazeres esquecer de mim mesmo, para que não
me recorde de mais nada senão de Ti.
Mas, os Teus inimigos ouvindo-Te falar, enfurecem-se, puxam-Te pelas
cordas, empurram-Te com tanta raiva, que Te fazem cair, e ao caíres, bates
nas pedras: o peso da Cruz angustia-Te e sentes-Te morrer! Deixa que Te
sustenha e acaricie o Teu Santíssimo Rosto com as minhas mãos. Vejo que
tocas o chão e agonizas no Sangue; mas, os Teus inimigos querendo pôr-Te em
pé, puxam-Te com as cordas, levantam-Te pelos cabelos e dão-Te pontapés, mas
tudo em vão. Tu morres, meu Jesus! Que pena, parte-se-me o coração de dor!
E, quase arrastando-Te, levam-Te para o Monte Calvário. Enquanto Te puxam,
sinto que reparas todas as ofensas das almas consagradas a Ti, que Te causam
tanto peso, que por mais que Te esforces para Te levantares, não consegues!
E assim, arrastado e espezinhado, chegas ao Calvário, deixando, atrás de Ti,
um rasto do Teu precioso Sangue.
Jesus é despojado e coroado de espinhos pela terceira vez
Mas, aqui, esperam-Te novas dores. Despojam-Te novamente e arrancam-Te as
vestes e a coroa de espinhos. Ah, quando Te arrancam os espinhos da cabeça,
Tu gemes; e ao tirarem-Te a veste, juntamente com ela, arrancam também a Tua
carne. As chagas rasgam-se, o Sangue, como um rio, corre por terra, e a dor
é tanta que, quase como morto, Tu cais.
Mas, ninguém se compadece de Ti, ó meu Bem! Antes, pelo contrário, com
fúria brutal colocam-Te de novo a coroa de espinhos, carregando nela com
força, e é tanta a angústia pelas lacerações e pelos puxões que dão aos Teus
cabelos, empastados com o Sangue coagulado, que somente os Anjos poderiam
dizer o que Tu sofres enquanto, horrorizados, desviam os seus olhares
celestes e choram!
Meu Jesus despojado, permite-me que Te estreite ao meu coração para Te
aquecer, porque vejo que tremes e um suor gélido de morte invade a Tua
Santíssima Humanidade. Como gostaria de Te dar a minha vida, o meu sangue
para substituir o Teu, que derramaste para me dar vida!
Entretanto, Jesus olhando-me com o Seu olhar apagado e moribundo, parece
que me diz: “Meu filho, quanto me custam as almas! Este é o lugar onde
espero a todos para os salvar, onde quero reparar os pecados daqueles que
chegam a degradar-se mais do que os animais e se obstinam tanto em
ofender-Me, que chegam a não saber viver sem cometer pecados. A sua razão
fica cega e pecam desenfreadamente; eis a razão pela qual Me coroam de
espinhos pela terceira vez; e ao despirem-Me, reparo por aqueles que se
vestem com vestes de luxo e indecentes, pelos pecados contra a modéstia e
por aqueles que estão tão apegados às riquezas, às honras e aos prazeres,
que fazem de tudo isto um deus para os seus corações.
Ah, sim, cada uma destas ofensas é uma morte que sinto e, se não morro, é
porque o Querer do Meu Pai Eterno ainda não decretou o momento da Minha
Morte!”
Meu despojado Bem, enquanto reparo juntamente conTigo, peço-Te que me
despojes de tudo com as Tuas Santíssimas mãos e não permitas que nenhum
afeto nocivo entre no meu coração; vigia-o, rodeia-o com as Tuas penas e
enche-o com o Teu Amor; a minha vida seja apenas a repetição da Tua, e com a
Tua bênção confirma o meu despojamento; abençoa-me de coração e dá-me a
força para assistir à Tua dolorosa crucifixão, para permanecer crucificado
juntamente conTigo!
Reflexões práticas
Jesus carrega a Cruz. O amor de Jesus pela Cruz e o seu ansioso desejo de
morrer nela para salvar as almas são imensos! E nós amamos o sofrimento como
Jesus? Podemos dizer que as nossas palpitações fazem eco às Suas palpitações
divinas e que também nós pedimos a nossa cruz?!...
Quando sofremos, pomos a intenção de acompanhar Jesus, para aliviar o peso
da Sua Cruz? Como é que O acompanhamos? E nos insultos que recebe, estamos,
sempre, prontos a oferecer-Lhe o nosso pequeno sofrimento para alívio das
Suas penas?
No nosso operar e na oração, e quando sob o peso de penas internas,
sentimos as dificuldades do nosso sofrimento, fazemos voar a nossa pena para
Jesus, para que, como um véu, Lhe enxugue o Seu suor, O alivie, fazendo
nosso o Seu padecimento?
Todos: Ó meu Jesus, chama-me sempre para perto de Ti e faz com que Tu
estejas sempre perto de mim, para que Te conforte sempre com as minhas
penas.