A Ceia Eucarística
Das 8 às 9 da noite
M
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O Lava-Pés
Mas, ó meu Jesus, o Teu Amor parece que não conhece tréguas.
Vejo que fazes sentar de novo os Teus amados discípulos; pegas numa bacia de
água, cinges-Te com uma toalha branca e prostras-Te aos pés dos Apóstolos, num
gesto tão humilde que chama a atenção de todo o Céu fazendo-o ficar estático.
Os próprios Apóstolos permanecem quase imóveis, ao verem-Te prostrado aos seus
pés. Mas, meu Amor, diz-me o que queres? O que pretendes com este ato tão
humilde? Humildade que nunca se viu e nunca se verá!
“Ah, meu filho, quero todas as almas e, prostrado aos
seus pés, como pobre mendigo, peço-lhes, importuno-as e, chorando, maquino
contra elas insídias de amor, para conquistá-las!
Prostrado aos seus pés, com esta bacia de água, misturada
com as Minhas lágrimas, quero lavá-las de qualquer imperfeição e prepará-las
para Me receberem no Sacramento.
Este ato de Me receber na Eucaristia está-Me tanto a
peito, que não quero confiar este ofício aos Anjos e nem sequer à Minha querida
Mãe, mas Eu mesmo quero purificar, até mesmo as suas fibras mais íntimas, para
dispô-las a receber o fruto do Sacramento; e nos Apóstolos tencionava preparar
todas as almas.
Pretendo reparar todas as obras santas vazias de espírito
divino e sem empenho e a administração dos Sacramentos, realizada, sobretudo,
pelos sacerdotes com espírito de soberba. Ah, quantas obras boas Me chegam,
mais para Me desonrar que para Me honrar! Mais para Me amargurar que para Me
satisfazer! Mais para Me matar que para Me dar vida! Estas são as ofensas que
mais Me entristecem. Ah, sim, meu filho, enumera todas as ofensas mais íntimas
que se fazem contra Mim e repara-Me com as Minhas próprias reparações; consola
o Meu Coração amargurado!”
Ó meu Bem aflito, faço minha a Tua Vida e, unido a Ti,
tenciono reparar-Te todas estas ofensas. Desejo entrar no mais íntimo do Teu
Coração Divino e reparar, com o Teu próprio Coração, as ofensas mais íntimas e
secretas que recebes dos Teus mais queridos. Ó meu Jesus, quero seguir-Te em
tudo. Unido a Ti, quero girar por todas as almas, que Te irão receber na
Eucaristia, entrar nos seus corações, colocar as minhas mãos nas Tuas para as
purificar
Ó Jesus, com estas Tuas lágrimas e água, com a qual lavastes
os pés aos Apóstolos, lavemos as almas que Te devem receber, purifiquemos os
seus corações, inflamemo-los, sacudamos a poeira com a qual estão manchados, a
fim de que recebendo-Te, Tu possas encontrar nelas as Tuas complacências em vez
das Tuas amarguras.
Porém, ó meu amoroso Bem, enquanto estás todo absorvido a
lavar os pés dos Apóstolos, olho para Ti e vejo uma outra dor que dilacera o
Teu Santíssimo Coração. Estes Apóstolos representam para Ti todos os futuros
filhos da Igreja e, cada um deles, a série de todos os Teus sofrimentos.
Nalguns as fraquezas, noutros os enganos; neste as hipocrisias, naquele o
amor desmedido aos interesses; em S. Pedro a falta de firmeza e todas as
ofensas dos Chefes da Igreja; em S. João as ofensas daqueles que Te são mais
fiéis; em Judas todos os apóstatas, com toda a série dos males graves que estes
cometem.
Ah, o Teu sofrimento é sufocado pela dor e pelo amor, de tal
modo que, não podendo resistir mais, Te deténs aos pés de cada um dos Apóstolos
e desatas em lágrimas, rezas, reparas, cada uma destas ofensas, e pedes para
todos o remédio necessário.
Meu Jesus, também eu me uno a Ti; faço minhas as Tuas
orações, as Tuas reparações e os Teus remédios necessários para cada alma.
Quero misturar as minhas lágrimas com as Tuas, a fim de que Tu nunca mais
fiques sozinho, mas eu esteja sempre conTigo, para partilhar as Tuas penas.
Mas, ó meu doce Amor, enquanto continuas a lavar os pés aos
Apóstolos, vejo que já estás aos pés de Judas. Ouço a Tua respiração ofegante.
Vejo que não só choras, mas soluças, e enquanto lavas aqueles pés, beija-los,
aperta-los ao Teu Coração e, não podendo falar com a voz, porque sufocada pelo
pranto, olha-lo com os olhos rasos de lágrimas e dizes-lhe com o coração:
“Meu filho, rogo-te com as vozes das lágrimas, não vás
para o Inferno! Dá-Me a tua alma, que ta peço, prostrado aos teus pés. Diz, o
que queres? O que pretendes? Dar-te-ei tudo, contanto que não te percas.
Poupa-Me esta dor, a Mim, que sou teu Deus!”
E voltas a abraçar aqueles pés ao Teu Coração. Mas, vendo a
dureza de Judas, o Teu Coração aperta-se e sufoca-se e estás prestes a desfalecer.
Ó Jesus, minha Vida, permite-me que Te ampare com os meus braços. Compreendo
que estes são os Teus estratagemas amorosos, que usas com cada um dos Teus
pecadores obstinados.
Ó meu Coração, enquanto me compadeço de Ti e Te reparo as
ofensas que recebes das almas, que se obstinam em não querer converter-se,
rogo-Te que, juntos, demos a volta à terra e onde houver pecadores obstinados
lhes demos as Tuas lágrimas, para que se enterneçam, os Teus beijos e os Teus
abraços cheios de amor, para acorrentá-los a Ti, de maneira que não possam
fugir, e assim refazer-Te do sofrimento causado pela perda de Judas.
Instituição da Eucaristia
Meu Jesus, minha alegria e delícia, vejo que o Teu Amor
corre, e corre velozmente. Ergues-Te, desolado como estás, e quase corres para
a mesa, onde estão preparados o pão e o vinho para a Consagração. Meu Coração,
vejo que adquires um aspecto, totalmente novo e inédito: a Tua Pessoa Divina
assume um aspecto terno, amoroso, afetuoso; os Teus olhos cintilam luz, mais
do que se fossem sóis; o Teu rosto está resplandecente; os Teus lábios,
risonhos e ardentes de amor; as Tuas mãos criadoras colocam-se em atitude de
criar. Vejo-Te totalmente transformado; a Divindade parece transbordar para
fora da Humanidade.
Jesus, meu Coração e minha Vida, este teu aspecto, nunca
visto, chama a atenção de todos os Apóstolos; eles estão arrebatados por um
doce encanto e nem sequer ousam abrir a boca. A doce Mãe corre em espírito,
junto da mesa, para admirar os portentos do Teu Amor. Os Anjos descem dos céus
e perguntam-se uns aos outros: “O que é? O que é? São autênticas
loucuras, verdadeiros excessos! Um Deus que cria, não o céu e a terra, mas a Si
mesmo. E onde? Dentro da matéria vilíssima de um pouco de pão e de vinho”.
Mas, enquanto todos estão ao teu redor, ó Amor insaciável,
vejo que tomas o pão nas Tuas mãos, o ofereces ao Pai e ouço a Tua voz
dulcíssima que diz:
“Pai Santo, graças Te sejam dadas, a Ti que sempre
atendes o Teu Filho. Pai Santo, coopera coMigo. Tu, um dia, mandaste-Me do Céu
à terra para Me encarnar no seio da Minha Mãe, para vir a salvar os Nossos
filhos; agora, permite-Me que Me encarne em cada Hóstia, para continuar a sua
salvação e ser Vida de cada um dos Meus filhos. Vês, ó Pai? São poucas as horas
que Me restam da Minha Vida: não tenho coração para deixar os Meus filhos
órfãos e sozinhos? Os seus inimigos são muitos: as trevas, as paixões, as
fraquezas a que estão sujeitos. Quem os ajudará? Suplico-Te, que Eu permaneça
em cada Hóstia, para ser a Vida de cada um e assim colocar em fuga os inimigos
e ser para eles Luz, Fortaleza e Auxílio em tudo. De outra forma, para onde
irão? Quem os ajudará? As Nossas obras são eternas, o Meu Amor é irresistível:
não posso, nem quero abandonar os Meus filhos”.
O Pai enternece-se com a voz suave e afetuosa do Filho.
Desce do Céu; já está junto da mesa, unido ao Espírito Santo, para cooperar com
o Filho. E com voz sonora e comovedora, Jesus pronuncia as palavras da
Consagração e, sem se deixar a Si mesmo, cria-se a Si próprio no Pão e no
Vinho.
Depois, dás a Comunhão aos Teus Apóstolos; e julgo que a
nossa Mãe Celeste não ficou sem Te receber. Ah, Jesus, os céus inclinam-se e
todos Te enviam um ato de adoração no Teu novo estado de profundo
aniquilamento.
Mas, ó amável Jesus, enquanto o Teu Amor fica saciado e
satisfeito, e não havendo mais nada a fazer, vejo sobre este altar Hóstias que
se perpetuarão até ao fim dos séculos; e em cada Hóstia está, em ordem de
combate, toda a Tua dolorosa Paixão, porque as Tuas criaturas, aos excessos do
Teu Amor, preparam-Te excessos de ingratidão e de crimes enormes. E eu, Coração
do meu coração, quero estar sempre conTigo, em cada Tabernáculo, em todas as
píxides e em cada Hóstia Consagrada, que se encontrará até ao fim do mundo, para
emitir os meus atos de reparação, conforme às ofensas que recebes.
Ó Jesus, contemplo-Te na Hóstia Santa e, como se Te visse na
tua adorável Pessoa, beijo a Tua fronte majestosa mas, ao beijar-Te, sinto as
pontadas dos Teus espinhos. Nesta Hóstia Santa quantas criaturas não Te dão
espinhos: elas apresentam-se diante de Ti e, em vez de Te prestarem a homenagem
dos seus bons pensamentos, enviam-Te os seus maus pensamentos e Tu novamente
abaixas a cabeça como fizeste na Paixão, e recebes e toleras os espinhos
daqueles pensamentos perversos. Ó meu Jesus, aproximo-me de Ti para partilhar
as Tuas penas; coloco todos os meus pensamentos na Tua mente, para afastar
estes espinhos que tanto Te ferem, e cada um dos meus pensamentos percorra cada
um dos Teus pensamentos, para Te fazer um ato de reparação por todos os
pensamentos maus, e assim consolar a Tua mente tão cheia de tristeza.
Jesus, meu Bem, beijo os Teus belos olhos: vejo o Teu olhar
amoroso, voltado para aqueles que vêm à Tua presença, ansioso por receber a
retribuição dos seus olhares de amor. Mas, quantos vêm à Tua presença, e em vez
de Te olharem e de Te procurarem a Ti, olham coisas que os distraem e assim Te
privam do gosto que sentes na permuta de olhares de amor! Tu choras e eu,
beijando-Te, sinto os meus lábios banhados pelas Tuas lágrimas. Meu Jesus, não
chores, quero colocar os meus olhos nos Teus para partilhar conTigo estas Tuas
dores e chorar conTigo; e querendo reparar todos os olhares distraídos das
criaturas, ofereço-Te os meus olhares sempre fixos em Ti.
Jesus, meu Amor, beijo os Teus Santíssimos Ouvidos; vejo-Te
absorvido a ouvir aquilo que as criaturas querem de Ti, para consolá-las.
Porém, estas fazem chegar, aos Teus ouvidos, preces mal recitadas, cheias de
desconfiança, orações feitas por hábito; e o Teu ouvido, nesta Hóstia Sagrada,
é mais incomodado do que na Tua própria Paixão. Ó meu Jesus, quero tomar todas
as harmonias do Céu e colocá-las nos Teus ouvidos, para reparar-Te, e desejo
pôr os meus ouvidos nos Teus, não só para partilhar estas Tuas dores, mas para
Te oferecer o meu contínuo ato de reparação e consolar-Te.
Jesus, minha Vida, beijo o Teu Santíssimo Rosto; vejo-o
ensanguentado, lívido e inchado. Ó Jesus, as criaturas vêm à presença desta
Hóstia Santa e, com as suas posições indecentes e os seus discursos maldosos,
em vez de Te darem honra, parece que Te mandam bofetões e escarros. E Tu, como
na Paixão, com toda a paz e paciência, recebe-las e suportas tudo! Ó Jesus,
quero colocar o meu rosto perto do Teu, não só para Te beijar e receber os
insultos que Te chegam das Tuas criaturas, mas para partilhar conTigo todas as
Tuas dores; e com as minhas mãos desejo acariciar-Te, limpar-Te os escarros e
apertar-Te com força ao meu coração; e do meu ser fazer inúmeros pedacinhos e
colocá-los na Tua presença, como tantas almas que Te adoram, e fazer de todos
os meus movimentos, contínuas prostrações para Te reparar das desonras que
recebes de todas as criaturas.
Meu Jesus, beijo a Tua Santíssima Boca; vejo que quando vens
Sacramentado ao coração das Tuas criaturas, és obrigado a pousar em muitas
línguas mordazes, impuras e maldosas. Oh, como ficas amargurado! Sentes-Te como
que envenenar por estas línguas e pior ainda, quando desces aos seus corações!
Ó Jesus, se fosse possível, quereria encontrar-me na boca de cada criatura,
para mudar em louvores todas as ofensas que recebes delas!
Meu Bem afadigado, beijo a Tua Santíssima Cabeça. Vejo-a
cansada, esgotada e totalmente ocupada com o Teu trabalho de amor: “Diz-me,
o que fazes?”.
E Tu: “Meu filho, nesta Hóstia trabalho desde manhã
até à noite, formando correntes de amor; e quando as almas vêm a Mim, Eu
acorrento-as ao Meu coração; mas tu sabes o que é que elas Me fazem? Muitas,
esforçando-se, desprendem-se e despedaçam as Minhas correntes amorosas; e como
estas correntes estão ligadas ao Meu Coração, Eu sou torturado e entro em
delírio. Depois, elas ao quebrarem as Minhas correntes, desvirtuam o Meu
trabalho, procurando as correntes das criaturas; e isto fazem-no mesmo na Minha
presença, servindo-se de Mim para alcançar os seus fins. Isto entristece-Me
muito, despertando em Mim uma “febre” violenta ao ponto de me fazer desfalecer
e delirar”.
Ó Jesus, quanta compaixão tenho de Ti! O Teu Amor enfrenta
dificuldades e eu, para Te aliviar das ofensas que recebes destas almas,
peço-Te que prendas o meu coração com as correntes que elas quebraram, para Te
poder dar a minha retribuição de amor.
Meu Jesus, meu Flecheiro Divino, beijo o Teu Peito. O fogo
que ele contém é tal e tanto que para dar um pouco de alívio às Tuas chamas, e
fazeres uma breve pausa no Teu trabalho, começas a brincar com as almas que vêm
a Ti, lançando contra elas as setas de amor que saem do Teu peito. O teu jogo,
consiste em formar flechas, dardos e setas; e quando elas atingem as almas, Tu
fazes festa. Mas muitas, ó Jesus, rejeitam-nas, enviando-Te em contrapartida
flechas de friezas, dardos de tibieza e setas de ingratidão; e Tu ficas tão
aflito ao ponto de chorares amargamente! Ó Jesus, eis o meu peito pronto a
receber não só as tuas flechas destinadas a mim, mas também aquelas que as
outras almas rejeitam; e assim, já não serás derrotado no teu jogo de amor.
Assim, repararei também as friezas, tibiezas e ingratidões que recebes delas.
Ó Jesus, beijo a Tua Mão esquerda e tenho a intenção de
reparar todos os toques ilícitos ou reprováveis que são feitos na Tua presença;
e suplico-Te que me tenhas sempre apertado ao Teu Coração!
Ó Jesus, beijo a Tua Mão direita, e tenho a intenção de
reparar todos os sacrilégios, de modo particular as Missas mal celebradas!
Quantas vezes, meu Amor, Tu és obrigado a descer do Céu em mãos e peitos
indignos, e embora sintas náusea ao encontrar-Te naquelas mãos, o amor força-Te
a permanecer ali; aliás, em alguns dos Teus Ministros, Tu encontras os renovadores
da Tua Paixão, que com os seus enormes crimes e sacrilégios renovam o Deicídio! Jesus, tenho medo de pensar nisto! Mas, infelizmente, assim como na Paixão
estavas nas mãos dos Judeus, Tu estás agora naquelas mãos indignas como um
manso cordeirinho, esperando de novo a Tua Morte e também a sua conversão. Ó
Jesus, quanto sofres! Tu quererias uma mão amante para Te libertar daquelas
mãos sanguinárias. Ó Jesus, quando Te encontrares em tais mãos, peço-Te que me
chames para perto de Ti e, para Te reparar, cobrir-Te-ei com a pureza dos
Anjos, perfumar-Te-ei com as Tuas virtudes, para diminuir a náusea que sentes
ao encontrares-Te naquelas mãos, e oferecer-Te-ei o meu coração como salvação e
refúgio. Enquanto estiveres em mim, rezar-Te-ei pelos Sacerdotes, a fim de que
todos sejam teus Ministros dignos. Assim seja.
Ó Jesus, beijo o Teu Pé esquerdo e quero reparar-Te por
aqueles que Te recebem por hábito e sem as devidas disposições.
Ó Jesus, beijo o Teu Pé direito e desejo reparar por aqueles
que Te recebem para Te ultrajar. Quando ousarem fazer isto, imploro-Te que renoves
o milagre que operaste em Longino; e assim como o curaste e o converteste com o
toque do Sangue, que jorrou do Teu Coração trespassado pela sua lança, assim
também, com o Teu toque Sacramental, convertas as ofensas em amor e os
agressores em amantes!
Ó Jesus, beijo o Teu dulcíssimo Coração, no qual são
derramadas todas as ofensas, e eu tenho a intenção de Te reparar de tudo, para
Te dar, por todos, uma retribuição de amor, e, sempre contigo, partilhar as
Tuas penas!
Ó Flecheiro Celeste, se alguma ofensa escapa à minha
reparação, peço-Te que me aprisiones no Teu Coração e na Tua Vontade, a fim de
que eu repare tudo. Pedirei à Mãe para eu estar sempre com Ela, a fim de que eu
possa reparar tudo e por todos; beijar-Te-emos juntas e, reparando-Te, afastaremos
de Ti as ondas de amarguras que recebes das criaturas. Ó Jesus, recorda-Te que
também eu sou uma pobre alma pecadora, encerra-me no Teu Coração e, com as
correntes do Teu Amor, não me prendas apenas, mas acorrenta um a um os
meus pensamentos, os afetos e os desejos; ata as minhas mãos e os meus pés ao
Teu Coração, para que eu não tenha outras mãos senão as Tuas nem outros pés
senão os Teus!
Assim, meu Amor, o meu cárcere será o Teu Coração, as minhas
correntes serão formadas pelo amor, as Tuas chamas serão o meu alimento; a Tua
respiração será a minha, os portões que me impedirão de sair será a Tua
Santíssima Vontade; e assim, só tocarei fogo, não verei mais nada senão chamas
que, enquanto me darão vida, me darão morte como aquela que Tu padeces na Sagrada
Hóstia. Dar-Te-ei a minha vida e assim, enquanto eu ficarei na prisão, Tu
ficarás livre em mim. Acaso não é esta a Tua intenção, ao ficares prisioneiro
na Hóstia, para seres posto em liberdade pelas almas que Te recebem, adquirindo
Vida nelas? E agora, em sinal de amor, abençoa-me, dá-me o místico ósculo de
Amor à minha alma, enquanto eu Te abraço e permaneço unido a Ti.
Ó meu amável Coração, vejo que, depois de teres instituído o
Santíssimo Sacramento e de teres visto a enorme ingratidão e as ofensas das
criaturas, aos excessos do Teu Amor, ainda que fiques ferido e amargurado, não
recuas e, pelo contrário, queres afogar tudo na imensidão do Teu Amor.
Ó Jesus, vejo que Tu próprio Te dás aos Teus Apóstolos e
depois acrescentas que aquilo que fizeste Tu, também eles o devem fazer,
dando-lhes o poder de consagrar, e por isso ordena-los Sacerdotes e instituis
outros Sacramentos. De modo que, pensas em tudo e tudo reparas; as pregações
mal feitas, os Sacramentos administrados e recebidos sem disposições e portanto
sem efeitos, as vocações erradas dos Sacerdotes, tanto da parte deles como de
quem os ordena, sem recorrer a todos os meios, para conhecer as vocações
verdadeiras. Ah, ó Jesus, nada Te passa despercebido, e eu quero seguir-Te e
reparar-Te todas estas ofensas.
Então, depois que cumpriste tudo, tomas conTigo os Teus
Apóstolos e encaminhas-Te para o Horto do Getsêmani, para dares início à Tua
dolorosa Paixão. Seguir-Te-ei em tudo, para ser a tua companhia fiel.
Reflexões práticas
Jesus está escondido na Hóstia para dar Vida a todos; no
Seu escondimento, abraça todos os séculos e ilumina a todos. Assim também nós,
ocultando-nos n’Ele, com as nossas orações e reparações daremos luz e vida a
todos, e até mesmo aos próprios heréticos e infiéis, porque Jesus não exclui
ninguém.
O que fazer neste escondimento? Para nos tornarmos
semelhantes a Jesus Cristo, devemos esconder tudo n’Ele, isto é pensamentos,
olhares, palavras, palpitações, afetos, desejos, passos e obras, e até mesmo as
nossas próprias preces ocultemo-las nas orações de Jesus. E assim, como o amado
Jesus na Eucaristia abraça todos os séculos, também nós os abraçaremos com Ele,
unidos a Ele seremos pensamento de cada mente, palavra de cada língua, desejo
de todos os corações, passo de todos os pés, obra de cada braço. Assim fazendo,
afastaremos do Coração de Jesus o mal que desejariam fazer-Lhe todas as
criaturas; procurando substituir todo este mal com todo o bem, que nos for
possível fazer; e desta forma, levar Jesus a dar salvação, santidade e amor a
todas as almas.
A nossa vida, para corresponder àquela de
Jesus, deve ser totalmente conformada à Sua. Com a intenção, a alma deve
encontrar-se em todos os Sacrários do mundo, para Lhe fazer companhia
permanente, e dar-Lhe alívio e reparação contínua, e com esta intenção fazer
todas as ações do dia. O primeiro sacrário está em nós, no nosso coração;
portanto, é necessário prestar muita atenção a tudo aquilo que o bom Jesus quer
fazer em nós. Muitas vezes, Jesus, estando no nosso coração, faz-nos sentir a
necessidade da oração. Ah, é Jesus que deseja rezar e nos quer com Ele, quase
que identificando-se, com a nossa voz, com os nossos afetos e com todo o nosso
coração, para fazer com que a nossa oração seja uma só com a Sua! E assim, para
honrarmos a oração de Jesus, estaremos atentos a emprestar-Lhe todo o nosso
ser, de modo que o amado Jesus eleve aos Céus a Sua oração, para falar com o
Pai e renovar no mundo os efeitos da Sua própria oração.
É necessário que estejamos atentos a todos os nossos
impulsos interiores, porque o bom Jesus ora nos faz sofrer, ora nos quer a
rezar, ora nos coloca num estado de ânimo, ora noutro, para poder repetir em
nós a Sua própria Vida.
Suponhamos que Jesus nos coloca na ocasião de exercitar a
paciência. Ele recebe tantas ofensas das criaturas, que se sente impelido a
deitar mão dos flagelos, para ferir as criaturas; e eis que, a nós nos dá a
ocasião de exercitar a paciência, e nós devemos prestar-Lhe honras, suportando
tudo com paz, como o suporta Jesus; e a nossa paciência arrancar-Lhe-á das mãos
os flagelos, que as outras criaturas provocam, porque em nós, Ele exercitará a
Sua própria Paciência Divina. E como a paciência, assim também todas as outras
virtudes. No Sacramento, o amado Jesus exerce todas as virtudes e d’Ele
auriremos a fortaleza, a mansidão, a paciência, a tolerância, a humildade e a
obediência
O bom Jesus dá-nos o Seu Corpo como alimento, e nós
dar-Lhe-emos como alimento o amor, a vontade, os desejos, os pensamentos e os afetos;
assim, competiremos com o Amor de Jesus. Nada faremos entrar em nós, que não
seja Ele, de modo que tudo o que fizermos deve servir como alimento ao nosso
amado Jesus. O nosso pensamento deve alimentar o Pensamento divino, ou seja,
pensar que Jesus está escondido em nós e quer o alimento do nosso pensamento;
assim, pensando santamente, alimentamos o Pensamento divino; a palavra, as
palpitações, os afetos, os desejos, os passos e as obras, tudo deve servir como
alimento a Jesus; devemos ter a intenção de alimentar em Jesus, as criaturas.
Ó meu amável Amor, Tu nesta hora transubstanciaste-Te, a Ti
próprio, no pão e no vinho. Ó Jesus, faz com que tudo o que digo e faço seja
uma contínua consagração de Ti, em mim e nas almas.
Minha doce Vida, quando vens a mim, faz com que cada minha
palpitação, desejo, afeto, pensamento e palavras possam sentir o poder da
Consagração Sacramental, de maneira que, consagrando todo o meu pequeno ser, me
transforme em muitas hóstias para Te dar às almas.
Ó Jesus, meu doce Amor, que eu seja a tua pequena hóstia
para Te poder encerrar a Ti próprio, em mim, como Hóstia viva.
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