Jesus é apresentado a Anás
Das 2 às 3 da
madrugada
J
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Encontras-Te naquele momento em que Anás Te interroga sobre
a Tua doutrina e os Teus discípulos, e Tu, ó Jesus, para defender a glória do
Pai, abres a Tua sacratíssima boca e com voz potente e digna respondes: –
“Falei em público, e todos aqueles que estão aqui Me ouviram”.
Às Tuas palavras tão dignas todos tremeram, mas a
perversidade é tanta que um servo, querendo honrar Anás, aproxima-se de Ti e,
com a mão fechada, dá-Te um soco, mas tão forte que Te faz cambalear e ficar
lívido o Teu Santíssimo Rosto.
Agora compreendo, minha doce Vida, porque é que me
acordastes. Tu tinhas razão; quem é que Te ampararia neste momento no qual
estás para cair? Os Teus inimigos romperam em risadas satânicas, apupos e
palmas, aplaudindo um gesto tão injusto, e Tu cambaleando, não tens a que Te
apoiar. Meu Jesus, abraço-Te, antes, com o meu ser, quero fazer de muro e
ofereço-Te a minha face com coragem, pronto a suportar qualquer pena por teu
amor. Tenho compaixão de Ti por causa deste ultraje e conTigo reparo-Te a
timidez de tantas almas que facilmente perdem a coragem, reparo-Te por todos
aqueles, que por temor, não dizem a verdade, pelas faltas de respeito devidas
aos sacerdotes e pelas murmurações.
Meu Jesus aflito, vejo que Anás Te manda a Caifás; os Teus
inimigos precipitam-Te pelas escadas, e Tu meu Amor, nesta queda tão dolorosa
reparas por aqueles que de noite se precipitam na culpa com o favor das trevas,
e chamas à luz da Fé os hereges e os infiéis.
Também eu Te quero seguir nestas reparações, e, até que
chegues junto de Caifás, mando-Te os meus suspiros para Te defenderem dos Teus
inimigos; e enquanto eu durmo, continua a vigiar-me e a acordar-me sempre que
for preciso. Por isso, dá-me o Teu beijo e a Tua bênção e eu beijo-Te o Coração
e nele continuo o meu sono.
Reflexões práticas
Jesus levado à presença de Anás é interrogado por este sobre
a Sua doutrina e os Seus discípulos; para glorificar o Pai, responde acerca da
Sua doutrina, mas nada diz sobre os Seus discípulos para não faltar à Caridade.
E nós, quando se trata de glorificar o Senhor, somos intrépidos e corajosos, ou
deixamo-nos vencer pelo respeito humano? Devemos dizer sempre a verdade; ainda
que seja diante de pessoas de grande consideração. No nosso falar procuramos
sempre a glória de Deus? Para exaltar a glória de Deus suportamos tudo com
paciência como Jesus? Evitamos sempre falar mal do próximo, e socorremo-lo se
vemos que outros falam?
Jesus vigia o nosso coração, e nós vigiamos o Coração de
Jesus, a fim de que não receba nenhuma ofensa que não seja reparada por nós?
Vigiamo-nos a nós próprios em tudo, a fim de que o nosso pensamento, olhar,
palavra, afeto, palpitação, desejo, sejam como outras tantas sentinelas à volta
de Jesus, para vigiar o Seu Coração e repará-lo de todas as ofensas? E para
poder fazer isto pedimos a Jesus que vigie cada ato nosso e nos ajude Ele
próprio a vigiar o nosso amor? Cada ato que fazemos em Deus é uma Vida divina
que recebemos em nós; e como nós somos limitados, e Deus é imenso, não podemos
fechar um Deus no nosso simples ato, portanto multipliquemo-los quanto pudermos
para poder assim, ao menos, alargar a nossa capacidade de perceber e de amar. E
quando o nosso Jesus nos chama estamos prontos a responder? O chamamento de
Deus pode fazer-se sentir de muitos modos: com as inspirações, leitura de livros
bons, com o exemplo; pode fazer-se sentir sensivelmente com os atrativos da
graça e também com as próprias intempéries do tempo.
Meu doce Jesus, a Tua voz ressoe sempre no meu coração; e
tudo aquilo que me rodeia, dentro e fora de mim, seja a voz, continua que me
chame sempre a amar-Te e a harmonia da Tua voz divina me impeça de sentir
qualquer outra voz humana dissipadora.