Jesus é lançado do precipício e cai na torrente Cedron
Da 1 às 2 da madrugada

Meu Jesus, estás sozinho! Os Teus olhos puríssimos olham em teu redor,
para ver se ao menos um dos Teus beneficiados Te segue, para Te
assegurar o seu amor e para Te defender; e quando percebes que nem
sequer um Te foi fiel, sentes um aperto no Coração e desatas num pranto
convulsivo. E sentes mais dor pelo abandono dos Teus mais íntimos, que
por aquilo que Te fazem os Teus próprios inimigos. Meu Jesus, não
chores, ou antes, faz com que eu chore, juntamente, conTigo. E o amável
Jesus parece dizer: – “Ah, filho, choremos juntos a sorte de tantas
almas consagradas a Mim, que por pequenas provas e dificuldades da vida,
não se importam coMigo e Me deixam só; por muitas outras tímidas e vis
que, por falta de coragem e de confiança, Me abandonam; por tantos e
tantos que, não encontrando proveito nas coisas santas, não se importam
coMigo; por tantos sacerdotes que pregam, celebram, confessam por amor
do interesse e da própria glória; estes tais manifestam que estão à
Minha volta, mas Eu fico sempre só! Ah, filho, como é duro para Mim este
abandono! Não só Me choram os olhos, mas sangra-Me o coração! Peço-te
que repares a Minha dor lancinante prometendo que nunca Me deixarás
sozinho”.
Sim, ó meu Jesus, prometo-o, ajudado pela Tua Graça e identificando-me
com a Tua Vontade Divina. Mas, ó Jesus, enquanto Tu choras o abandono
dos Teus amados, os inimigos não Te poupam nenhum dos ultrajes que Te
possam fazer; ó meu Bem, acorrentado e apertado como estás, tanto que
por Ti mesmo não podes dar um passo, calcam-Te aos pés, arrastam-Te, por
aqueles caminhos cheios de pedras e de espinhos, de modo que não fazes
nenhum movimento que não Te faça tropeçar nas pedras e picar nos
espinhos. Ah, meu Jesus, vejo que, enquanto Te arrastam, Tu deixas atrás
de Ti o Teu Sangue precioso, os cabelos loiros que Te arrancam da
cabeça! Minha Vida e meu Tudo, permite-me que os recolha, a fim de atar
todos os passos das criaturas, as quais nem sequer de noite Te poupam,
antes, se servem da noite para Te ofender ainda mais: uns em encontros,
outros em prazeres, outros em teatros, outros em fazer furtos
sacrílegos! Meu Jesus, uno-me a Ti para reparar todas estas ofensas.
Mas, ó meu Jesus, já chegamos à corrente Cédron, e os judeus desleais
estão dispostos a lançar-Te dentro, fazem-Te tropeçar, com tanta força,
numa pedra, que se encontra ali, ao ponto de deitares Sangue
preciosíssimo da Tua boca, com o qual a deixas marcada! Depois,
puxando-Te, levam-Te para o fundo daquelas águas inquinadas, de forma
que estas Te entram nos ouvidos, na boca e no nariz. Ó Amor incansável,
Tu ficas inundado e como que coberto daquelas águas podres, nauseantes e
frias, e deste modo representas-me ao vivo o estado lamentável das
criaturas quando cometem o pecado! Oh, como ficam cobertas, por dentro e
por fora, com um manto de imundice, ao ponto de causarem repugnância ao
Céu e a quem quer que as possa ver, atraindo deste modo os raios da
Justiça Divina!
Ó Vida da minha vida, poderá existir amor maior? Para tirar este manto
de sujidade, Tu permites que os inimigos Te lancem nesta corrente e
sofres tudo para reparar os sacrilégios e as friezas das almas que Te
recebem sacrilegamente e que Te obrigam, mais que a corrente, a fazer-Te
entrar nos seus corações, e a fazer-Te sentir toda a náusea delas! Tu
permites ainda que estas águas Te penetrem até aos ossos; tanto que os
inimigos, temendo que ficasses afogado, para Te preservarem para maiores
tormentos, tiram-Te para fora, mas causas tanta repugnância, que eles
próprios sentem nojo em Te tocar.
Meu terno Jesus, já estás fora da corrente. O meu coração não aguenta
ao ver-Te assim molhado por estas águas inquinadas; vejo que Tu tremes
todo da cabeça aos pés por causa do frio; aquilo que não fazes com a
voz, fá-lo com os olhos, olhando à tua volta, para ver se vês alguém que
Te enxugue, Te limpe, e Te aqueça; mas em vão, ninguém tem piedade de
Ti, os inimigos fazem troça de Ti e escarnecem-Te, os Teus
abandonaram-Te, a doce Mãe está longe, porque o Pai assim o permite!
Ó Jesus, eis-me aqui, vem aos meus braços, quero chorar tanto ao ponto
de ter água suficiente para Te lavar, quero limpar e arranjar os Teus
cabelos todos em desalinho, com as minhas mãos. Meu Amor, quero
fechar-Te no meu coração, para Te aquecer com o calor dos meus afetos,
perfumar-Te com os meus desejos santos, reparar todas estas ofensas e
dar a minha vida, juntamente, com a Tua para salvar todas as almas.
Quero oferecer-Te o meu coração como lugar de repouso, para Te refazer,
de qualquer forma, pelas penas sofridas até agora e depois retomaremos
juntos o caminho da Tua Paixão.
Reflexões práticas
Nesta hora, Jesus entregou-se à mercê dos Seus inimigos, os quais
chegaram ao ponto de O lançar na corrente Cédron; mas, o amante Jesus
olha-os a todos com amor, suportando tudo por amor deles.
E nós entregamo-nos à mercê da Vontade de Deus?
Nas nossas fraquezas e quedas, estamos prontos a levantarmo-nos, para
nos lançarmos nos braços de Jesus? O Jesus atormentado foi deitado na
corrente Cédron, experimentando asfixia, náusea e horror. E nós
detestamos qualquer mancha ou sombra de pecado? Nós estamos prontos a
acolher Jesus no nosso coração, para que Ele não sinta a náusea que as
outras almas Lhe causam com o pecado e recompensá-Lo daquela que nós Lhe
causamos tantas vezes?
Meu Jesus atormentado, não me poupes em nada e faz com que possa ser
objeto dos Teus cuidados divinos e amorosos!