Santa Teresa do Menino Jesus: 136 anos da sua Primeira Comunhão
08 de maio (1884-2020) – 136 anos da Primeira Comunhão de
Santa Teresa do Menino Jesus.
“Raiou, enfim, o ‘mais belo de todos os dias’. Quão
inefáveis não são as recordações que na alma me deixaram as mínimas
circunstâncias dessa data do Céu!... A alegre alvorada, os respeitosos e
afetuosos ósculos das mestras e das colegas maiores... O salão nobre, repleto
de tufos cor de neve, com os quais cada criança se via adornada por sua vez...
Acima de tudo, a entrada na Capela e a entoação matinal do lindo cântico: ‘Ó
Santo Altar, que de Anjos sois rodeado!’”
Não quero, contudo, descer a pormenores. Coisas há que
perdem a fragrância, quando expostas ao ar. Existem pensamentos da alma que não
se podem traduzir em linguagem terrena, sem perderem o sentido autêntico e
celestial. São como a “pedrinha branca que se dará ao vencedor, sobre a qual
está escrito um nome, que ninguém CONHECE, senão QUEM a recebe” (Ap 2,17). Ah!
como foi afetuoso o primeiro ósculo de Jesus à minha alma!...
Foi um ósculo de amor. Sentia-me amada, e de minha parte
dizia: “Amo-vos, entrego-me a Vós para sempre”. Não houve pedidos, nem porfias,
nem sacrifícios. Desde muito, Jesus e a pobre Teresinha se tinham olhado e
compreendido. Naquele dia, porém, já não era um olhar, era uma fusão. Já não
eram dois, Teresa desvanecera, como a gota de água que se dilui no bojo do
oceano. Ficava só Jesus, era Ele o Senhor, o Rei. Teresa pedira-lhe tirasse sua
liberdade, pois sua liberdade lhe fazia medo. Sentia-se tão fraca, tão frágil,
que desejava permanecer para sempre unida à Força Divina!... Sua alegria era
grande demais, era profunda demais, para que a pudesse represar. Não tardou em
debulhar-se em deliciosas lágrimas, com grande espanto das colegas que, mais
tarde, diziam entre si: “Por que será que chorou? Sentiria algo que a
acabrunhasse?... Não será, antes, por não ver junto a si a própria mãe ou a
irmã, que é carmelita, a quem tanto ama?” – Não compreendiam que, ao descer a
um coração toda a alegria do Céu, não a pode suportar um coração banido, sem
derramar lágrimas... Oh! não! A ausência de Mamãe não me contristava no dia de
minha Primeira Comunhão. Não estava o Céu dentro de mim, e nele não tinha Mamãe
desde muito tomado lugar? Desta forma, quando recebi a visita de Jesus, recebi
também a de minha querida Mãe, que me abençoava e se regozijava com minha
felicidade...
Não chorava, outrossim, a ausência de Paulina. Sem dúvida
alguma, ficaria contente, se a visse ao meu lado, mas desde muito meu
sacrifício estava aceito. Nessa data, meu coração se encheu só de alegria.
Uni-me a ela, que irrevogavelmente se dava Àquele que tão amorosamente se dava
a mim!”...
(Santa Teresa do Menino Jesus, sobre sua Primeira Comunhão)
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