Na "excessiva misericórdia" de seu Coração, Jesus
prometeu a Santa Margarida Alacoque que quem comungasse durante nove primeiras
sextas-feiras do mês seguidas, receberia a graça da perseverança final.
Descubra, qual a fiabilidade
e o fundamento dessa promessa de Nosso Senhor.
Nosso Senhor, em aparição a Santa Margarida Maria Alacoque,
uma religiosa visitandina que vivia em Paray-le-Monial, no século XVII, fez
doze promessas à humanidade. A décima segunda promessa, conhecida como “a
grande promessa", diz o seguinte: “Eu prometo, na excessiva
misericórdia do meu Coração, que meu amor onipotente concederá a todos os que
comungarem durante nove primeiras-sextas feiras do mês seguidas, a graça da
penitência final; não hão de morrer em pecado e sem receber os sacramentos,
servindo-lhes meu Coração de asilo seguro naquele último momento."
Pode-se confiar nessa prática devocional para alcançar a
salvação? Qual o fundamento para crer nessa promessa?
É claro que, tratando-se de uma revelação privada, essa
devoção não pertence ao depósito da fé [1] e não tem o caráter de
obrigatoriedade. No entanto, o fato de o Magistério da Igreja ter aprovado
repetidas vezes essa revelação torna-a digna de fé e confiança por parte dos
fiéis.
Além disso, uma ligeira investigação teológica nas Sagradas
Escrituras demonstra que a promessa de Nosso Senhor a Santa Margarida está em
perfeita sintonia com o que Ele diz, por exemplo, no Evangelho de São João: “Todos
aqueles que o Pai me dá, virão a mim. E eu nunca rejeitarei aquele que vem a
mim (...). Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o
ressuscitarei no último dia. (...) Quem come deste pão viverá para
sempre." [2]
Há uma ligação entre a Eucaristia e a vida eterna. E não se
pode dizer que isso é, em si, supersticioso, pois não se trata de uma realidade
natural, sobre a qual se poderia supor algum efeito mágico; é, antes, um
sacramento da Igreja, em relação ao qual o próprio Deus estabelece uma
promessa. No entanto, adverte a Igreja, “atribuir só à materialidade das
orações ou aos sinais sacramentais a respectiva eficácia, independentemente das
disposições interiores que exigem, é cair na superstição" [3].
Para evitar que tão bela promessa seja tratada de modo
supersticioso, é importante que se comungue em estado de graça e que se confie
na misericórdia divina, que é o conteúdo da devoção ao Sagrado Coração de
Jesus. A graça da perseverança final, embora não possa ser merecida, é ladeada
por esses sinais.
Portanto, a prática das nove primeiras sextas-feiras do mês
não é uma mágica, mas uma realidade pedagógica, para que os fiéis se habituem a
viver em estado de graça, crescendo na devoção eucarística e na confiança na
misericórdia de Deus. Só assim, orando humilde e confiantemente ao Sagrado
Coração de Jesus, a alma pode alcançar a graça da penitência final.
Referências
- Cf.
Catecismo da Igreja Católica, 67: “No decurso dos séculos tem havido
revelações ditas 'privadas', algumas das quais foram reconhecidas pela
autoridade da Igreja. Todavia, não pertencem ao depósito da fé. O seu
papel não é 'aperfeiçoar' ou 'completar' a Revelação definitiva de Cristo,
mas ajudar a vivê-la mais plenamente (...)."
- Jo
6, 37.54.58
- Catecismo da Igreja Católica, 2111
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